quinta-feira, 18 de julho de 2019

Análise não-verbal: Padre Marcelo Rossi falando sobre empurrão sofrido. Emoções sentidas

Recentemente, enquanto celebrava uma missa em São Paulo, o Padre Marcelo Rossi sofreu um ataque inesperado de uma mulher que o empurrou do palco. Logo após esse fato, o Padre veio à público por meio da imprensa dizendo que estava tudo bem.
O que será que sua linguagem corporal tem a nos mostrar?

Vamos à análise:

Logo no começo do vídeo, antes de começar a falar, notamos no padre a expressão de raiva e nojo.
Podemos identificar a raiva pelo afinamento dos lábios. O nojo pode ser notado pela acentuação da prega naso-labial.
De acordo com observações, a presença dessas duas expressões emocionais indicam que o comportamento que gerou essa composição de emoções é visto pelo agente como algo inaceitável moralmente, geralmente ligado a uma ação violenta.

Em 0:04, ainda antes de começara responder, ele realiza um gesto manipulador de toque no nariz. Esse gesto indica que o padre está passando por um momento de ansiedade e/ou emoções negativas. De uma forma mais específica, esse gesto indica que a psiquê do Padre precisa ser regulada para cima, ou seja, ela precisa se tornar mais assertiva, suprimindo suprimindo a emoção negativa, e isso é feito no momento em que ele realiza o gesto manipulador no nariz.

Em 0:05, quando falam "gravando", podemos notar um sorriso falso na face do Padre Marcelo Rossi. Isso porque vemos apenas a contração no músculo do zigomático menor (responsável pela elevação dos cantos do lábios), sem a contração dos orbiculares dos olhos (responsável pelos "pés de galinha"). Esse sorriso falso tende a ser emitido para esconder uma emoção negativa.

Em 0:08 - 0:09, O Padre diz: "Maria passou na frente e pisou na cabeça da serpente."
Essa frase acontece antes dele dizer que está ótimo. De acordo com estudos de Análise de Declaração, o uso de metáforas, principalmente antecedendo a informação principal, pode ser um indício de manipulação, isso porque, ao ouvir uma metáfora o subconsciente, se conforta previamente e existe um preparo para receber a informação posterior, quando a metáfora é utilizada baseadas nas mesmas crenças e valores dos ouvintes dela, ela cria um "Rapport" (conexão) instantâneo com esses ouvintes, e isso faz com que a mensagem posterior, que no caso é a mais importante, chegue para esses ouvintes de uma forma mais leve, imprimindo mais conforto e tranquilidade para receber a noticia. Em outras, palavras o uso de metáforas, nesse caso faz com que os interlocutores possam se tranquilizar antes de uma notícia mais séria.

Em 0:12, o Padre diz: "Estou ótimo"
Milésimos de segundos antes dele verbalizar essas palavras, podemos notar uma negação de cabeça. Isso indica uma possível incongruência entre o corpo e o que será falado a seguir, que no caso é uma afirmativa.
Nesse momento, junto com essa incongruência, vemos que o padre realiza um gesto ilustrador de mostrar a palma de sua mão. De acordo com estudos de comunicação não-verbal, mostrar a palma da mão é um indicativo de honestidade, sinceridade, porém, os gestos de mãos, podemos ser facilmente manipulados - feitos de forma consciente. Isso acontece, segundo Allan Pease, porque a distância entre o cérebro e as mãos é pequena, e essa distância curta, permite que tenhamos mais controle consciente dos gestos realizados com as mãos. Isso explica o fato dos gestos serem treinados mais facilmente para passarem a mensagem não-verbal desejável.

Logo depois, no final desse trecho (0:13), podemos ver que o Padre emite uma expressão de desprezo, devido a cação do músculo do bucinador no lado esquerdo. Nesse contexto, podemos dizer que esse desprezo está ligado ao chamado "Duping Delight" que é o sorriso do manipulador. Ele se dá de forma unilateral e acontece quando o a gente percebe que a mentira que está contado tende a ser acreditada pelo interlocutores.
Em resumo, nesse momento, Padre Marcelo Rossi não está sendo honesto quanto a o seu estado, mas acredita que conseguirá convencer do contrário.

Em 0:14, o Padre Marcelo Rossi diz: "Amém"
Nesse momento o Padre toca o plexo solar com a palma da mão. Esse gesto é emocional e tem um grande coeficiente de sinceridade. 
Contextualizando: os indivíduos, principalmente líderes religiosos, têm uma forte ligação emocional com essa palavra, que significa "certamente", "verdadeiramente", aprovação incondicional. Para ilustrar, de forma não-verbal, essa palavra, é congruente que o gesto seja exatamente esse, havendo congruência entre o que setá sendo dito e sinalizado.

A partir de 0:19, o Padre diz: "Fiquem tranquilos... tudo bem..."
Ao pedir pros interlocutores ficarem tranquilos, ele realiza um gesto alfa, chamado de "Falsa Reza", nesse contexto, indica um pedido aos interlocutores, demonstrando congruência, pois esse gesto é realizado quando ele pede para que se tranquilizem.

Antes de dizer que está "tudo bem", podemos ver um movimento amplo de cabeça para a direita seguida de uma negação com a cabeça enquanto verbaliza o "tudo bem". Aqui vemos uma incongruência entre o verbal e o não-verbal. Ele afirma com as palavras, mas nega com a cabeça.

Em 0:22, o Padre Marcelo Rossi diz: "Só umas dorzinhas..."
Nesse momento, ele realiza uma expressão facial interessante.
A princípio, sua configuração facial é de nojo, mas devido a sua intensidade alta e o contexto, essa expressão é chamada de "Rationalization-Rapport-Empathy-Expression" (R2E2). Esse conceito foi trazido pelo especialista em linguagem corporal Jack Brown. Segundo ele, a expressão "R2E2" tem a mesma configuração do nojo, mas ela sinaliza uma intenção de regular a interação de forma empática e conseguir se conectar com os interlocutores. Quando essa expressão aparece, o interlocutor está tentando convencer os interlocutores, e até a si mesmo, do que está falando.
Padre Marcelo Rossi, demonstra que as dores não são somente "dorzinhas", apesar dele estar tentando convencer os interlocutores disso, e em um nível consciente, até a si mesmo.

Em 0:26, novamente o Padre emite a expressão de desprezo, devido a contração do bucinador em seu lado esquerdo.
Essa expressão, nesse contexto, indica que ele acredita que foi bem sucedido nessa pequena satisfação desonesta, dada para imprensa, do que aconteceu com ele. Nesse caso, pode ser visto como um "Duping Delight"
Com as mãos ele realiza um gesto de dar as mãos para si mesmo. Esse gesto é considerado híbrido (nem dominante e nem submisso)


SUMÁRIO: O Padre Marcelo Rossi demonstra emoções de raiva e nojo pelo acontecido. Apresenta fortes indícios de desonestidade ao dizer que está tudo bem e sente só "umas dorzinhas".
O Padre deseja que os interlocutores se tranquilizem e não fiquem preocupados com ele.

terça-feira, 16 de julho de 2019

Análise não-verbal: Neymar e sua postura. Foto com mulheres. Submissão?

Recentemente, o jogador Neymar foi até a emissora SBT fazer algumas gravações e, logicamente, pela sua fama, tirou fotos com alguns funcionários da emissora que solicitaram esse registro ao jogador.
Uma das fotos virou polêmica na internet. Nela podemos ver Neymar rodeado de mulheres. Os comentários acerca desse registro foram de que o jogador parecia um tanto desconfortável.
Será que sua linguagem corporal nos passa essa informação? Se sim, quais os sinais que podem nos levar a essa conclusão?

Vamos a análise:

Primeiramente é importante dizer que devemos ter muito cuidado ao analisarmos fotos. Nesse tipo de registro, não vemos reações inconscientes; as posturas, gestos, podem ser manipulados, transmitindo assim uma intenção consciente.
No caso do jogador, é importante dizer que, pelos sinais não-verbais e pelo contexto, há uma forte probabilidade de que os sinais não-verbais transmitidos sejam inconscientes - e não posados, expressando o real estado emocional do jogador.


Na fotos podemos notar um conjunto gestual de três sinais que nos indicam que Neymar está realmente desconfortável com aquela situação.

Sorriso falso: Na foto podemos observar que Neymar exprime um sorriso unilateral. De acordo com Paul Ekman, sorrisos unilaterais são considerados falsos
Sorrisos verdadeiros indicam um estado genuíno de felicidade, alegria; já sorrisos falsos indicam que o indivíduo não está experimentando uma emoção positiva naquela situação. Ele sorri como uma tentativa de transmitir uma positividade que na realidade não sente.









Tensão nos ombros: Podemos notar um forte tensionamento nos ombros. Indica que há um desconforto presente e que seu estado emocional é de total desligamento. Geralmente o agente que realiza essa postura não está gostando da relação.



Geralmente esse gesto acontece quando existe uma "invasão territorial". De acordo com o antropólogo americano Edward Hall, somos envoltos em uma "bolha invisível" e só deixamos aqueles que temos um certo grau de afinidade, se aproximar dessa bolha invisível e até transpassá-la. Em resumo, quanto mais afinidade nos temos com determinados indivíduos, mais próximos permitimos que eles fiquem de nós. Em contra-partida, quanto menos afinidade nós temos, mais distante desejamos que eles fiquem.
Quando, apesar da pouca afinidade, pessoas estranhas a nós, invadem esse nosso espaço pessoal, nosso corpo reage demonstrando desconforto, pois não houve uma permissão real para essa proximidade.

Gesto de castração: Reparem que o jogador está com suas mãos na frente do seu órgão genital. Esse gesto é chamado de "Gesto de Castração". Ele é considerado um gesto beta (submisso) e indica que o jogador está extremamente desconfortável e, inconscientemente está se protegendo e buscando conforto. Denota pouca assertividade e fraqueza emocional.






SUMÁRIO: Neymar demonstra conjunto gestual de desconforto.

segunda-feira, 1 de julho de 2019

Análise não-verbal: A Deputada Flordelis fala sobre a morte de seu marido. Omissões?

Recentemente a Deputada Flordelis e sua família se envolveram em uma polêmica que ganhou as manchetes dos principais meios de comunicação.
O marido da Deputada, o pastor Anderson do Carmo foi morto com vários tiros em frente à sua casa na cidade de Niterói, no Rio de Janeiro.
Segundo depoimento à polícia, após Anderson ter chegado de uma confraternização, com sua esposa, este teve que retornar à garagem para buscar algo no carro, nesse momento foram ouvidos tiros.
Um dos filhos da Deputada e do pastor, confessou que foi o executor do crime.
A Deputada Flordelis deu uma coletiva de imprensa aonde falou pela primeira vez sobre o ocorrido. O que será que sua linguagem corporal nos diz?

Vamos a análise:

Em 0:17, ao falar do marido, podemos notar a emoção de desprezo devido a elevação unilateral do lado direito e contração do bucinador, também no lado direito

Em 1:20, a Deputada diz: "Tudo isso foi feito por ele"
Nesse momento há uma projeção de língua para fora. Movimento chamado de "Tongue Jut". Em um primeiro momento indica ansiedade, porém de forma mais específica, segundo Joe Navarro, pode indicar, dentre outras coisas, uma intenção do agente de sair ileso da situação.
Trazendo para o contexto, tudo que a Deputada Flordelis, falou até esse momento tem a finalidade de gerar empatia e fazer com que ela consiga fugir de perguntas mais capciosas.

A partir de 1:21, Flordelis diz: "Então meu marido, ele era, ééé... uma pessoa muuuito imporrrtaaante... na minha vida"
Aqui vemos o uso de prolongamentos verbais, agregadores (ééé) e pausas desnecessárias.
De acordo com estudos de Paralinguagem, esses elementos são chamados de "Disfonias da Fala" e indicam um desejo de ganhar tempo para pensar na resposta. O autor Mark Knapp, também se refere a esses elementos como "Distúrbios da Fala"
Um discurso sincero segue um padrão regular, uma fluidez; quando essa estrutura sofre uma ruptura, através dos distúrbios, dependendo do contexto, há uma forte incongruência
Os prolongamentos verbais também nos sinalizam uma tentativa de convencimento.
Ao verbalizar a palavra "importante", notamos que sua voz se apresenta de forma trêmula, indicando um tensionamento nos músculos da garganta, causado pela liberação de hormônios ligados ao estresse.
No final do trecho existe uma pressão juntamente com avanço dos lábios (foto acima). Esse gesto de avanço é chamado de "Lip Purse". Segundo o especialista Jack Brown, esse gesto, nesse trecho, indica uma disparidade entre o que está verbalizando e o que realmente está pensando.

Em 1:37, vemos uma expressão de nojo, pela elevação do lábio superior, queda no canto dos lábios.

A partir de 1:43, Flordelis diz: "... e eu quero justiça"
Ao verbalizar a palavra "justiça" existe uma leve alteração no timbre vocal. Sua voz fica trêmula. Essa característica indica um alto nível de ansiedade.
Ainda ao proferir essa palavra, vemos uma movimento com o braço esquerdo em ritmo diferente da voz. Mais um sinal de ansiedade.
Analisando o contexto, existe desonestidade ao dizer que quer justiça.

A partir de 1:47, a Deputada diz: "Não entendo... entendeu?. Se for provado que foram os meus filhos, eu quero saber o porquê; porque nós estávamos num momento de harmonia muito boa na nossa casa..."
De acordo com estudos de Análise de Declaração, usar uma pergunta durante uma afirmativa ("entendeu?") constitui dúvida do que está dizendo, isso porque a pergunta no meio de uma afirmativa transfere a responsabilidade da resposta para terceiros, se eximindo, portanto, dessa responsabilidade.
Entre as palavras "porque" e "nós" existe uma inspirada funda alterando o padrão cardio-respiratório. Isso nos indica um alto nível de ansiedade ao falar desse tema.
Ao dizer que estavam em um momento de harmonia muito boa, ela existe uma expressão de nojo devido a acentuação da prega naso-labial e a queda do canto dos lábios (foto acima). Aqui temos incongruência. Não houve essa harmonia
Ao falar "nossa casa", sua voz fica trêmula, indicando ansiedade e confirmando, portanto a falta de harmonia.

A partir de 2:05, a Deputada fala: "Nós estávamos vivendo um momento muito, muito bom... no nosso lar, na nossa família"
De acordo com estudos de Análise de Declaração, a repetição de palavras ("muito, muito") indica uma tentativa de convencimento. Há a necessidade de reforçar para que o interlocutor se convença de que o que está sendo falado é real. A explicação disso é porque o cérebro aprende por repetição, então se a palavra for repetida várias vezes, existe mais chances de que o interlocutor internalize a mensagem, e se convença.
Ao dizer "muito bom", notamos uma negação de cabeça da Deputada, o que constitui uma incongruência entre o verbal (afirmativa) e o não-verbal (negativa).
Logo após, existe uma pausa desnecessária, como um processo para o cérebro ganhar tempo e pensar no que falar.
Ao final desse trecho, novamente vemos uma pressão nos lábios, juntamente com um ligeiro avanço (foto acima), sendo sinal de disparidade entre o que está sendo falado e o que está pensando (Jack Brown).

A partir de 2:26, Flordelis diz: "... e se foi um dos meus filhos, eu quero que eles sejam punidos; eu quero justiça"
Ao dizer "eu quero justiça" notamos um afastamento de cabeça juntamente com uma movimentação arrítmica no braço esquerdo.
Existe também medo em sua face devido a elevação da parte interna e externa das sobrancelhas, juntamente com a contração no corrugador, elevação das pálpebras superiores, estiramento horizontal dos lábios e leve abertura da boca.
Esses dois sinais indicam desonestidade por parte da Deputada ao pedir justiça.

A partir de 2:37, ao dizer que perdeu um amigo, podemos ver uma expressão de desprezo devido a contração no bucinador em seu lado esquerdo

Em 2:53, após dizer que quer justiça pelo que aconteceu ao seu marido, notamos novamente uma expressão de desprezo, devido a contração do bucinador em seu lado esquerdo.

* Em 2:55, uma repórter Pergunta à Deputada o que ela tem a dizer sobre algumas questões que estão circulando na mídia. São elas: (1) A repórter começa perguntando se a Deputada entregou o seu celular à polícia, pois existe uma dúvida se ele estaria perdido ou não; e (2) que Flordelis e mais três filhas colocavam medicamento na comida do pastor, e que inclusive, uma dessas filhas teria pago uma quantia em dinheiro para outro filho da Deputada, para que este matasse do pastor;

Durante a pergunta da repórter a cerca da medicação dada constantemente ao marido, vemos a seguinte sequência gestual:

  • 3:11 - durante a pergunta da repórter sobre a medicação dada constantemente ao marido, vemos uma microexpressão de medo pela elevação das sobrancelhas na parte interior e exterior, contração do corrugador, elevação das pálpebras superiores e estiramento horizontal dos lábios.
  • 3:14 - Ela coça ao lado do nariz, constituindo um gesto pacificador, cuja a função é se acalmar diante de um momento de ansiedade. Podemos confirmar que essa pergunta é um "ponto quente" que a deixa ansiosa.

  • 3:15 - Logo depois ela faz o seguinte conjunto gestual: fecha os olhos, gira a cabeça para sua direita, pressiona os lábios projetando os para frente de forma sutil, emite desprezo (contração bilateral do bucinador). Fechar os olhos, girar a cabeça e o desprezo indicam que a Deputada deseja se afastar do que foi perguntado. Gestos de distanciamento indicam que o agente não gosta, não respeita ou não concorda com o que está sendo visto ou dito.
    O avanço dos lábios ("Lip Purse"), nesse contexto, indica omissão de informação e confiança. Há algo que a Deputada quer omitir e possui confiança de que o que está planejando ou idealizando terá êxito.
  • Ainda em 3:15 ela abaixa a cabeça fecha os olhos e eleva as sobrancelhas
    Fechar os olhos e elevar as sobrancelhas, simultaneamente, são movimentos não-naturais e em sentidos opostos (os olhos se movimentam para BAIXO e as sobrancelhas para CIMA), portanto constituem um forte indício de desonestidade. De acordo com Jack Brown, esses movimentos opostos, conjugados com abaixar a cabeça, podem constituir uma discordância fingida.
    Podemos concluir desse trecho que existe medo em relação ao episódio do medicamento, ao mesmo tempo, Flordelis omite informações relacionados a ele. Juntamente com essa omissão existe um sentimento de superioridade e confiança no que está planejando falar ou agir em relação a esse episódio. Em outras palavras, existe medo, em contrapartida, há também uma confiança em seus planos.

Em 3:18, enquanto a repórter pergunta a Deputada sobre o fato de uma de suas filhas ter pagado um dos filhos para matar o pastor, vemos que Flordelis contrai o corrugador de forma intensa.
Charles Darwin, denominou esse músculo como o "músculo da dificuldade". Ele reparou que essa contração acontece diante de qualquer dificuldade mental ou física. Indica perplexidade, confusão, concentração, determinação, etc.
De acordo com Paul Ekman, essa contração muscular indica falta de compreensão.
Aqui, a Deputada pode estar confusa quanto a pergunta.

Em 3:27, a Deputada começa a responder: "Bem, sobre o meu celular..."
Esse trecho é pequeno mas já nos diz muita coisa. Logo após começar a falara responder, a Deputada Flordelis realiza um gesto de projetar a língua para fora da boca, chamado de "Tongue Jut". Segundo Joe Navarro, esse gesto é visto quando o agente acha que vai conseguir sair ileso de alguma situação. Pode indicar também auto-incriminação ("Eu fiz besteira"). Ainda segundo esse autor, quando esse gesto é visto antes de começar o discurso, existe uma alta probabilidade dessa declaração que será feita ser uma forma de evasividade
Em resumo, tudo que a Deputada falar depois de ter realizado o gesto, tem uma alta chance de ser uma manobra manipulativa visando sair ilesa da situação. Ou seja, tudo o que ela falar em relação ao celular tem um intuito manipulativo, logo, um indício de desonestidade.
Notamos que Flordelis responde com elementos incongruentes com uma resposta direta.
De acordo com estudos de Análise de Declaração, uma resposta crível e direta constitui em uma afirmativa ou negativa, seguida da justificativa.
No contexto da pergunta, Flordelis devia responder "Não, eu não entreguei o celular a polícia porque..." ou "Sim, eu entreguei o celular a polícia...".
Em sua resposta, a Deputada começa com uma justificativa, adicionando a ela elementos deflexivos com o intuito de evasividade (elementos que não fazem parte da pergunta - ex: pen drive, fotos, quantidade grande de filhos, etc), e só depois responde a pergunta
Essa estrutura de resposta está incongruente, logo, existe uma intenção de manipular e omitir informações a respeito do celular.

Somente em 4:18, a Deputada começa a responder, de forma direta, sobre a localização do celular. Ela diz: "Se perguntarem pra mim hoje aonde está esse celular; eu respondi ontem na delegacia que eu não sei... né?. Como eu disse, eu tenho uma casa cheia de filhos; e meu celular, como eu disse, eu nunca fui uma pessoa muito apegada a celular; as pessoas que convivem comigo, sabem disso; os meus amigos de fora também sabem..."
Antes de começarmos a analisar esse trecho, temos que observar que a Deputada começa a responder sobre o celular em 3:27, mas a sua resposta direta só acontece em 4:18, quase um minuto depois. Isso por si só já configura uma tentativa de manipulação e fuga.
Ao dizer "eu não sei", existe uma quebra de fluidez, dando uma pausa ligeiramente maior em cada palavra ("eu - não - sei"). Enquanto ela verbaliza essa frase, podemos notar uma projeção de língua ("Tongue Jut") e uma sutil elevação no ombro esquerdo ("Shoulder Shrug"), indicando desejo de fuga e falta de confiança em suas palavras.
Ela sabe aonde está o celular.
Quando diz: "as pessoas que convivem comigo, sabem disso; os meus amigos de fora também sabem..." ela deseja criar empatia. Estudos mostram que em um discurso quando se usa terceiros para nos dar credibilidade, existe uma intenção de gerar empatia e convencimento.

A partir de 4:56 - 4:57, a Deputada diz: "... como todas as minhas coisas, na minha vida, lá em casa é coletiva. Minhas coisas não são muito pessoais. Eu ééé... são minhas e dos meus filhos"
Verbalmente nós notamos uma confusão no discurso juntamente com agregador verbal (ééé...), o que reforça essa confusão
Não-verbalmente notamos que os gestos estão fora do ritmo. Existe uma diferença rítmica entre a voz e o gestual. Essa disparidade constitui uma incongruência, o que é um indicativo de desonestidade.


SUMÁRIO: A Deputada Flordelis apresenta desprezo pelo marido e sinais verbais que confirmam uma falta de ligação emocional com Anderson do Carmo. Há também uma confirmação de que o casamento deles não estava tão bem quanto ela diz.
Há indícios de desonestidade referentes ao seu desejo de que haja justiça nesse caso.
Flordeliz mostra sinais de medo, distanciamento e omissão/confiança ao ouvir uma pergunta sobre a administração de medicamento ao seu marido. Significa dizer que ela não gostou da pergunta e apesar do medo que essa pergunta gera, ela se sente confiante de que terá sucesso executando seu plano ou ideia que está sendo omitida
Em relação ao desconhecimento da localização do celular, ela demonstra sinais fortes de desonestidade.