quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Análise não-verbal: ex-assessor, Fabrício de Queiroz. Movimentações financeiras atípicas. Há honestidade?

Fabrício de Queiroz, ex-assessor do Deputado Federal e Senador eleito, Flávio Bolsonaro deu uma entrevista para a emissora SBT falando, pela primeira vez após seu nome ter aparecido em um relatório do COAF (Conselho de Controle de Atividade Financeira) sobre movimentações financeiras atípicas.
Fabrício nega qualquer atipicidade. O que sua comunicação não-verbal tem a nos dizer?

Vamos à análise:

Em 1:19, após Fabrício dizer que é um homem de negócios, podemos ver em sua face um sorriso suprimido. Nesse contexto, podemos interpretar esse sorriso como "Duping Delight".
Esse sorriso é um misto de satisfação com desprezo, e ocorre quando o agente tem a intenção de manipular e sente satisfação quando observa que sua mentira está sendo acreditada pelos interlocutores.
Uma das principais características desse sorriso é o fato deste ser unilateral
Junto com o sorriso do manipulador, podemos notar que há pressão nos lábios, indicando tensão e nervosismo.

Em 1:20, Fabrício diz: "Eu faço dinheiro... eu faço... assim... eu compro, revendo, compro, revendo. Compro carro, revendo carro..."
Nesse trecho existem vários momentos importantes:
Ao dizer "Eu faço dinheiro..." podemos ver um desalinhamento corporal. Sua cabeça se movimenta para sua esquerda e sua mão se movimenta para a direita. Juntamente podemos notar uma negação com a cabeça indicando incongruência entre o que está sendo falado e o que o corpo está expressando. 
Podemos notar ainda que existe a elevação de seu ombro direito ("Shoulder Shrug"). Esse movimento assimétrico indica dissonância entre o que está sendo falado e a verdade. Um dos sinais clássicos de desonestidade.
Ao final desse trecho, Fabrício nega novamente com a cabeça enquanto afirma verbalmente. Há, portanto, incongruência entre o verbal e o não-verbal.

Ao verbalizar a palavra "compro", novamente podemos ver uma elevação de seu ombro direito, de forma mais contundente.
Novamente há uma desonestidade devido a dissonância entre a verdade e o que está sendo falado.

Ao dizer "revendo", Fabrício realiza um gesto pacificador no nariz. Esse gesto é clássico de ansiedade e nervosismo. Ele acontece quando o agente está em um momento de tensão devido a liberação de hormônios como o cortisol e adrenalidade e há um desejo de pacificar, se acalmar diante desse evento estressante.
Nem sempre os gestos pacificadores são indicativos de desonestidade, mas, nesse contexto, devido aos outros sinais, podemos dizer que Fabrício está ansioso pela mentira que está contando, havendo receio de ser pego mentindo.

Em 1:25 ao dizer novamente "revendo carro", ele realiza mais uma vez o gesto de elevar o ombro direito indicando desonestidade.
As repetições das palavras "compro" e "revendo" indicam uma tentativa de convencer, tendo em vista que essas repetições são realizadas de forma desnecessária.

Em 1:28, Fabrício diz: "Eu sempre fui assim..."
Podemos notar que ele afasta a cabeça. Esse movimento é conhecido como gesto de distanciamento, e tem a função de se afastar do que está sendo falado, nesse contexto.
De acordo com Análise de Declaração e a PNL, a palavra "sempre" indica uma generalização. Esse tipo de palavra tem a função de convencimento.

Em 1:30, Fabrício diz: "Eu gosto muito de comprar carro em seguradora"
No começo desse trecho podemos notar que Fabrício direciona seu olhar pra cima e direita. Esse movimento, de acordo com a PNL está ligado a criação de imagens pois acessa uma área do cérebro ligado ao lúdico.
O ex-assessor não está lembrando e sim, criando.

Logo em seguida podemos notar que ele realiza mais uma vez um gesto pacificador de coçar o nariz juntamente com o movimento de fechar os olhos ("Eye Shielding"). Esses gestos conjugados indicam que ele está nervoso pela mentira que está contando e não deseja ter essa visualização.

Em 1:54, ao dizer: "Nosso presidente já esclareceu" podemos perceber que ele movimenta seus olhos horizontalmente para a esquerda. 
De acordo com a PNL esse movimento ocular está ligado a lembrança auditiva de algum som, alguma fala, alguma confirmação.
Nesse momento ele é honesto, pois está lembrando de um momento em que Jair Bolsonaro fez esse esclarecimento, de forma verbal, ao qual ele se refere.
Reparem que ele não esclarece e nem explica o que aconteceu, ele usa um ato do Bolsonaro para se justificar e gerar credibilidade. Em outras palavras ele usa o ato de Bolsonaro para validar sua afirmação. É como se ele quisesse falar: "Se o Presidente já esclareceu, então eu não preciso. Isso já gera credibilidade".

Em 2:02, o ex-assessor diz: "Eu nunca depositei R$ 24 mil"
Nesse exato momento ele eleva o ombro direito demonstrando uma dissonância entre a verdade e o que ele está falando
Podemos nos atentar também para a Análise de Declaração. De acordo com Mark McClish, a palavra "nunca" não indica negação pois ela não determina tempo e não específica um evento de forma temporal. Essa palavra, nesse contexto, aonde o tempo é específico, indica desonestidade.
O depósito de R$ 24 mil foi feito.

Em 2:26, Fabrício começa a sua declaração olhando para baixo e à esquerda. Esse movimento ocular está ligado ao acesso a seu diálogo interno. Indica uma intenção de avaliar o que falar, como falar, que palavras usar. Constitui um momento de introspecção, como se ele estivesse travando um diálogo consigo mesmo.

Em 2:31, ao dizer: "Toda hora bate alguém no gabinete pedindo R$ 10 reais", podemos notar que seus olhos se direcionam para cima e direita. Como dito anteriormente, esse movimento ocular está ligado à criação de eventos, imagens.

Em 2:32 há uma expressão de medo pela elevação das pálpebras superiores.

Em 2:35 podemos notar uma expressão facial semelhante ao nojo, devido a elevação do lábio superior e um leve enrugamento na lateral do nariz, porém existe um detalhe:
A expressão semelhante ao nojo, algumas vezes, é realizada com o intuito de convencimento. Elas são chamadas de Expressões Racionalizadoras (Jack Brown). Sua configuração é a mesma presente na expressão facial do nojo, porém a sua real função é gerar empatia para que os interlocutores possam concordar com o que está sendo verbalizado e assim apoiarem suas ideias.

A partir de 2:38, Fabrício diz: "É proibido falar de dinheiro no gabinete. Não, nunca, nunca"
Como já dito anteriormente, a palavra "nunca" não indica negação devido a inespecificidade temporal.
Além de usar essa palavra ele a repete de forma desnecessária. De acordo com estudos de Análise de Declaração, as repetições desnecessárias constituem um forte indicativo de tentativa de convencimento.

Em 2:48, Fabrício diz: "Eu não sou laranja. Sou homem trabalhador..."
Podemos ver mais uma vez o ex-assessor emitindo uma expressão racionalizadora com um intuito de convencimento do que está falando
Ao dizer que é homem trabalhador há uma arritmia corporal. Reparem que sua gesticulação e seu movimento corporal se dá em um ritmo diferente da fala. Isso acontece devido a liberação de hormônios ligados a adrenalina e ao estresse, nesse caso, de ser desonesto.

A partir de 3:02, ele diz: "Eu me abati muito... per... eu, eu, minha, minha calça tá caindo porque... de uma noite eu saio na... aí eu falei "caramba, cara; acabou a minha..." eu era amigo do do cara... passando o que ele tá passando na rua, entendeu?... achando que eu, eu ,eu... tenho negociata com ele. Pelo amor de Deus, isso não existe... eu vou provar junto ao MP"
No âmbito verbal, existem pausas desnecessárias, gagueiras (processo mental para pensar no que falar - cérebro ganhando tempo) e um discurso completamente sem condução lógica, chegando a ser até difícil entender o que ele está querendo dizer. Há desonestidade, evasividade e omissões nesse trecho
Ao dizer que está abatido e a calça está caindo, existe uma intenção de gerar empatia nas pessoas para que se solidarizem com o seu estado físico e de saúde.
No âmbito não-verbal também existem indícios importante de desonestidade. São eles:

3:02 - Expressão Racionalizadora semelhante ao nojo. Intenção de convencer do abatimento. Os olhos fechados, nesse caso, funcionam como um intensificador do desejo de convencer.

3:04 - Acesso ao diálogo interno ao olhar pra baixo e esquerda. Avaliando o que falar.

3:09 - Elevação unilateral do ombro direito. Dissonância entre o que está sendo falado e a verdade.

3:12 - Distanciamento. Movimento de cabeça para trás indicando desejo de se distanciar do que está falando, nesse contexto.











* Todos esses indícios verbais e não-verbais nos indicam que Fabrício está extremamente ansioso e que todos esse trecho é desonesto.


SUMÁRIO: Existem sinais de ansiedade e nervosismo, e nesse contexto, todos esses sinais estão ligados à desonestidade de Fabrício Queiroz ao dizer que: compra e revende carros; que gosta de comprar carros de seguradora; que nunca depositou os R$ 24 mil reais na conta da Primeira-Dama Michelle Bolsonaro; que toda hora entram no gabinete pedindo dinheiro e que é proibido de falar de dinheiro no gabinete; que não é laranja; e que está muito abatido e que não tem negociata com Flávio Bolsonaro.
A única verdade que Fabrício diz durante o vídeo acontece quando ele afirma que Jair Bolsonaro já esclareceu os fatos em relação ao depósito feito por ele à Primeira-Dama, Michele Bolsonaro.

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Análise não-verbal: Caso Tainá. Motivos que a levaram fugir de casa. Verdades ou mentiras?

A jovem de 18 anos, Tainá Queiroz deixou sua casa enquanto o marido Raul Kennedy da Silva viajava a trabalho.
Após perceber que a esposa não voltaria para casa, Raul foi até a delegacia fazer um Boletim de Ocorrência alegando o desaparecimento da jovem. Logo em seguida, o marido recebeu uma mensagem de Luis Fernando Lourenço, seu ex-patrão, dizendo que Tainá estava com ele por vontade própria e que, tanto ela quanto a filha bebê do casal, estavam bem e felizes.
Nos dias seguintes, Luis Fernando gravava vídeos mostrando que a jovem Tainá estava bem e sendo bem cuidada por ele. Esses vídeos eram mandados para a família e rapidamente ganhou às mídias, se tornando uma verdadeira novela.
Recentemente Tainá e sua filha foram achadas e Luis Fernando, preso. Em um dos último vídeos gravados pela jovem, ela explica os motivos que a fizeram sair de casa. Será que ela é verdadeira em seu discurso?

Vamos à análise:

Logo no começo do vídeo, ao dizer "Oi, Brasil", ela realiza um gesto pacificador de coçar o rosto. Esse gesto indica que existe um grau de ansiedade no tema em que vai falar, e por isso, ela precisa se pacificar, se acalmar. 
Juntamente podemos ver a expressão de medo devido ao estiramento horizontal dos lábios e tensão nas pálpebras inferiores.

Aos 0:03 Tainá diz: "Então... Eu tô bem... eu to feliz...". 
Tainá começa seu discurso com a palavra "então". De acordo com estudos de Análise da Declaração, essa palavra é usada para ganhar tempo no que vai falar. O que ela falará a seguir é racional e pensado.
Durante esse trecho podemos reparar também que suas piscadas estão descoordenadas. Isso mostra um algo grau de ansiedade.

A partir de 0:07 tainá diz: "E tudo que falaram do Fernando... tudo isso é mentira"
Nesse momento ela realiza um conjunto gestual de: fechar os olhos e ajeitar o cabelo atrás da orelha e, logo em seguida, aumenta o número das piscadas.
Fechar os olhos ("Eye Shielding") indica não visualização do que está falando
Ajeitar o cabelo atrás da orelha indica uma necessidade de mudar de estado. Sair de um estado beta para um estado alfa. Em outras palavras, esse gesto demonstra uma necessidade de ser mais assertiva e confiante no que está sendo falando.
O aumento das piscadas, de acordo com estudos de Aldert Vrij e Bella DePaulo, dentre outros, indica um estado de extrema ansiedade.
A palavra "tudo" é uma generalização. O fato de não especificar o que é mentira pode indicar uma omissão e desonestidade

Aos 0:13, Tainá diz "Ai (suspiro)... meio complicadinho falar mas... vamos lá... Tudo, tudo, tudo que falaram do Fernando, tudo é mentira..."
O suspiro inicial é um recurso usado pro cérebro para ganhar tempo no que vai falar. Isso mostra que o discurso é artificial e completamente racional.
Podemos notar também o uso da palavra "meio" e do diminutivo em "complicadinho". Essas duas palavras indicam evasividade. o uso do diminutivo tira a importância da palavra e gera uma certa empatia
O "mas" tem a função de excluir a importância da estrutura precedida por ela. Ou seja, Tainá não deseja expressar o porquê é "complicadinho" falar sobre o tema.
Logo após o "mas", podemos perceber que Tainá realiza do gesto de projetar a língua para a fora ("Tongue Jut"). Esse gesto tem uma forte relação com ansiedade e pode indicar manipulação dos fatos (foto acima).
Nesse momento ela assume que algo aconteceu, mas deseja não falar sobre isso.
A repetição da palavra "tudo" também é importante. De acordo com estudos de Análise de Declaração, a repetição consiste em um desejo de reafirmar, convencer do que está falando; e segundo Joe Navarro, a verdade não carece de convencimento, pois os próprios fatos já geram a crença dos interlocutores.
Podemos interpretar desse trecho que existem fatos importantes sobre Fernando que ela não deseja falar.
Há desonestidade.

A partir de 0:25, Tainá diz: "... mas... não tô aqui pra falar disso..."
Nesse momento ocorrem gestos que indicam ansiedade: aumentos das piscadas, elevação do ombro esquerdo e movimentos corporais descoordenados.
Juntamente, podemos notar um afastamento com a cabeça, indicando distanciamento do que está falando e uma contração no músculo do corrugador (responsável pelo abaixamento das sobrancelhas). Charles Darwin nomeou esse músculo como o "músculo da dificuldade", e sua contração acontece quando o agente está em um momento de tensão, perplexidade, concentração, confusão mental, etc.
Podemos concluir que Tainá deseja omitir um fato importante, e esse fato incrimina Fernando.

A partir de 0:27, Tainá diz: "Tô aqui pra falar de você Raul..."
Podemos notar aqui uma elevação no ombro esquerdo. Esse gesto, conhecido como "Shoulder Shrug" indica, segundo Joe Navarro, falta de comprometimento com o que está falando. Isso significa dizer que suas palavras a seguir (sobre Raul) são estritamente racionais e não tem comprometimento com a verdade.

Em 0:29, Tainá ajeita, desnecessariamente o cabelo atrás da orelha juntamente com um gesto de projeção dos lábios, de forma sutil, para frente ("Lip Purse")
Como já dito anteriormente, o gesto de ajeitar os cabelos atrás da orelha é uma intenção de se tornar
mais assertiva no que falará a seguir. 
O "Lip Purse" indica clandestinidade. Ou seja, o agente tem desejo de omitir informações. Tem um plano em mente que deseja executá-lo e sabe que existe uma grande chance de conseguir. Em alguns casos pode configurar desejo de vingança
Geralmente, depois desses gestos, o que será verbalizado poderá ter uma desonestidade.

A partir de 0:30, Tainá diz: "Primeiro: quem... abandonou eu em casa, com a Sofia? Foi tu"
No começo existe uma pausa desnecessária entre as palavras "quem" e "abandonou". Essa pausa indica um recurso usado pro cérebro ganhar tempo para pensar no que falará a seguir
Logo depois emite uma elevação com o ombro esquerdo, indicando uma falta de comprometimento com o que está dizendo (Joe Navarro). Esse gesto também está ligando com uma dissonância entre a verdade e o que está sendo dito.

A partir de 0:37, Tainá diz: "Quem que deixou faltar leite e frauda para a Sofia? Foi você"
Durante a frase "foi você", podemos notar que Tainá eleva a sobrancelha direita. Esse gesto é conhecido com "Skeptical Eyebrow" e indica ceticismo, dúvida, incredulidade no que está dizendo. 

Logo em seguida, ainda referente ao mesmo trecho, Tainá realiza a expressão de raiva devido a tensão nas pálpebras inferiores e nos lábios. Essa raiva se conjuga com uma expressão de nojo pela elevação do lábios superior.
Podemos concluir que realmente faltou algum produtos para a filha, mas essa falta ocorreu por fatores externos, como por exemplo, uma precária condição financeira, e não por maldade do pai.

Em 0:40, Tainá diz: "E quem me traiu?... foi você; que quando eu perguntava você jurava pela sua filha que não tinha me traído. Olha só pra você vê. Que pai, não?!. O pai que jura pela filha"
Logo no começo, durante a palavra "traiu", Tainá realiza um gesto com a cabeça como se fosse uma meia negação (movimento do centro para a esquerda) indicando exclusão de ideia. Logo depois, e mais uma vez o gesto de projetar os lábios para frente ("Lip Purse"), indicando clandestinidade, mas dessa vez é conjugado com um sorriso unilateral chamado, por Paul Ekman, de "Duping Delight". Esse sorriso é emitido quando o agente deseja manipular os interlocutores e percebe que sua manipulação está sendo bem sucedida.
O dizer que ele jurou pela filha ela fala a verdade. Em algum momento ele fez esse juramento. Jurar pelo filho é um forte indicador de veracidade no discurso por parte de Raul, pela importância que um filho tem para um pai zeloso, cuidadoso (Marcello de Souza)

Ao final do trecho, podemos notar que ela faz uma expressão facial semelhante ao nojo. Em alguns contextos, essa expressão é utilizada com o intuito de gerar empatia, racionalizar, convencer o interlocutor e/ou a sim mesmo do que está falando e/ou sentindo.
Podemos concluir desse trecho que em algum momento ela se mostrou desconfiada se Raul a estava traindo ou não e ele jurou pela filha que isso não aconteceu. E o coeficiente de sinceridade nessa negação de Raul é muito alto.

A partir de 0:55, Tainá declara: "E as vezes que você me bateu?... o por quê que você não falou isso?"
Nesse momento podemos ver uma contração forte no músculo do corrugador (responsável pelo abaixamento das sobrancelhas) . Como dito anteriormente, Charles Darwin chamava esse músculo de "Músculo da Dificuldade" e indica tensão, dificuldade, etc.
Juntamente podemos notar uma queda no canto dos lábios. Essa contração muscular indica a presença da emoção de tristeza.

No final desse trecho ela ajeita o cabeço atrás da orelha, indicando desejo de ser mais assertiva em sua declaração.
Podemos concluir que houveram brigas entre o casal e Raul poderia até ter querido se defender, mas nada comparado a uma agressão.

O especialista em Análise de Declaração, Marcello de Souza atenta para a regra da troca de pronome. Nesse contexto, percebemos a mudança do pronome "tu" para o "você". Não existem sinônimos na Análise de Declaração.
O "tu" tem uma intenção mais ameaçadora, mais severa. O "você" indica algo mais suave, menos agressivo
Ao usar o "tu", Tainá tinha uma intenção mais agressiva quanto a acusação de abandono de lar; mais acusatória. Quando transfere para o "você" a sua intenção passa a ser menos agressiva; talvez até mais manipulativa.


SUMÁRIO: Tainá se mostra ansiosa ao dizer que está feliz, o que nos leva a acreditar que desonestidade nessa afirmação. 
Tainá é evasiva e apresenta omissões em relação aos atos de Fernando. Essas omissões e evasividades constituem um fortíssimo indicativo de desonestidade quando ela afirma que tudo que falaram sobre ele é mentira. Fernando tem culpa.
Ao dizer que Raul abandonou a casa deixando para trás Tainá e a filha, ela é desonesta. Tainá sabe que isso não é verdade.
Ao falar que Raul deixou faltar mantimentos necessários para a filha, ela não tem certeza. 
Quando se refere a traição, mais uma vez podemos notar desonestidade. Em algum momento, Tainá realmente achou que ele a estava traindo. A traição não aconteceu. Tainá usa esse fato para influenciar negativamente a imagem do marido.
Ao falar da agressão, podemos afirmar que, de fato existiu ou existiram momentos em que a briga entre Raul e Tainá se deu de forma mais incisiva, mas nunca houve uma agressão direta intencional por parte de Raul; e Tainá sabe disso.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Análise não-verbal: Dalva Teixeira, filha do médium João de Deus. Acusação de assédio.

O médium espírita, João de Deus, que atende há mais de 40 anos em Abadiânia (Goiás), está sendo acusado de abusar sexualmente e violentar mais centenas de mulheres que iam até Abadiânia para procurar tratamento espiritual.
A filha de João de Deus, Dalva Teixeira, concedeu duas entrevistas em épocas diferentes: A primeira ocorreu em 2016 para um radialista, e nunca foi colocada no ar. A segunda entrevista ocorreu já em 2017, praticamente um anos depois da primeira entrevista; nela Dalva está ao lado de seu pai e desmente toda a história de que tenha sofrido abuso sexual por parte do médium.
O que a linguagem corporal de Dalva Teixeira pode nos dizer nessas duas entrevistas?

ENTREVISTA 1 (2016)

Vamos à análise:

Em 0:28, Dalva diz: "Ele é manipulador, ele é mau, ele é... ele é estranho, ele é diferente... a gente vê que ele é diferente..." 
Ao dizer que ele é manipulador, sua cabeça faz movimentos rápidos de um lado para outro enquanto a direciona para trás. Esse gesto é chamado de "Head Wiggle" e é projetado por indivíduos que demonstram confiança e assertividade no que estão falando. 
O movimento para trás adiciona ao significado uma repulsa ao que está verbalizando, funcionado como um desejo de se distanciar.
As pausas indicam uma intenção de buscar palavras que adjetivam a identidade do pai. Ela não sabe que palavras usar ou tem medo de usar outras palavras

Em 0:30, Dalva emite uma expressão de medo devido a um sutil levantamento das pálpebras superiores, e estiramento horizontal dos lábios.

Em seguida, ainda em 30 segundos, podemos notar uma assimetria facial devido a uma contração mais forte em seu lado esquerdo da face.
Esse gesto tem inúmeros significados dependendo do contexto e dos outros gestos que estão em conjunto. Nesse caso, ele significa racionalização e hesitação em falar.

Ao dizer que ele é mau, Dalva projeta os lábios para frente. Esse gesto é chamado de "Lip Purse" e indica clandestinidade. Há um desejo de Dalva de manter alguma informação (ou parte dela) em segredo.
O fato dela se referir a João de Deus como sendo manipulador, mau, estranho, diferente são palavras que empregam uma certa generalização pois não retratam com fidelidade o comportamento que ele teve com Dalva, de abusador.
Não podemos concluir com plena certeza o porquê Dalva se utiliza desses adjetivos para se referir ao pai, uma das hipóteses seria que ela não sabe como se referir ao pai.



Em 0:34, ela realiza um gesto chamado de "Mutismo" quando seus lábios são enrolados para dentro da boca e existe uma tensão no maxilar.
O "Mutismo" é um gesto clássico de supressão, que pode ser emocional, de algum evento ou de alguma informação. Dentro desse contexto há um desejo de não se pronunciar, de ficar muda em relação ao evento total ou parcialmente. Esse gesto carrega consigo uma alta carga de sentimentos negativos advindo do que está sendo verbalizado.

Em 0:35 ao falar que ele é estranho, ela exibe uma expressão facial de nojo devido a elevação do lábio superior - com incidência maior no lado esquerdo da face.

Ainda em 0:35, Dalva diz que ele é diferente, e nesse momento ela eleva os dois ombros. Esse gesto emblemático indica desconhecimento, dúvida.
Dalva, nesse momento, não sabe o que falar e/ou como falar.

A partir de 1:05, Dalva diz: "O que aconteceu que ele tirou minha roupa toda... ele tirou a dele... e ficou a noite inteira me "amolestando"".
Após dizer "... ele tirou minha roupa toda", Dalva emite mais uma vez o "Lip Purse" (projeção dos lábios) indicando clandestinidade de ideias ou retenção de informação.
Há omissões nesse discurso.
As pausas emitidas por Dalva comprovam essa omissão pois nesses momentos, o cérebro está buscando as palavras que serão usadas em sua declaração.
Devido a omissão, existe uma probabilidade do fato não ter acontecido da forma como Dalva está contando.

Ao falar "amolestando" ela fecha os olhos indicando uma não visualização do fato ou evento. Joe Navarro diz que esse gesto está ligado a emoções negativas e o consequente desejo de evitar que essa imagem ligada ao fato negativo venha à sua mente.
Apesar de omissões, um fato negativo aconteceu.

A partir de 1:13, Dalva diz: "Em viagens, ele colocava o motorista para dirigir, viagens longas, como fizemos uma para a Bahia, ele no banco de... de trás, ele ficava me... "amolestando""
No começo Dalva realiza novamente o gesto chamado de "Head Wiggle", que consiste em movimento com a cabeça de um lado para outro, realizados de forma muito rápida. Indica assertividade no que está falando. Esse gesto pode estar ligado às viagens ou relacionada a alguma viagem específica.
Ao dizer no "banco de trás" ela faz um gesto de distanciamento com a cabeça para trás, juntamente com o ato de fechar os olhos indicando não-visualização ("Eye Shielding"). Esse conjunto gestual pode estar a uma dissimulação ou ao desejo de se afastar da cena que lhe causa um estímulo negativo. 
Nesse trecho existem dois indicativos de incongruência. Ao falar que João de Deus colocava o motorista para dirigir, seus gestos estão em ritmo diferente da fala e ela gesticula para um lado (sua esquerda) e movimenta a cabeça para a direção oposta (para a sua direita)
Podemos notar que existe uma pausa antes de dizer "amolestando". Essa pausa é uma forma do cérebro ganhar tempo para pensar no que dizer ou em qual palavra usará.
A viagem a qual ela se refere realmente aconteceu, porém há uma alta probabilidade de Dalva não ter sido "amolestada" durante essa viagem.

Ainda nesse trecho após dizer "... no banco de trás..." ela emite uma expressão de tristeza devido a sutil contração da parte interna das sobrancelhas com tensão no corrugador e quem dos cantos dos lábios.
Aconteceu algum fato que a deixou triste, mas não necessariamente foi "amolestada"

Ao final desse trecho, novamente vemos a projeção dos lábios para frente ("Lip Purse"). Desejo de reter informações sobre o que acabou de narrar ou o fato não aconteceu exatamente como Dalva narra, havendo uma disparidade entre o que está dizendo e como aconteceu.

A partir de 1:28, Dalva diz: "Isso foi até os... 14 anos. Com 14 anos eu me casei para sair de casa."
Nesse momento, Dalva olha para cima e esquerda. Esse movimento ocular está ligado a lembrança de eventos, imagens.
Ao falar que se casou para sair de casa, ela sinaliza afirmativamente com a cabeça de forma congruente.

A partir de 1:39, Dalva diz: "(ele) Me bateu muito com... com coro de laçar boi que tinha um cimento na ponta e com a vara de ferrão. Inclusive eu tenho a cicatriz aqui e... me bateu muito, muito que eu fui para em esta... que eu fui... que eu fui parar... parar no hospital"
Ao dizer que ele bateu muito, ela afirma de forma congruente com a cabeça. Ao narrar os objetos usados para lhe bater, Dalva se utiliza de gestos ilustradores, que são aquele que ilustram, enfatizam o que está sendo falado.
A repetição do advérbio "muito" indica uma tentativa de convencimento da intensidade das agressões.
As pausas desnecessárias e a palavra cortada ("eu fui para em esta...") indicam omissão e racionalização do que falar.
Apesar desse convencimento, há congruência em pontos dessa declaração.

Após mostrar a cicatriz, Dalva exibe uma expressão de raiva devido ao afinamento dos lábios.

Imediatamente em seguida, ela coloca os lábios para dentro da boca ("Mutismo"). Esse gesto está relacionado a supressão de alguma emoção e/ou evento negativo. Há tensão nesse momento.

Antes de dizer que foi parar no hospital pelas agressões sofridas, ela olha para cima e esquerda. Esse movimento ocular está relacionado à lembrança.
O fato dela gaguejar nesse momento indica uma forte carga emocional de ansiedade e nervosismo.


ENTREVISTA 2 (2017)  - Começa em 3:28

Nesse segundo vídeo temos Dalva Teixeira ao lado de seu pai, João de Deus

Dalva começa dizendo: "Quero declarar a todos que essa pessoinha que tá aqui do lado nunca... nunca me a... abusou sexualmente..."
Podemos notar que apesar dela estar com a mão na cabeça de João de Deus, o que automaticamente cria uma conexão, seu corpo se mantém a uma certa distância. De acordo com estudos de Proxêmica, desenvolvidos por Edward Hall - com pessoas próximas, que amamos ou temos um carinho maior nossa tendência é se aproximar corporalmente destas diminuindo as distancias interpessoais. Quando mais próximo fisicamente da pessoa, maior é a proximidade emocional. 
A distância entre Dalva e o pai é maior do que se espera para familiares que se gostam. Não há inclinação corporal em direção a João de Deus. Esse afastamento denota também um afastamento emocional. O que nos leva a crer que a mão na cabeça é artificial.
Devemos nos atentar também para sua declaração. As palavras sendo proferidas no diminutivo como "pessoinha" diminuem a importância e indicam desprezo.
Além disso, de acordo com Mark McClish, a palavra "nunca" não indica uma negação, pois não especifica tempo. Aqui, Dalva não está negando que houve assédio.
A repetição da mesma palavra confirma a ocorrência de assédio. Isso porque a repetição de palavras indica um desejo de convencimento do que está sendo falado. Uma das máximas da comunicação é que a verdade não necessita de convencimento, pois, por si só, já gera crença positiva nos interlocutores.
Notem que antes de verbalizar a frase "abusou sexualmente" ela "engasga" com suas palavras. Isso demonstra um conflito (dissonância cognitiva e/ou emocional) entre a verdade e o que ela está pensando.


SUMÁRIO: Dalva mostra congruência e honestidade ao dizer que foi "amolestada" por joão de Deus.
Apesar dessa honestidade existem momentos em que ela tem o desejo de reter e omitir informações.
No início do vídeo, podemos notar algumas evasividades quanto a identidade do pai, não excluindo, portanto, o fato dele ter agredido e abusado.
Apesar da congruência, existem incongruências em momentos de sua declaração.
No segundo vídeo, Dalva não nega que houve abuso, nos fazendo acreditar que houve tal ato. Inconscientemente ela assume, por meio de sua declaração.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Análise não-verbal: Modelo Mariana Goldfarb e o desentendimento no trânsito. Movimentos oculares. Ameaça de morte com uma arma?


A modelo Mariana Goldfarb publicou recentemente no seu Instagram uma mensagem dizendo que sofreu uma "fechada" no trânsito.
Durante essa mensagem ela explica como aconteceu e disse que sofreu uma ameaça de morte com arma do homem que realizou a "fechada".
O que sua comunicação não-verbal nos diz a respeito desse ocorrido?

Informação adicional: A imagem está espelhada

Vamos à análise:

No começo do vídeo, mais ou menos, no segundo 6, podemos notar que ela manipula o cordão. Esse gesto é chamado de gesto manipulador ou adaptador e significa um desejo forte de se acalmar diante de um momento de intensa ansiedade.
Quando o momento é de estresse, nosso Sistema Nervoso Central utiliza alguns recursos com o intuito de nos tranquilizar. Pode ser um toque na face, em algum lugar do corpo ou em objetos, como no caso.
Quando o agente realiza um gesto manipulador porém sua face, seu tom de voz e seu corpo não acompanham essa ansiedade, nervosismo, podemos estar diante de uma desonestidade.

Em 0:09, ela se refere ao desentendimento e a ameaça como "uma coisa que não foi legal".
Essa frase foge completamente do padrão comportamental-verbal de uma declaração cujo o fato colocaria em risco o indivíduo. Ela está suavizando um acontecido que inconscientemente não seria suavizado.
Um estado de perigo, jamais seria tratado pelo Sistema Nervoso como uma coisa que não foi legal apenas.

Em 0:11 ela emite um sorriso fora de contexto. Esse sorriso pode ser considerado, segundo Paul Ekman como um "Duping Delight" (Sorriso do Manipulador)
Esse sorriso é emitido quando o agente vai contar um fato e tem a intenção de manipular esse fato.

A partir de 0:12, ela diz: "Mais cedo eu tava vindo... pra Ipanema, pro trabalho...eee... agente recebeu uma fechada, de um outro carro, e aí... o motorista que tava comigo..."
Nesse trecho podemos notar pausas desnecessárias ao contar o fato, e uso de agregadores verbais (eee). Ambos os recursos são usados pro cérebro ganhar tempo no discurso e pensar no que será dito.
A verdade está pronta na nossa cabeça, não havendo a necessidade da utilização desses recursos. Quando eles são usados, significa dizer que ela está pensando no que falar, em como falar.
Há fortes indícios de criação ou omissão.
Durante esse trecho: "e aí..." existe uma movimentação dos olhos para cima e esquerda e logo depois horizontalmente para a esquerda (pois a imagem está espelhada) e por último ela direciona seu olhar para baixo e esquerda. De acordo com estudos da PNL, o movimento dos olhos para cima e esquerda está relacionada a lembrança de um fato; e o movimento horizontal para a esquerda está ligado a lembrança de um som e o direcionamento para baixo e esquerda indica um diálogo interno, fortemente ligado à vergonha. De acordo com o especialista em PNL, Luis Carlos Júnior, essa articulação dos movimentos oculares está relacionado com a clássica omissão
Em resumo: Ela criou uma fato, "jogou" esse fato em uma história real e usou o diálogo interno para montar sua declaração (criação + lembrança), havendo também a presença de vergonha.
Sua cabeça se inclina para a direita em direção oposta ao olhar, ocasionando um desalinhamento corporal. Essa inclinação é chamada de "comportamento de fuga" confirmando a omissão.
Podemos concluir desse trecho que ela se recorda de uma fechada e de algum som que tenha ouvido no momento do acontecido, porém há omissão de como realmente aconteceu e ela se sente envergonhada

A partir de 0:27 existe um corte (comum do Instagram), e ela volta a contar: "E aí, o motorista que tava... eu to suando... eu to suando..."
En quanto fala "o motorista que tava" ela direciona seu olhar para cima e direita. Esse movimento é relacionado à criação.
Nesse momento, ela vai criar uma fala e/ou uma imagem.
Lembrando mais uma vez, a verdade não é criada e sim lembrada.
Ela interrompe o raciocínio para falar que "estava suando". Esse eh um recurso usado para ganhar tempo na resposta, pois esse detalhe é desnecessário para a declaração.
Quando estamos contando uma história em que alguns detalhes precisam ser pensados ou omitidos, o suor é normal pois a criação faz com que o cérebro trabalhe com mais intensidade para escolher as palavras certas e manter uma coerência nessa história.

A partir de 0:32 ela retoma a história: "O motorista que tava... dirigindo... né?... ele foi falar com o moço do lado, falar: "Moço, cuidado porque assim... você pode machucar alguém""
Ao verbalizar a palavra "dirigindo" podemos ver que seu gesto está em ritmo diferente da fala demonstrando uma intensa carga de ansiedade e nervosismo. A arritmia é normal quando se está escolhendo as palavras certas pra usar e quando se tem o desejo de parecer congruente.
Ao replicar as supostas palavras proferidas pelo motorista ela olha para cima e esquerda e logo depois seus olhos se movem horizontalmente para a esquerda. Há nesse momento a lembrança de um imagem e de um som.
Usar o tratamento "moço" indica uma suavização e um distanciamento.
Novamente ela usa pausas desnecessárias para criar a declaração.
Podemos concluir desse trecho que houve uma fala nesse momento (pois ela lembra dessa fala), mas a arritmia corporal, o distanciamento e as pausas indicam que ela está omitindo alguma informação importante e por isso precisa modificar o que realmente aconteceu. O nervosismo é decorrente, exatamente, dessa intenção de omitir.

A partir de 0:42, ela diz: "E aí... ééé... o cara simplesmente abriu o vidro e... apontou uma arma pra mim..."
Novamente o uso de pausas desnecessárias.
De acordo com o especialista em Análise de Declaração, Marcello de Souza, o uso da palavra "simplesmente" tira toda a importância de um fato, que, nesse caso, deveria ser dito de uma forma mais assertiva, afinal ela foi ameaçada com uma arma.
Antes de dizer que apontou uma arma, ela movimenta seus olhos em sentido horizontal e esquerda, lembrando de algo que foi dito. Realiza, também, uma expressão de incredulidade e discordância com o que está dizendo, devido a elevação unilateral da sobrancelha esquerda, queda das pálpebras superiores, projeção dos lábios para frente (foto acima)
Apesar de ter havido omissão em relação a elementos do ocorrido, algo foi dito a ela nesse momento.

Ao dizer: "... apontou uma arma pra mim", podemos notar a elevação unilateral de seu ombro esquerdo indicando dissonância entre a verdade e o que está falando e um aumento do "Pitch" vocal,
deixando sua voz mais aguda
De acordo com Joe Navarro a elevação unilateral dos ombros ("Shoulder Shrug") também está ligado a falta de comprometimento emocional com o que está dizendo. Deixando portanto, o discurso completamente racional.
O aumento do "Pitch" vocal indica a contração do músculo da garganta, devido a ansiedade e nervosismo.
Esse conjunto nos diz que há uma desonestidade ao contar um fato (apontar a arma para si) que, necessariamente, deveria ser emocional, pois existe perigo de vida.
Ela não apresenta padrões de comportamentos ligados ao fato de ter uma arma apontada para si e ter corrido risco de vida. Dentro desses padrões estão as emoções de raiva e medo, um tom de voz firme condizente com ter sofrido ameaça mediante arma de foto, e um discurso linear e emocional
Não houve arma apontada.

A partir de 0:52 ela continua: "E disse que... ia me matar"
Novamente podemos ver uma pausa desnecessária.
Ao falar "ia me matar" ela sorri fora de contexto ficando ruborizada juntamente com a negação com a cabeça. Esse sorriso é comum acontecer diante de uma situação que gera ansiedade, vergonha e um desejo de camuflar. Ambos ligados a omissão.
Muito provavelmente o que foi dito a ela não foi nada tão grave quanto uma ameaça direta de morte.

A partir de 1:14, a modelo diz: "Várias coisas aconteceram em alguns segundos, mas uma coisa que aconteceu que foi muito forte pra mim foi que eu podia ter morrido ali, né?"
Nesse trecho é interessante observar os movimentos oculares: Em um primeiro momento ela olha para cima e direita (criando uma imagem), depois direciona seu olhar para cima e esquerda (lembrando de um fato) e depois olha horizontalmente para a esquerda (lembrando de um som).
Ela está criando algo em cima de um fato que presenciou e que ouviu.
O uso do "né?", de acordo com estudos de Análise de Declaração indica incerteza, pois passa a responsabilidade da resposta aos interlocutores.
Novamente podemos afirmar que não houve possibilidade dela ter morrido.

Em 1:27, ela diz: "Eu não tive nenhum arrependimento... tipo... eu não pensei, não passou nenhuma coisa na minha cabeça assim: ééé.. Ah! mas você fez mal para essa pessoa... então, ah!... ééé... você não viveu a sua vida bem..."
É importante citar aqui um princípio que diz que a nossa mente não reconhece uma negação. Ou seja, ao dizermos que não pensamos em nada, automaticamente pensamos.
Ao dizer que não pensou, ela direciona seus olhos para cima e direita. Ela está criando uma situação que não aconteceu. Não houve o fato de pensar em algo. Ela não teve esse momento de introspecção.
Logo depois ela direciona seus olhos horizontalmente para a direita (está criando uma fala) ao dizer "mas você não fez mal para essa pessoa". Isso mostra que em nenhum momento ela disse essas palavras para ela mesma.
O fato dela ter citado em sua declaração que não teve arrependimento e que não fez mal para a pessoa indicam que esse eh um elemento sensível para ela verbalizar nesse momento. O que mostra que ela pode sim ter se sentido arrependida e ter feito mal a pessoa.
Novamente ela manipula seu cordão com mais intensidade. Há aqui uma alta carga de ansiedade.
Podemos concluir desse trecho que existe uma probabilidade dela ter se arrependido de algo que ela deseja omitir.


SUMÁRIO: A modelo Mariana Goldfarb apresenta sinais de tensão e nervosismo durante todo o vídeo.
Ela omite informações que aconteceram em um fato real (a fechada no trânsito ou algum fato semelhante). Ou seja, há criações em cima de um fato que aconteceu.
Não houve uma ameaça direta de morte, apesar de ter havido discussão no trânsito.
A falta de comportamentos padrões (raiva, medo, assertividade na declaração, tom de voz firme) de que é vítima de uma arma de fogo apontada para si mostram que esse fato não aconteceu.