domingo, 26 de agosto de 2018

Análise não-verbal: Figurinista Su Tomani falando sobre o assédio que sofreu e o porquê de não ter denunciado. OAB-RJ


A ex-figurinista da Rede Globo, Su Tonani, foi assediada em fevereiro de 2017 pelo ator José Mayer. Logo esse assédio ganhou a mídia causando a demissão do ator, da emissora. José Mayer, na ocasião divulgou uma nota aonde confirma o assédio e se justifica.
A ex-figurinista não tinha vindo à mídia para falar sobre o ocorrido, até que no dia 14 de agosto de 2018, Su Tonani foi convidada a palestrar na OAB do Rio de Janeiro aonde, pela primeira vez, pode falar sobre o assédio que sofreu. Nessa mesma ocasião perguntas foram feitas relacionadas à esse ocorrido.
Essa palestra contou com outras palestrantes como: Flávia Pinto Ribeiro, advogada e secretária da Comissão da Verdade da Escravidão Negra da OAB/RJ (Cevenb); Alessandra Wanderley, advogada e coordenadora de Prerrogativas no Âmbito Militar na Comissão de Prerrogativas da OAB/RJ; Gabriela Moreira, repórter da ESPN (da campanha Deixa Ela Trabalhar).

Vamos à análise [parcial]:

A jornalista pergunta se a figurinista se sentiu pressionada, ou alguma coisa a fez, não ir adiante na denúncia e complementa perguntando como o mercado a recebeu depois dela não ter ido adiante.

Em 0:49 a 0:52, Su Tonani responde que não foi prejudicada profissionalmente. Sua linguagem corporal é incongruente, pois no final dessa afirmativa ela sinaliza sim com a cabeça. Quando existe uma disparidade entre a linguagem verbal e a não-verbal, devemos sempre nos inclinar para a linguagem não-verbal

Em 0:56, Su Tonani continua: "Se algum momento eu pensei em entrar com um processo e ir pras vias jurídicas... jurídica... eu fui extremamente inibida por um delegado que me perseguiu logo após a minha denúncia, e me intimou cinco vezes no meu....no meu... endereço residencial com dois policiais querendo me forçar a depor na delegacia dele..."
Enquanto fala, "jurídicas" sua voz fica trêmula e realiza um gesto descoordenado com os braços.
Esse conjunto significa nervosismo e ansiedade ao tratar do tema ou da possibilidade de entrar na justiça contra José Mayer.

Ao falar que foi inibida por um delegado, em 1:08, ela realiza um gesto de distanciamento com a cabeça junto com um assentimento mecânico. Esse conjunto gestual indica um desejo de se afastar do delegado e uma tentativa de convencimento, que pode ser em relação a inibição.
A palavra "inibição" significa "desencorajar", "ficar impedida". Se analisarmos esse discurso, vamos perceber que o uso dessa palavra não tem um sentido lógico, isso porque, o desejo do delegado ao intimá-la é inversamente proporcional ao ato de inibi-la.
Quebra do sentido lógico é sinal de omissão ou dissimulação

Em 1:12, ao falar que foi intimada cinco vezes ela olha horizontalmente para a esquerda. De acordo com a PNL (Programação Neuro-Linguística) o direcionamento do olhar para esse sentido pode indicar um estímulo auditivo lembrado pelo agente. Pode ser uma fala, um grito, etc.

Ao verbalizar que foram "cinco vezes" ela realiza um gesto de inclinar a cabeça para a esquerda. Esse gesto chamado de "Head Tilt" podendo estar ligado à incerteza por ser um gesto incomum nesse contexto. Em sua face podemos notar uma expressão de nojo pelo levantamento do lábio superior.
Desse conjunto gestual podemos concluir que houve intimação, mas há incerteza quanto à quantidade.
Uma coisa interessante de comentarmos é que a emoção de nojo nos causa repulsa, e essa repulsa, repugnância faz com que nos afastamos do objeto que nos causa essa emoção; esse afastamento pode se dar com a cabeça e/ou com o corpo. Nesse caso, podemos observar que a figurinista ao emitir o nojo não se afasta. Não existe uma inclinação para trás.
Podemos concluir que o nojo não é sentido como Su Tonani deseja demonstrar.

Logo depois em 1:15 o direcionamento do olhar muda para o sentido horizontal à direita. Nesse caso, esse movimento indica um estímulo auditivo que está sendo criado pela figurinista. Podemos reparar também que há um aumento das pálpebras superiores indicando uma expressão de medo.
Ela pode ter criado, por exemplo, alguma fala do delegado ou de outra pessoa.

Em 1:16 a 1:18 ao falar que as intimações se deram em seu endereço residencial, a figurinista Su Tonani gagueja e realiza pausas desnecessárias. Indica nervosismo e tensão. Nesse contexto, existe uma probabilidade de incerteza por parte da figurinista. Essa incerteza está ligada diretamente a incerteza quanto todas as cinco intimações terem acontecido em seu apartamento.
Lembrando que não exclui a possibilidade de terem havido menos de cinco intimações. A incerteza é pontual em relação às cinco.

Ao final da afirmação ela direciona seu olhar para cima e esquerda. Esse movimento ocular está ligado à uma lembrança visual. Essa lembrança pode ser do que ela presenciou.
Podemos notar que novamente há um aumento das pálpebras superiores, indicando a emoção de medo.

Em 1:19 - 1:20, logo depois de acessar a uma lembrança visual, a figurinista fala que tinham dois policiais.
Ela pressiona os olhos, havendo o estreitamento da abertura das pálpebras; e logo em seguida, inclina a cabeça e o corpo para a esquerda e simultaneamente com um assentimento com a cabeça.
Essa pressão no olhos pode indicar necessidade de avaliação (Alexandre Monteiro), foco interno, esforço cognitivo (Luiz Júnior - especialista em PNL). Indica a necessidade de complementar alguma memória, ou enxergar melhor a situação
Os movimentos de inclinação com a cabeça e com o corpo, nesse caso, nos indicam um estado emocional alfa, assertividade, confiança.
A união desses itens demonstra que de fato existiram dois policiais, mas não necessariamente estavam presentes na mesma cena.

Em 1:21 ao falar que o delegado queria forçá-la a depor na delegacia dele, o olhar se direciona horizontalmente para a direita, indicando novamente que a agente está criando um estímulo auditivo, e não lembrando de um.
Há um aumento das pálpebras superiores indicando uma expressão de medo.
Podemos concluir deste trecho que a agente está criando auditivamente um estímulo dela sendo forçada a depor, mas a intimação para que ela depusesse pode ter lhe causado medo.

Durante a palavra "forçar" ela realiza um gesto de fechar os olhos e elevar as sobrancelhas. Esse movimento é considerado atípico, pelo fato de que as ações são realizadas em sentidos opostos.
O gesto de fechar os olhos é feito para baixo (as pálpebras se fecham) e o gesto de erguer as sobrancelhas é feito para cima.
Esse gesto por ter movimentos com direcionamentos divergentes não é natural de ser realizado, significa condescendência, arrogância. Pode existir incerteza no gesto pela divergência e falta de naturalidade no direcionamento dos movimentos dos olhos e das sobrancelhas.

A partir de 1:25, Su Tonani fala: "Eu tive que ir até a... Defensoria pública que emitiu um ofício dizendo que caso eu fosse entrar com uma ação eu iria até uma Delegacia da Mulher para poder fazer isso".
Há congruência entre o verbal e o não-verbal e há uma pausa desnecessária, que nesse caso, se dá pelo fato de não ter lembrado imediatamente o nome do órgão público.
Esse fato, realmente ocorreu.

Em 1:39 ao dizer que o delegado, imediatamente jogou esse ofício na mídia, ela gesticula de forma descoordenada com a mão direita. Isso mostra nervoso e tensão devido a liberação de hormônios como o cortisol e adrenalina na corrente sanguínea
Ela se refere ao delegado como "esse cara". Essa substituição é chamada, pela análise do discurso de "linguagem de distanciamento". Há um desejo de se afastar da figura do delegado por não gostar, não concordar ou não aceitar atos realizados por ele. A "linguagem de distanciamento" também é usada quando queremos omitir informações ou quando estamos à mentir

Em 1:46 a figurinista Su Tonani fala que "esse cara" (o delegado) ficou distorcendo, distorcendo, distorcendo, e mudando o foco.
Ao verbalizar a palavra "distorcendo" podemos notar que ela eleva o ombro direito. Esse gesto chamado de "Shoulder Shrug" indica incerteza no que está dizendo devido a um conflito cognitivo entre o que sabe que é verdade e o que está sendo verbalizado. A repetição da palavra confirma essa incerteza e há um desejo de convencimento por repetição.

Em 2:05 ao falar "judiciário machista" ela realiza um gesto mais contundente com a cabeça. Esse gesto é descoordenado e em ritmo diferente da fala. Entendemos isso como uma incongruência entre a paralinguagem e a linguagem do corpo.
Nesse momento podem ter ocorrido três coisas:
1) Ela tá usando de "generalização". De acordo com a PNL a "generalização" ocorre quando uma experiência específica ou o que se acredita, passa a representar todas as experiências a que pertence. Nesse caso, temos que perguntar: "Baseado em que ela afirma que o judiciário é machista?". Teoricamente ela só descobriria se o judiciário é machista se o acionasse;
2) Ela pode estar vivenciando um auto-engano. Sabe que nem todo judiciário é machista, mas se força a acreditar nisso, mesmo sem acreditar de fato.
3) Ela está sendo desonesta com o que realmente acredita e quer passar a ideia de que o judiciário é machista.

Em 2:21, Su Tonani diz: "Acho que é muito difícil pra mim foi... assim, né?... tomar a decisão de... para... para ir a público... foi o que eu na época julguei que seria... melhor socialmente falando..."
Existe mudança de tempos verbais; uso da palavra "acho" e "né?" (por si só, indicam dúvida); pausas desnecessárias. Esses três elementos indicam que o discurso possui omissões.
Ela não deixa claro o motivo de ser difícil e prefere omiti-lo.

Ainda durante o discurso, em 2:26 ela realiza um gesto pacificador na mesa como se ela tivesse catando alguma sujeita, ou algum pelo na mesa. Nesse momento ela está experimentando um momento de ansiedade e deseja se acalmar.



Em 2:37, a figurinista Su Tonani diz: "Uma pessoa famosa talvez ela merecia um julgamento público"
O uso da palavra "talvez" indica dúvida em relação a esse merecimento.
Ao falar "julgamento público", em 2:40, a figurinista movimenta a cabeça para a esquerda enquanto gesticula para a direita (foto acima). Esse movimento inverso no sentido do movimento corporal indica dúvida, incerteza.
Podemos notar que seu tom de voz fica mais agudo. Esse aumento do "pitch" vocal indica ansiedade, e como existem gesto ligados à incerteza. Essa voz mais aguda acaba por confirmar a incerteza.

Em 2:45, após terminar o seu discurso e a plateia responder com palmas, Su Tonani abaixa a cabeça, aumenta o contato ocular com a plateia e realiza um sorriso com um misto de satisfação e desprezo.
O aumento do contato ocular é chamado por Aldert Vrij de "Deliberate Gaze". Ele é projetado quando o agente quer aprovação para o que acabou de falar.
O sorriso de desprezo com satisfação é chamado por Paul Ekman de "Duping Delight", ele ocorre quando o agente percebe que foi bem sucedido no que acabou de dizer ou manipular.


Aos 2:46, a figurinista realiza uma piscada com um olho só (olho direito). De acordo com o antropólogo Desmond Morris, esse gesto significa conluio, conivência. Nesse contexto, a figurinista Su Tonani está recebendo um feedback positivo pelos aplausos recebidos. É um recurso para criar conexão com a audiência.
Podemos notar que existe um sorriso unilateral pela contração do bucinador em seu lado direito, indicando desprezo.

SUMÁRIO: O discurso da figurinista Su Tonani apresenta congruências e incongruências.
A figurinista não é honesta ao dizer que não foi prejudicada profissionalmente pelo acontecido. O prejuízo profissional aconteceu.
De fato ela foi intimada por um delegado através de um agente policial, mas em nenhum momento esse fato foi o motivo decisivo para que ela não denunciasse o ator juridicamente. Existem omissões em relação ao real motivo.
Ao final do vídeo ela confirma as omissões e incongruências através do "Duping Delight" e do "Deliberate Gaze".
Há uma alta possibilidade de que a figurinista esteja em um auto-engano em relação a "inibição" do delegado e ao fato deste "forçar" sua denúncia.
Não podemos deixar de salientar que a figurinista Su Tonani foi, de fato, assediada em seu local de trabalho.
Assédio é crime e os assediadores devem ser denunciados!

quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Análise não-verbal: Ex-jornalista do SBT e o pedido de desculpas


A atual ex-jornalista do SBT, Melissa Munhoz, em abril de 2018 se envolveu em um desentendimento acalorado com um guarda-municipal na cidade do Rio de Janeiro.
Enquanto a jornalista estava gravando uma matéria para a emissora paulista, o automóvel que transportava a equipe se encontrava estacionado de forma irregular, de acordo com as leis de trânsito. O guarda municipal resolveu multar o veículo, o que gerou a revolta da jornalista. A partir daí iniciaram uma imensa discussão com xingamentos, ameaças e etc.
Alguns dias após o ocorrido, a jornalista fez um vídeo aonde pede desculpas pelo destempero e pelo ocorrido. Baseado em estudos científicos de análise do comportamento não-verbal e análise do discurso, o que podemos dizer desse pedido de desculpas?

Vamos à análise:


Logo no começo do vídeo, aos 0:02, a repórter ajeita os cabelos atrás da orelha. Com esse gesto ela se prepara para dar entrevista. Não-verbalmente, ele significa que a repórter está experimentando um estado emocional Beta e deseja tentar buscar um estado Alfa.
O estado emocional beta é aquele que vivenciamos quando estamos nervosos, tensos, temos pouca confiança. Já o estado alfa consiste naquele e, que há confiança, segurança, assertividade.
No contexto, ela realiza esse gesto antes de falar que está feliz. Incongruência. A felicidade é uma emoção que coloca o indivíduo em estado alfa, e não em estado beta.

Em 0:06, a repórter eleva apenas o ombro direito ao afirmar que sabe que nem todos vão entender. Esse gesto conhecido como "emblema parcial" tem vários significados dependendo do contexto. De acordo com Joe Navarro, esse gesto pode estar ligado a falta de comprometimento com o que está falando. Jack Brown, afirma que um de seus significados pode ser "eu não ligo" de forma velada - ela não quer passar essa mensagem aos espectadores, mas o corpo denuncia sua verdadeira intenção.

Em 0:08 ela faz um macro gesto subindo os dois ombros. Reparem que ao subi-los eles ficam em níveis diferentes. Nesse contexto, esse gesto é chamado de "Turtle Effect". Ele ocorre quando o sistema límbico deseja proteger o individuo de uma exposição. Ele ocorre mediante a resposta de "paralisar" - uma das respostas ao medo
O desnível dos ombros indica alta tensão, nervosismo e até descrença no que está a falar
Esse gesto é realizado no momento em que ela verbaliza que podem até "atacá-la gratuitamente".

Aos 0:14 temos um momento bem interessante. A repórter Melissa Munhoz pede desculpas emitindo um gesto com as mãos chamado de "Falsa Reza". Quando diante desse gesto, devemos prestar atenção em alguns detalhes para que possamos interpretar da forma correta.
O primeiro é observar a face do agente. Se a face demonstrar emoções como desprezo, raiva, o gesto tem uma intenção de condescendência, arrogância. Se a emoção fora positiva, e dependendo do contexto, o gesto pode significar uma solicitação (nesse caso, outas pistas não-verbais devem estar presentes para que esse significado se confirme).
Em segundo lugar devemos prestar atenção na direção da ponta dos dedos. Se eles estiverem direcionados para cima, pode ser um pedido (assim como na reza); se estão direcionados para frente, o significado de arrogância, condescendência é acentuado. Nesse caso, há uma incongruência com pedido de desculpas. Não pode haver arrogância em pedido de desculpas; a não ser que tenha a intenção completamente racional.

Em 0:26, a repórter verbaliza "Durante o desentendimento, eu me excedi".
Enquanto fala "... eu me excedi", reparem que ela executa um conjunto gestual: ela fecha os olhos, realiza desprezo, toca na região do tórax e sinaliza afirmativamente com a cabeça
O gesto de fechar os olhos é uma forma de não visualização do que está à sua frente, de algum fato ou evento, ou do que falou. A qualidade do vídeo é ruim, mas podemos reparar que existe uma contração unilateral do bucinador indicando desprezo, que pode ser auto-direcionado.
O gesto de tocar no tórax indica "eu". Quando vemos esse gesto temos que prestar atenção em como ele é feito. Se o agente toca com toda a palma da mão no tórax, o quociente de sinceridade é alto, e a intenção é emocional - o que é congruente com um contexto de pedido de desculpas; em contra-partida, se o agente toca apenas com parte das mãos (dedos ou ponta dos dedos, por exemplo), o quociente de sinceridade do gesto é menor e a intenção e completamente racional.
Antes de verbalizar o "eu me excedi" ela faz uma pausa. Essa pausa, nos estudos da análise do discurso, significam que houve uma hesitação em falar o que falou.
Se juntarmos os gestos não-verbais (fechar os olhos, desprezo, toque no tórax com parte das mãos e afirmativa com a cabeça) e a pausa verbal, podemos concluir que a repórter sabe que o que fez a prejudicou socialmente e profissionalmente; e de alguma forma, ela ainda acha que não estava completamente errada na sua discussão. Ela pode estar arrependida pelas suas atitudes; mais pelo prejuízo gerado do que pela falta de razão.

Em 0:38 ela diz que como consequência lógica do que aconteceu, ela acabou perdendo o emprego. Nesse momento ela eleva o ombro direito. Esse gesto, nesse momento significa uma forma de demonstrar de forma velada, impotência. De acordo com Charles Darwin quando ambos os ombros são erguidos, pode haver a intenção de impotência ("O que mais eu posso fazer?"), quando apenas um deles é erguido, essa intenção de impotência ocorre através de um vazamento corporal, ou seja, ela demonstra essa mensagem não-verbal inconscientemente.
Nesse mesmo trecho podemos notar também uma quebra de padrão comportamental: "Qual(is) emoção(ões) que se espera em alguém que perdeu um emprego de anos e que, supostamente, gostava?". A resposta seria tristeza. Nesse momento ela não demonstra essa emoção

Aos 0:46, ela diz que seu nome foi arranhado por pessoas que nem a conhecem. Nesse momento ela nega com a cabeça, e logo depois afirma. Gesto de manipulação. A negação foi realizada de forma racional e a afirmação foi um vazamento corporal.
A interpretação que podemos fazer disso é que ela tem dúvidas se o nome dela foi "arranhado" por essas pessoas, ou pela sua atitude frente ao Guarda Municipal.

Em 0:48 - 0:49 ela faz um gesto ilustrador que representa "aspas". A representação não-verbal de colocar "aspas" é feito com os dois dedos (indicados e médio) movimentando-os para baixo e pra cima. Reparem que ela faz essa ilustração de "aspas" mas apenas com um dedo. Isso pode ser considerado uma incongruência gestual.
Ela faz esse gesto ilustrador ao falar "condenaram". Colocar aspas durante essa palavra significaria dizer que não acredita de fato que foi uma condenação pública; mas como no caso o gesto foi realizado de forma errada, ela acredita sim que condenaram ela pelo que ela fez.

Em 0:55 ela sobe sobe os dois ombros, em desnível, ao verbalizar que condenaram ela sem saber os motivos do destempero. Esse gesto, nesse contexto significa conflito entre o emocional e o racional.
Nesse mesmo trecho ela usa linguagem vaga. Ela diz que foi um destempero, mas não explica o motivo. Quando temos a chance de vir a público para nos defendermos ou explicarmos o motivo por termos feito tal ato equivocado, usamos todos os recursos para que entendam nosso ponto de vista e o por quê de termos feito tal ato. Para tal, a primeira coisa que fazemos é explicar o motivo,isso faz com que se crie conexão e empatia com os interlocutores. A repórter não fez isso; apenas disse que não sabiam o motivo desse destempero.

Em 1:06 ela realiza novamente o "Turtle Effect" querendo se proteger do que fez.

Em 1:11 ela refere a si mesmo tocando de forma parcial no tórax. Está passando a mensagem de forma racional

Em 1:14 ela diz que nunca imaginou que um dia teria um "piti". A expressão "dar um piti" é uma expressão que significa "ficar agressivo, histérico, irritado". De acordo com estudos de Análise do discurso, quando substituímos uma palavra que deveria ser dita por uma expressão, há a intenção de se distanciar do objeto, fugir do que deveria ser dito. O próprio uso de expressões, durante o discurso tem a intenção de convencer, desviar a atenção do interlocutor.
Quando pedimos desculpas, o comportamento correto é dizer que errou e que ficou irritado com o que aconteceu. A repórter não diz que errou e substitui o "ficar irritado" por "dar piti". Não significa que o discurso é mentiroso, mas ela deseja fugir do assunto e do que fez.

A partir de 1:26 ela diz "... ao cair em mim, claro, bate aquele baita arrependimento, e logo veio... a culpa de como permitir tamanho descontrole".
Durante todo o discurso ela usa uma linguagem e uma intonação muito formal para um pedido de desculpas. Essa formalidade verbal pode ser notada muito claramente nesse trecho; ele é cheio de palavras desnecessárias. Todo esse trecho poderia ter sido substituído por "me arrependi"; essa frase é a única que tem valor. "Ao cair em mim", "baita" são totalmente sem valor pro discurso, e sua desnecessidade indica argumento racional, armado, com um baixo quociente de sinceridade.
Ela faz uma pausa antes de dizer "culpa". Essa pausa é hesitação. "a culpa de permitir tamanho descontrole". Novamente usa o recurso de palavras desnecessárias.
Em resumo: Esse trecho não tem um bom quociente de sinceridade devido a hesitação, e a utilização de muitas palavras desnecessárias. Todo esse trecho poderia ser substituído por "Eu sou culpada pelo que fiz e me sinto arrependida", ou simplesmente "Eu me arrependo do que fiz"

Em 1:48, a repórter diz: "dei as explicações e pedi perdão a quem eu havia magoado e ofendido, naquela manhã infeliz".
Ao afirmar que pediu perdão, ela sinaliza sim com a cabeça inclinando para frente. O gesto de inclinar a cabeça para frente está relacionado com afirmação corporal e tentativa de criar conexão, empatia. Está congruente com o que está dizendo, embora tenha elementos de convencimento.

Em 1:54 ela diz que o Agente Municipal a desculpou. Ao afirmar, ela novamente espalma de forma incompleta, a mão no tórax. Indica racionalidade
Não podemos afirmar ao certo como foi esse perdão, mas o gesto, devido a sua racionalidade, cria indícios de que o perdão foi perante a justiça e não de forma emocional e pessoal.

Em 2:10, ela diz que foi absorvida e realiza o gesto de "Falsa Reza" novamente. Dessa vez o gesto está direcionado para cima, podendo significar que ela agradece por ter tido essa absorvição.
De qualquer forma, independente da direção da mão, o gesto projeta um estado emocional alfa e condescendente. Nesse momento, ela se sente superior por ter sido absorvida.

Aos 2:22 ela fala "Gratidão por esse enorme gesto...".
Durante a palavra "gratidão", novamente ele faz um gesto de "Falsa Reza" demonstrando um estado emocional alfa e até arrogante, devido ao direcionamento dos dedos estar para frente.
Podemos notar também, que o ritmo do gesto está diferente do ritmo da fala. Isso demonstra racionalidade e até mentira, em alguns casos

Em 2:25 há momento interessante. Ela verbaliza
"é preciso saber pedir perdão, mas também é preciso perdoar". A conjunção "mas" significa "exclusão" das palavras anteriores ao "mas" e uma importância maior nas palavras posteriores ao "mas". Nesse caso o "é preciso saber pedir perdão" não tem importância para o agente, podendo ser visto até como mentira. Já o "também é preciso perdoar" tem uma importância imensa para o agente. A repórter direciona essa frase para o Agente Municipal. Nesse trecho ela tira toda a importância do pedido de desculpas que fez e está fazendo no vídeo e deposita essa importância no fato de que deve ser perdoada
O afastamento do pedido de desculpas é um caso a ser avaliado. Por que pedir perdão, nesse caso, não tem tanta importância?

Em 3:08 ela massageia as mãos. Esse comportamento é visto em vários trechos do vídeo. Significa um gesto pacificador, cuja a função é se acalmar diante de um momento de tensão, estresse ou ansiedade.
A repórter fecha os olhos, indicando não visualização.

Em 3:13, ela diz "verdadeiras desculpas", e realiza novamente o gesto de toque parcial no tórax. Discurso racional. Essas desculpas não tem a intenção emocional que devem ter. Em outras palavras, ela pede desculpas de forma racional

Em 3:33 ela diz que agradece fortemente ao apoio dos amigos, mas nega com a cabeça. Incongruência.

No final do vídeo em 3:52, ela realiza novamente um gesto similar a "Falsa Reza" ao pedir muita paz às pessoas. Por anos, esse gesto é usado ao pedir paz. É o que eu chamo de gesto clichê. São gestos que ao longo dos anos se tornaram comuns em alguns contextos.
(Lembrem do Miguel Falabella fazendo esse gesto ao final do programa "vídeo show" ao se despedir dos espectadores)

SUMÁRIO: O pedido de desculpas é um ato estritamente emocional, pois deve ser sentido pelo agente. Quando ele ocorre de forma racional, o quociente de sinceridade se torna baixo, pois foi planejado e não sentido.
O quociente de sinceridade não se refere a veracidade ou não do pedido de desculpas, mas recai sobre o sentimento depositado no discurso.
Quando dizemos que ele tem um cunho racional, significa dizer que na grande maioria das vezes, o pedido de desculpas foi armado, pensado, e tem algum interesse racional por trás. Em contrapartida, o pedido sendo emocional, é realizado de forma que não tem a preocupação do agente com possível gagueira, interrupção do raciocínio, as palavras usadas. A intenção não é "falar bonito" e sim "falar o que sente"
A jornalista fez um discurso racional. Não depositou sua emoção.

sábado, 11 de agosto de 2018

Análise não-verbal: Debate dos presidenciáveis. Boulos X Bolsonaro

No dia 9 de agosto foi ao ar o primeiro debate dos presidenciáveis pela rede bandeirantes. Nesse debate, como de costume, participaram todos os candidatos à Presidência da República no  ano de 2018.
Dentre vários momentos memoráveis, o instante da pergunta feita pelo candidato Guilherme Boulos ao candidato Jair Bolsonaro, foi considerado um dos mais comentados da noite.
Boulos pergunta a Bolsonaro sobre a sua suposta empregada fantasma, e Bolsonaro responde.

"Este presente artigo não tem como objetivo manter ou defender uma posição política. A análise é feita, exclusivamente, com base em ciências comportamentais e tem a única finalidade de instruir."

Vamos à análise:



Em 0:08, enquanto o candidato Boulos diz que tem muita coisa sobre o candidato Bolsonaro que muita gente não sabe, este imediatamente contrai o músculo bucinador de forma bilateral, projetamento a emoção de desprezo. Há também a contração do corrugador (parte interna das sobrancelhas, indicando a emoção raiva. Juntamente, ele "engole seco", sendo sinal clássico de ansiedade e nervosismo. Podendo significar também omissão.
Em relação a postura do candidato, podemos reparar que ele se encontra escorado no púlpito. Ele usa esse objeto como uma "bengala emocional" com a finalidade de se proteger. Essa sua postura se mantém durante todo o trecho, indicando que está nervoso

Em 0:28 - 0:31, Bolsonaro emite um sorriso falso (não existe a contração dos orbiculares dos olhos, responsáveis pelos "pés de galinha"), chamado por Paul Ekman de "Miserable Smile", o agente realiza esse sorriso, para suportar uma circunstância negativa, desagradável.

Em 0:38 ao falar que a Val ganha dois mil por mês, Bolsonaro aumenta suas piscadas. Segundo estudos de Bella de Paulo, Aldert Vrij e outros, o aumento das piscadas está ligado a ansiedade, nervosismo e tensão devido a liberação de hormônios como cortisol, adrenalina, na corrente sanguínea.

Aos 1:35, quando Bolsonaro fala que nunca foi ministro e secretário, o candidato gagueja ao falar a palavra "ministro" e projeta a língua; ao falar a palavra "secretário" a velocidade em sua voz aumenta, com a intenção de passar a mensagem também de forma rápida. A projeção de língua e a gagueira constituem um conjunto gestual que significa ansiedade ao falar sobre esse tema.

A partir de 1:55, o candidato Guilherme Boulos começa a falar sobre o candidato Bolsonaro. Ele diz: "Olha.. ééé... Bolsonaro esqueceu de dizer algumas coisas a respeito da Val, não é?. A Val é funcionária fantasma da empresa dele, que, junto com o marido dela, Edenílson, tem a responsabilidade de cuidar dos cachorros do Bolsonaro em uma das casas dele em Angra Dos Reis. Agora, o problema não é a Val, não é?...".
Esse discurso é vazio de conteúdo. Boulos inicia dizendo que Bolsonaro esqueceu de dizer algumas coisas a respeito da Val, mas durante sua fala ele não diz que coisas são essas.
Boulos termina frases afirmativas com perguntas ("não é?"). De acordo com técnicas de análise do discurso, terminar frase afirmativa com pergunta pode ser sinal de dúvida no que estar dizendo, no que vai dizer ou um desejo de ganhar tempo.
No final, o candidato diz que o problema não é a Val. Há uma mudança na intenção do discurso. O candidato Boulos inicia falando da Val e no final diz que o problema não é ela. O fato do candidato ter tocado nesse assunto mostra que, para ele, falar sobre isso tem uma certa sensibilidade, no tocante a sua postura em relação ao tema, a sua programação de raciocínio e ao seu planejamento lógico do que falar aos eleitores.
Falar "agora, o problema não é a Val, não é?" é um desejo de mudar de assunto. Ele já seguiu o raciocínio que gostaria de passar aos espectadores e já pode mudar de assunto.

Em 2:01, podemos notar que existe um ligeiro aumento da exposição da esclera (porção branca dos olhos) no candidato Guilherme Boulos, podendo significar ansiedade e também presente durante a emoção de medo.

Ainda em 2:01, podemos notar um movimento anormal em sua face: as sobrancelhas se elevam e os olhos fecham. Temos movimentos em sentidos inversos. Esse movimento não natural ocorre quando, inconscientemente tentamos evitar uma piscada elevando as sobrancelhas. Significa ansiedade.

Em 2:42, podemos notar que Boulos projeta em sua face a emoção de raiva devido a contração do corrugador, tensão nas pálpebras e pressão nos lábios. Podemos notar também a expressão de nojo devido a elevação do lábios superior.
Um indivíduo não consegue expressar duas emoções ao mesmo tempo na face; sendo assim, nesse caso sua expressão de raiva vai dando lugar a expressão de nojo, mas nesse frame, ambas aparecem na face.

Em 2:45, ao responder a pergunta de Boulos, o candidato Bolsonaro ajeita o microfone, realizando portanto um gesto pacificador. Nesse momento ele demonstra intenso nervosismo.
Podemos notar também que Bolsonaro não responde da forma correta. Com "sim" ou "não". A estrutura correta de uma resposta é "sim" ou "não" e a justificativa.


SUMÁRIO: O candidato Jair Bolsonaro apresenta ansiedade, nervosismo e omissões ao se referir a alguns temas. Durante todo o momento, o candidato se encontra apoiado no púlpito, o que reforça toda a ansiedade e nervosismo, havendo um desejo de se proteger dos "ataques".
O candidato Guilherme Boulos é incisivo com a intenção de provocar, atiçar. Projeta raiva, nojo em relação as atitudes de Bolsonaro. Existem algumas incertezas no que verbaliza, por não saber o que falar, e/ou como falar.

* Confira também a análise técnica de oratória deste trecho. LINK (por Yang Mendes - especialista em oratória)

sábado, 4 de agosto de 2018

Análise não-verbal: Depoimento parcial de Luís Felipe Manvailer. Acusado de jogar a esposa do prédio.


Luis Felipe Manvailer foi indiciado por homicídio qualificado após matar a esposa, Tatiana Spitzner, de 29 anos jogando-a do quarto andar de um prédio, no Paraná.
Depois de jogá-la, Luis Felipe desce até a calçada, pega o corpo de Tatiana e volta com ela para o prédio. Após deixa-la em casa, o professor pega o carro e, segundo a polícia, vai em direção ao Paraguai. No trajeto, sofre um acidente e continua o percurso andando.
Depois de descobrir que o carro era da vítima, a polícia consegue rastrear e sai em busca do suspeito. A polícia acha o automóvel destruído pelo acidente, e posteriormente conseguem encontrar Luís Felipe que é encaminhado à delegacia.
Na delegacia, Luis Felipe dá o seu depoimento. Temos apenas o depoimento parcial aonde ele alega a sua inocência.

Vamos à análise.

Aos 0:05, ele emite uma microexpressão de medo, devido a sutil elevação da parte interna e externa das sobrancelhas acompanhada da contração no corrugador e uma leve elevação da pálpebra superior.

Em 0:24, podemos notar a contração do centro da testa, formando rugas horizontais. Essas rugas são formadas pela contração do músculo frontalis na porção medial (responsável pelo levantamento da parte interior das sobrancelhas) e pela contração do corrugador do supercílio (responsável pelo abaixamento das sobrancelhas). São popularmente chamadas de "rugas do pesar", tendo em vista que Darwin nomeou esse músculo de "músculo do pesar".
Essas contrações musculares, formando essas rugas, fazem parte da prototipagem da emoção de tristeza, porém, quando tais contrações não vem acompanhadas de outras ações musculares que fazem parte da expressão de tristeza, podemos dizer que ela pode representar encenação, incredulidade, falta de sinceridade e nervosismo.
Nesse contexto, essas ações musculares não vem acompanhadas de outras ações ligadas à tristeza.

Em 0:28, após o juiz perguntar como foi sua prisão, Luis Felipe inspira profundamente e mantém seus ombros rígidos. Ambos os sinais indicam muito nervosismo e tensão.
O acusado responde: "Foi tudo dentro do conforme, ninguém... abusou nem nada, fui muito bem tratado."
Nesse momento, podemos perceber que seu corpo se movimenta de forma acelerada e fora do ritmo da fala, indicando sinais de muito nervosismo e uma leve incerteza no que está falando. Ele provavelmente não foi tratado tão bem quanto gostaria. Enquanto ele verbaliza, "não abusou, nem nada", ele inicialmente nega e depois afirma com a cabeça. Isso ocorre devido a um conflito cognitivo. A negação é feita de forma consciente e a afirmativa ocorre como se fosse um vazamento do que o inconsciente dele acredita. 

Nesse mesmo trecho, mas em 0:34, ao falar que foi bem tratado, podemos ver uma contração no músculo bucinador, no lado direito de sua face. Expressão de desprezo.
Seu corpo se mostra retraído, demonstrando que Luis Felipe está na defensiva e deseja se proteger. Está em um estado de submissão.

Aos 0:40 ele engole seco. Sinal clássico de tensão e nervosismo

Em 0:47, Luis Felipe diz: "Isso, eu bati o carro... porque... devido a situação né? A imagem da minha esposa pulando a sacada... não saía da minha cabeça, né?"
Uso do "né?" no final da frase indica incerteza e dúvida. Funciona como se ele quisesse que os interlocutores respondesse essa pergunta para ele, pois o mesmo não tem certeza.
No momento em que ele fala a palavra "pulando", seu pitch vocal diminui sutilmente, ocorre um afastamento com a sua cabeça para trás juntamente com uma leve subida em seu ombro esquerdo. Esse conjunto verbal e gestual indica desejo de fugir da situação e incerteza.

No final desse trecho, aos 0:56, ele movimenta a cabeça para o lado direito e sobe sutilmente o ombro direito. Esse conjunto gestual, nesse contexto, indica não saber mais o que falar, e incerteza.

Em 0:58 - 0:59, quando o juiz fala que vamos se atentar aos fatos. Luis Felipe faz um gesto afirmativo com a cabeça em ritmo acelerado. Nesse momento, hormônios como o cortisol, adrenalina estão "inundando" sua corrente sanguínea. Sinal de nervosismo, ansiedade e tensão

Em 1:32, Luis Felipe diz "Eu sou inocente. Amo muito"
Nesse momento ele faz um gesto de negação com a cabeça. O gesto consiste em um movimento rotativo com a cabeça partindo do centro para o lado direito e retornando ao centro. Desmond Morris chamava esse gesto de "Head Twist". Quando ele é realizando enquanto o agente verbaliza positivamente ("Eu sou inocente") há incongruência. O verbal afirma e o corpo nega, e nesse caso devemos confiar no corpo.
A frase "...amo muito" é vaga. Quem ele ama? Se for a esposa, por que ele não disse o nome dela, ou se referiu a ela?. Discurso desonesto.

SUMÁRIO: Durante todo o vídeo podemos notar que sua postura está fechada, indicando que está se protegendo, defensivo e submisso. Seus ombros estão tensos a todo momento, indicando nervosismo e ampliando a tentativa de se proteger. A esse comportamento chamamos de "Turtle Effect" (faz referência a tartaruga que entra no casco para se proteger de predadores e quem possa ameaçá-la). 
A forma fora de ritmo como movimenta seu corpo confirma ainda mais o nervosismo, a ansiedade e a tensão que está passando. Na sua face há a expressão de medo.
Quando ele fala que é inocente, ele é desonesto, pois há uma incongruência entre o verbal e o não-verbal. Tendo em vista que 55% da nossa mensagem é enviada pelo corpo, devemos dar mais atenção a ele.