quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

[Análise não-verbal]: Jogador Ramirez nega racismo e se defende de acusações. Caso Gerson. Houve racismo?

Recentemente, em uma partida de futebol entre os times Flamengo e Bahia, o jogador Índio Ramírez - pertencendo ao Bahia - teria praticado dois atos de racismo contra diferentes jogadores do Flamengo.
O primeiro teria sido contra o jogador Bruno Henrique; e logo depois, já nos segundo tempo - durante uma discussão - a injúria racial teria sido contra o jogador Gerson. Segundo o próprio Gerson - em uma entrevista após o jogo - Ramírez teria dito para ele "Cala a boca, negro".
Como consequência do possível ato, Ramírez foi afastado até que tudo seja investigado.
Dois dias após o fato, Gerson teria prestado depoimento para esclarecer os acontecimentos.
O jogador do Bahia, Índio Ramírez veio a público contar a sua versão dos acontecimentos. O que sua linguagem corporal pode nos dizer? Será que ele realmente proferiu comentários racistas contra o jogador do Flamengo?

domingo, 6 de dezembro de 2020

[Análise não-verbal]: O comediante Marcius Melhem fala sobre denúncias de assédio sexual e moral. Culpabilidade?

O comediante, ator e ex-diretor do núcleo de comédia da Rede Globo, Marcius Melhem teve seu nome envolvido em várias denúncias de assédio, tanto moral quanto sexual.
Os atos de abusivos praticados pelo ator vieram à tona em 2019 após a, atriz - Dani Calabresa dar publicidade a eles.
Recentemente, a revista Piauí fez uma matéria completa e detalhada sobre o caso Marcius Melhem. Segundo a revista, em 2017, o comediante teria tido comportamentos abusivos com Dani Calabresa, que detalhou como tudo aconteceu. A matéria trouxe também outros casos de abusos, tanto morais quanto sexuais, que o, até então, diretor global teria praticado.
Após a divulgação da revista, Marcius concedeu uma entrevista em que se pronuncia, pela primeira vez, sobre as denúncias que sofreu, tanto por parte da atriz Dani Calabresa, quanto pelas outras pessoas que também se sentiram abusadas.
Nossa análise recairá apenas sobre um trecho da entrevista que o ator Marcius Melhem concedeu ao site UOL. Nesse recorte, avaliaremos os sinais verbais e não-verbais presentes, com a finalidade exclusivamente didática de responder o que sua linguagem corporal pode nos informar à respeito de tudo o que aconteceu e está acontecendo.

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

[Análise não-verbal]: Caso Robinho. O jogador fala sobre condenação de estupro. Inocente? Arrependido?

Voltou à tona o caso do jogador de futebol Robinho que, em 2017, foi acusado de ter participado de um estupro coletivo contra uma jovem albanesa, em Milão, na Itália.
O fato criminoso teria acontecido em 2013, quando o esportista Robinho e mais cinco amigos teriam levado a jovem para o camarim de uma boate em Milão, e lá praticado o ato criminoso.
Robinho está em liberdade e recorrendo da sentença condenatória feita com base no código penal italiano.
Recentemente, o jogador deu uma entrevista ao UOL aonde ele fala pela primeira vez sobre esse caso.
que  sua linguagem corporal pode nos dizer: Será que ele é inocente? Será que está arrependido?

Vamos à análise:

Em 0:20, Robinho começa dizendo: "Não, não tive relação sexual com ela não"
Durante essa frase, podemos ver uma movimentos corporais em ritmo diferente da fala
Sua movimentação não-verbal fica muito intensa e descoordenadaO gesto de negação com a cabeça fica muito acelerado, diferente do ritmo vocal. Além disso, existe aumento na frequência do número de piscadas.
Segundo a doutrina de Comunicação Não-Verbal tanto o aumento da intensidade de movimentação corporal quanto o aumento no número de piscadas indicam que o a gente está recebendo uma grande quantidade de hormônios ligados ao estresse e ansiedade
Há intenso nervosismo em Robinho ao negar que teve relação sexual com a vítima.

A partir de 0:22, o jogador diz: "A gente... né?... teve relação entre homem e mulher; relações... que o homem tem com a mulher, mas não chegou a ter nenhuma relação sexual. Nenhuma penetração. Nada disso".
As reticências acima representam pausas desnecessárias. De acordo com estudos de Statement Analysisessas pausas representam a intenção do agente de ganhar tempo para pensar no que vai dizer, para estruturar melhor sua resposta. Logo, pode ser considerado um discurso racional, pensado, não-natural.
No começo, ele usa o advérbio "né?". De acordo com Mark McClish, o uso desse advérbio indica dúvidaO agente está inseguro e deseja passar a responsabilidade da resposta para os interlocutores. Podemos classificar que o jogador demonstra incerteza no que está falando.
Robinho afirma que ele teve, com a vítima, "relação entre homem e mulher". O que seria para ele esse tipo de relação? O que, para ele, acontece quando tem esse tipo de relação acontecendo? - Há omissão. Logo em seguida, ele diz: "relações... que o homem tem com a mulher". Basicamente é a mesma frase anterior. Segundo estudos de Statement Analysis, a repetição, pode indicar tentativa de convencimento.


Ainda referente a esse trecho, ao dizer: "... mas não chegou A TER NENHUMA RELAÇÃO SEXUAL", reparem que o seu corpo se move, novamente, de forma desarmônica
Inicialmente, vemos uma elevação bilateral sutil em seus ombros. Esse movimento, indica desconhecimento e dúvida em relação ao que está sendo dito ou ouvido. [No recorte acima em câmera lenta, retirado do vídeo, é possível observarmos essas dinâmicas]
Robinho está incerto de suas palavras. Há uma alta probabilidade de desonestidade.

Praticamente conjugado a isso, vemos seus braços se movimentarem de forma mais acelerada e a frequência de suas piscadas aumentarem
 Esses sinais indicam ansiedade, tensão e nervosismo, pois quando estamos vivenciando esses estados emocionais, existe a liberação, na corrente sanguínea, de adrenalina, cortisol e outros hormônios.
Em um contexto de culpa/inocência, esses sinais, aliados aos vistos anteriormente, constituem um forte indício de desonestidade.


Ao dizer "nenhuma PENETRAÇÃO", vemos novamente uma elevação bilateral de seus ombros.
Segundo a doutrina de Comunicação Não-Verbal, a elevação bilateral dos ombros é um gesto emblemático (ou seja, seu significado é conhecido em uma determinada região, país, ou universalmente) e indica desconhecimento/incerteza - basta lembrarmos do gesto que fazemos quando queremos dizer "eu não sei". Elevamos os dois ombros para passar essa informação.
Robinho não tem certeza do que está falando. Possível desonestidade.
[No recorte acima em câmera lenta, retirado do vídeo, é possível observarmos essas dinâmicas]


No final do trecho, depois de verbalizar 
"... nada disso", observamos uma expressão de desprezo, devido a contração do músculo do bucinador, na extremidade direita do canto da boca.


A partir de 0:36, Robinho responde: 
"Na verdade, eu saí né? Eu fui antes pra casa. E eles {amigos que supostamente participaram do estupro} me contaram depois o que eles fizeram. Com o consentimento da garota, a gente fez isso e isso e isso e isso. Realmente, eles me contaram depois".
Aqui, o jogador conta o que teria acontecido.
Ao dizer "Na verdade eu saí, né?", vemos uma projeção de língua para fora da boca ("Tongue Jut"). De acordo com o especialista Joe Navarro, esse gesto indica em um primeiro momento um pico de ansiedade. Mais especificamente, é um sinal de auto-incriminação - como se o a gente estivesse falando "eu fiz besteira", "eu quero sair ileso da situação". 
Juntamente vemos uma expressão de medo, devido a elevação das sobrancelhas em suas porções interna e externa e elevação das pálpebras superiores.
Essa emoção ocorre também em outros momentos do vídeo.

Quando diz: "Eu fui ANTES pra casa", podemos ver uma elevação bilateral em seus ombros. [No recorte acima em câmera lenta, retirado do vídeo, é possível observarmos essa dinâmica]
Segundo a doutrina de Comunicação Não-Verbal, esse gesto emblemático indica desconhecimento/dúvida no que está sendo dito ou ouvido

Após dizer 
"... casa", vemos uma expressão de medo em sua face, devido a elevação das partes interna e externa das sobrancelhas, elevação das pálpebras superiores e estiramento horizontal dos lábios.



Ainda referente ao trecho principal acima, em 0:41, novamente podemos ver a 
elevação unilateral no ombro direito de Robinho. [Na foto acima, é possível observar o desnível entre o ombro direito e o esquerdo]



Na parte final, ele diz 
"REALMENTE eles me contaram depois". Na palavra em caixa alta, ele exibe novamente uma sutil elevação unilateral com os ombros
Esse gesto chamado de "Shoulder Shrug" indica insegurança no que está sendo dito
[No recorte acima em câmera lenta, retirado do vídeo, é possível observarmos essa dinâmica]
A conjugação dos sinais mostrados anteriormente, corroboram para a confirmação de que Robinho está sendo desonesto em dizer como tudo aconteceu.


Após terminar de falar, ele emite novamente a emoção de desprezo, devido a contração do músculo do bucinador, na extremidade direita do canto da boca.

Em 0:44, o repórter pergunta: "Você não tava presente né?"
Robinho responde: "Não não não"
Durante a resposta, vemos um sutil afastamento de cabeça para trás, por parte do jogador, juntamente com a ação de fechar os olhos ("Eye Shielding") somada à elevação das sobrancelhas. [No recorte acima em câmera lenta, retirado do vídeo, é possível observarmos essas dinâmicas acontecendo]
O afastamento de cabeça para trás é chamado de "comportamento de distanciamento". Quando esse gesto é realizado, o agente tem a intenção de fugir da situação, se afastar do que está sendo falado. Em um contexto de acusação, esse comportamento é incongruente, pois, de acordo com a doutrina, quando um indivíduo é inocente, sua tendência é se aproximar afim de mostrar não-verbalmente que não tem do que fugir, se esconder.
"Eye Shielding" indica desejo de não visualização do que está sendo falado, escutado ou visto. Nesse caso concreto, reforça a intenção de fuga.
A elevação das sobrancelhas tem um papel muito interessante nesse contexto. Ela é realizada, inconscientemente, com a intenção de evitar que os olhos se fechem. Essa intenção é possível pois a ação de elevar as sobrancelhas (movimento para cima) se dá em um sentido oposto a ação de fechar os olhos (movimento para baixo). Seria como se, ao elevar as sobrancelhas, o agente pudesse puxar as pálpebras superiores para cima evitando os olhos de se fecharem. Sendo assim, o agente evitaria demonstrar sua intenção de fuga.
No âmbito, de acordo com Statement Analysis, a repetição de palavras de negação, pode constituir um desejo de convencimentoTendo em vista que a mente humana aprende por repetição, quanto mais vezes for verbalizada uma negação, maior é a probabilidade da mente ser condicionada àquela negação

Em 0:46, vemos novamente o jogador Robinho emitindo a 
emoção de desprezo, devido a contração do bucinador em seu lado direito.
A partir de 0:51, o repórter diz que a defesa do jogador afirma que algumas das frases que estão no processo foram traduzidas de forma errada ou estão fora de contexto. Com base nisso, repórter propõe dizer algumas delas ao jogador para que ele pudesse explicar e esclarecer o que tá traduzido errado e o que está fora de contexto.
Em 1:10, o repórter lê a primeira frase que está no processo. A frase é a seguinte: "O {amigo 1} tenho certeza que gozou dentro dela". Logo depois ele pergunta ao Robinho se essa frase dita por ele está traduzida errada ou está fora de contexto.
Robinho começa sua resposta da seguinte forma: "É... eles traduziram muita coisa fora de contexto. Na verdade, isso faz muito tempo...". Essa manobra utilizada pelo esportista é chamada de "Deflexão"Acontece quando o indivíduo responde algo diferente do que foi perguntado, na intenção de evitar falar sobre o assunto.
A pergunta do repórter foi clara. Se tal frase, especificamente, foi traduzida errada ou está fora de contexto. A resposta de Robinho não respondeu à pergunta, de forma direta.
"Deflexão" constitui um indício fortíssimo de evasividade, fuga. Se o jogador não tem nada à esconder, por que ser evasivo?
Quando ele diz "Na verdade, isso faz muito tempo..." podemos citar dois sinais importantes.
O primeiro diz respeito à Análise de Declaração (Statement Analysis). Ele começa a frase usando a expressão "na verdade". De acordo com Mark McClish, essa expressão indica comparação com algo que foi falado antes, excluindo a primeira frase. Ele tá comparando a frase "eles traduziram muita coisa fora de contexto" com "isso faz muito tempo". Em outras palavras, ele reconhece que nada foi traduzida fora de contexto, mas algo aconteceu e faz muito tempo


Não-verbalmente, vemos novamente a projeção de língua para fora da boca ("Tongue Jut") indicando auto-incriminação. [Foto acima]
Robinho confirma que houve algo que não foi traduzido fora de contexto, ou seja, que confirma o que está no processo; e ele confirma que, no passado, alguma coisa aconteceu à esse respeito.

A partir de 1:40, Robinho diz: "Não cheguei a fazer sexo com ela"
Quando ele verbaliza a palavra "sexo", notamos uma elevação unilateral e sutil em seu ombro direito. Novamente vemos o chamado "Shoulder Shrug" indicando insegurança em suas palavras, e falta de comprometimento emocional.
[Devido a sutileza do gesto, no recorte acima podemos vê-lo em câmera lenta]


A partir de 1:43, Robinho diz: 
"Quando eu saí, os garotos continuaram lá com o consentimento dela".
No final desse trecho, o atleta emite uma expressão de medo, devido a elevação das sobrancelhas e elevação das pálpebras superiores. Juntamente vemos uma pressão nos lábios, chamada de "Mutismo". De acordo com Pierre Weil, esse gesto de pressionar os lábios indica auto-restrição, ou seja, tentativa de suprimir alguma emoção ou alguma informação. Nesse contexto, a tentativa de suprimir alguma informação se confunde com incerteza do que está falando.

A partir de 1:54, Robinho diz: "Eu sei o que eu fiz com ela. E com o consentimento dela, entendeu? Então, foi isso o que aconteceu"
Ao dizer que foi com o consentimento dela, vemos mais uma vez uma sutil elevação bilateral dos ombros. [Na foto acima é possível ver o tensionamento dos ombros provocados pela elevação]
Como dito anteriormente, a elevação bilateral indica desconhecimento/incerteza do que está sendo dito.
Há alta probabilidade de desonestidade
De acordo com Mark McClishterminar frase com uma pergunta indica insegurança e dúvida no que está sendo falado. É como se o agente precisasse se certificar que entenderam o que ele está falando Uma resposta honesta se sustenta por si só, não precisa de certificação.

Ao dizer "foi ISSO o que aconteceu" vemos a elevação bilateral dos ombros juntamente com negação de cabeça. Esses dois sinais conjugados indicam insegurança, dúvida. Logo há provável desonestidade. Não foi isso o que aconteceu.
[Podemos observar a dinâmica do movimento no recorte, em câmera lenta, acima]

Em 2:14, Robinho diz: "Eu não sou mentiroso verdadeiro e nem fiz nada de errado"
A expressão "mentiroso verdadeiro" é incomum em um discurso. Os ensinamentos de Statement Analysis nos pedem para observar sempre o dicionário interno dos analisados. O que significa para Robinho mentiroso verdadeiro? O que será que ele quis dizer com isso?
Por ser incomum em um discurso, pode ser um forte indício de confusão mental e/ou desonestidade.
No momento que ele verbaliza essa expressão, ele fecha os olhos por mais tempo do que uma piscada normal. Estamos diante do chamado "Eye Shielding" que indica desejo de não visualização do que está falando. [Foto acima]

Ao final do trecho, quando ele diz: "... nem fiz nada de errado", vemos sinais interessantes.
Ele contrai o corrugador (músculo localizado entre as sobrancelhas). De acordo com Charles Darwin, a contração desse músculo acontece quando ao agente passa por alguma dificuldade física ou mentalPode acontecer em momentos de perplexidade, confusão, concentração, etc.
Logo depois ele realiza um gesto manipulativo com a cabeça. Primeiro ele faz o movimento de negação, e logo em seguida um de afirmação.
De acordo com a doutrina, gestos de significados opostos acontecendo em um curto intervalo de tempo demonstra confusão entre o que está sendo falado e o que realmente aconteceu.
Tendo em vista que a frase está na negativa, o gesto congruente seria o de negação com a cabeça - e ele realmente o realiza. O fato dele realizar uma afirmação logo em seguida demonstra um vazamento corporal; como se a verdade estivesse vazando de forma não-verbal. Em outras palavras ele está afirmando que fez alguma coisa de errada, pois está confirmando com a cabeça.
[No recorte acima, em câmera lenta, é possível ver a dinâmica desses movimentos]

Ao final da frase anterior, ele 
abaixa a cabeça juntamente com a projeção de lingua para fora da boca ("Tongue Jut")
Abaixar a cabeça está ligada e desejo de fuga.
A frase "os olhos são a janela da alma" faz muito sentido nesse contexto. O indivíduo desvia o olhar para que não enxerguem "a sua alma" e possam ver que ele está sendo desonesto.
Não podemos afirmar que sempre que há desvio do olhar há a intenção de fuga, mas nesse caso, juntamente com os sinais vistos, podemos tirar essa conclusão. Tal desvio também pode estar ligado à emoção de vergonha.
"Tongue Jut", como já dito anteriormente, está ligado à auto-incriminação. É como se o corpo estivesse expressando algo como: "Eu fiz algo de errado", "eu desejo fugir ileso"

SUMÁRIO:
 Robinho expressa basicamente emoções de medo e desprezo. Além disso, o jogador experimenta ansiedade, bem como, demonstra gestos de incerteza e insegurança, ao negar que tenha cometido o ato criminoso de estupro.
insegurança e incerteza também estão presentes nos momentos em que ele narra o que aconteceu, o que nos faz concluir que ele não está sendo completamente honesto ao contar sua versão dos fatos.
Durante vários momentos do vídeo, quer seja ao descrever os fatos, quer seja ao se dizer inocente, ele apresenta comportamentos de fuga e evasividade, tanto verbais quando não-verbais.
O esportista demonstra também sinais de auto-incriminação. Ou seja, o corpo está "vazando" sinais que podem confirmar uma culpabilidade.

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

[Análise não-verbal]: Cantor Gusttavo Lima falando sobre o término do seu casamento com Andressa Suita. Motivo da separação.

Recentemente, foi amplamente noticiada em todas as mídias, o término do casamento entre cantor sertanejo Gusttavo Lima e a modelo Andressa Suita.
Depois da modelo ter se pronunciado sobre o o fim do relacionamento - cuja análise pode ser vista AQUI - o cantor também gravou o vídeo aonde ele dá esclarecimentos sobre todo o ocorrido.
O que sua linguagem corporal pode nos dizer? 

Vamos à análise:

* Primeiramente, é interessante observarmos algumas características ambientais do vídeo. 
Notem que a iluminação está baixa. Isso indica a intenção de deixar o vídeo mais triste, mais "sem cor", "sem vida". Tudo foi pensado para que seja transmitida, de forma inconsciente, a ideia de término, separação.

A partir de 0:05, Gusttavo Lima diz: "... infelizmente nem tudo nas nossas vidas é do jeito que a gente quer, do jeito que a gente imagina, do jeito que poderia ser"
Ao final desse trecho, ao dizer "do jeito que PODERIA ser", o cantor inspira profundamente, pressiona os lábios juntamente com uma ligeira projeção de mandíbula para frente e dilatação das narinas
Esses sinais em conjunto indicam que Gusttavo está experimentando estímulos negativos, como tensão, nervosismo e, sua psiquê deseja suprimir tais sentimentos e/ou suprimir alguma informação.
Esse tipo de pressão nos lábios pode estar ligado também à raiva, impaciencia, frustração, ou algum outro sentimento negativo.
Podemos afirmar que Gusttavo não se sente confortável de vir à público e falar sobre esse assunto.


A partir de 0:11, Gusttavo diz: "Eu vou deixar bem claro tudo que está acontecendo na minha vida"
Ao verbalizar a palavra "TUdo", Gusttavo fecha os olhos por mais tempo do que uma piscada e eleva sutilmente, de forma unilateral sua sobrancelha esquerda.
O gesto de fechar os olhos é chamado de "Eye Shielding" e indica desejo de não visualização do que está sendo falado ou visto. A elevação unilateral da sobrancelha é chamada de "Skeptical Eyebrow", e de acordo com a doutrina de Comunicação Não-Verbal, indica dúvida, ceticismo com o que está sendo falado. [No recorte em câmera lenta acima, é possível ver a dinâmica dos movimentos, principalmente a elevação da sobrancelha esquerda].
Esses dois sinais indicam que o cantor sertanejo duvida da veracidade do que ele mesmo está falando, e por isso, não deseja ver o que está dizendo. Há portanto, desonestidade ou intenção de omitir.
Notamos também que o cantor dá ênfase a mesma palavra ("tudo") ao verbalizá-la em um volume mais alto do que o resto da frase.

Em 0:15, notamos uma inspirada profunda 
Essa ação indica presença de ansiedade, tensão. Esses estímulos negativos estão ligados ao término do relacionamento.

A partir de 0:20, Gusttavo diz: "... nada acontece de um dia para o outro"
Esse trecho mostra uma confirmação do cantor de que o casamento já vinha mal, e foi uma decisão pensada.


A partir de 0:32, Gusttavo diz: "Ela é a mulher mais importante na minha vida, porque ela é a mãe dos meus filhos."
Ao verbalizar a palavra "importante", o cantor emite uma emoção de desprezo, devido a contração do músculo do bucinador, em seu lado esquerdo.
A emoção de desprezo é incongruente com a frase dita. Diante de uma declaração positiva, o desprezo pode cumprir seu significado básico, que é de demonstrar superioridade intelectual ou física, ou demonstrar o chamado "Duping Delight", que, segundo Paul Ekman indica a satisfação em enganar. Em outras palavras, demonstra o prazer que o mentiroso tem em perceber que o que ele está falando está sendo/foi creditado por alguém.


A partir de 0:40, o cantor diz: "Eu não tava feliz"
Antes de iniciar essa frase, Gusttavo Lima realiza um gesto chamado de "Tongue Jut", que consiste em projetar a língua para fora, umedecendo os lábios.
Segundo o autor Joe Navarro, esse gesto se dá de forma inconsciente e pode indicar duas coisas: que o agente cometeu um erro e/ou ele deseja fugir de uma situação. O especialista em linguagem corporal Jack Brown, reconhece que esse gesto pode indicar auto-incriminação.


A partir de 0:42, Gusttavo diz: "Vocês podem ter a certeza que eu tentei de tudo pra manter o meu casamento"
Ao verbalizar a palavra "certeza", ele realiza um sutil deslocamento da mandíbula para a direita. Esse gesto é chamado de "Jaw Confessional", e segundo Jack Brown, é um forte indicativo de constrangimento. [No recorte acima, em câmera lenta, é possível observar a dinâmica desse movimento]
O constrangimento é incongruente com a certeza que ele diz ter. A certeza é sinônimo de confiança e o constrangimento é um sentimento bastante ligado à vulnerabilidade.
A continuação final do trecho ("...para manter meu casamento") é falada em um volume menor em relação ao resto desse trecho. 
Segundo estudos de Paralinguagem, queda no volume indica falta de confiança no que está sendo falado e/ou intenção de não dar tanta importância.
Esses sinais nos dizem que Gusttavo Lima não está seguro de que tentou de tudo para salvar seu casamento. Ele se sente constrangido pelo que ele fez.


A partir de 0:54, o cantor sertanejo diz: "... mas o pior seria ser desonesto com ela... e com os meus filhos"
Ao dizer "desonesto", Gusttavo emite uma expressão de desprezo devido a elevação assimétrica do lábio superior em sua porção esquerda.

Após falar "meus filhos", novamente o cantor realiza a projeção de língua para fora da boca ("Tongue Jut").
Como já dito anteriormente, esse gesto demonstra auto-incriminação. Cometimento de um erro.
Imediatamente em seguida, podemos perceber que Gusttavo morde o lábio inferior. Essa ação indica auto-restrição. Ou seja, desejo de não expor todas as informações ou restringir alguns sentimentos.

A partir de 1:00, Gusttavo diz: "A verdade é uma só. Qualquer julgamento maldoso, qualquer fofoca por aí, não é verdade, não procede. Eu não fujo das minhas responsabilidades. E isso... nada... vai mudar"
Ele começa esse trecho com "A verdade é uma só". Eu chamo esse tipo de expressão de "Expressão Persuasiva"
Quando verbalizamos uma frase/expressão que constitui uma afirmação irrefutável (a verdade ser uma só é uma afirmação óbvia, portanto, irrefutável), o inconsciente se inclina a acreditar que as próximas frases/expressões tendem a serem igualmente verdadeiras e irrefutáveis. 
Gusttavo se utilizou desta técnica para aumentar sua credibilidade nas próximas afirmações.

"Qualquer julgamento maldoso, qualquer fofoca..." constitui linguagem de distanciamento, pois o cantor Gusttavo Lima não expressa qual é o julgamento e qual é a fofoca. 
Ele é omisso em relação ao que realmente aconteceu e ao que estão falando.
Linguagem de distanciamento indica evasividade e fuga. Há uma alta probabilidade de que esse julgamento e essa fofoca contenham elementos de veracidade

De acordo com ensinamento de Statement Analysis, PNL e Neurociência, a frase negativa "não é verdade" tem um alto coeficiente de desonestidade. Isso acontece porque a mente humana não reconhece o "não".
Quando uma negação é verbalizada, a mente humana, automaticamente faz a correspondência positiva à essa negação. Por exemplo. Se for pedido para alguém NÃO pensar em um elefante cor de rosa, a mente humana, automaticamente vai pensar em um elefante cor de rosa. Isso acontece porque quando vc lê ou ouve o advérbio "não", seu foco e atenção é direcionado para a próxima frase
Utilizando o exemplo anterior. Ao pedi para NÃO imaginar um elefante cor de rosa, sua atenção vai para "imaginar elefante cor de rosa", e o fato da mente ser majoritariamente visual, vai fazer com que você imagine o elefante, apesar do "não".
Mark McClish, em seus anos de pesquisa e observação, percebeu que frases negativas estão mais associadas à discursos desonestos.
Adotando essa teoria ao caso concreto, quando Gusttavo Lima diz que "não é verdade", a atenção dos interlocutores, e até a sua própria, tendem a se direcionar para a afirmação correspondente ("é verdade"). O correto seria dizer: "É mentira".

Ao mesmo tempo em que ele diz que "não é verdade", podemos ver que ele afirma com a cabeça
Negação verbal e afirmação com a cabeça constituem incongruência, pois o verbal e o não-verbal estão em discordância.
Sempre que há discordância, o canal de comunicação não-verbal deve prevalecer, tendo em vista que mais de 50% da nossa comunicação é não-verbal.

Ao dizer "eu não fujo das minhas responsabilidades", podemos notar uma espécie de "Deflexão", ou seja, essa frase não tem conexão e lógica com o que foi dito anteriormente e com o que será dito posteriormente.
Ele começa o trecho falando que as informações divulgadas não são verdades. Logo depois, ele fala de suas responsabilidades. 

Na última parte do trecho, quando ele diz: "E isso... nada... vai mudar", podemos perceber uma quebra do padrão verbal.
Durante todo o trecho, ele vem mantendo uma certa fluidez em seu discurso, com pausas congruentes. Já nesse momento, ele começa a realizar pausas desnecessárias e quebra a fluidez do discurso.
Essa alteração paralinguística, indica tensão, nervosismo e possível desonestidade.

* Durante todo o vídeo, o cantor Gusttavo Lima não explica uma das coisas mais importantes nesse contexto, que são os motivos que levaram ao fim do relacionamento.
A ausência desse assunto faz com que o vídeo seja mais superficial


SUMÁRIO: O cantor Gusttavo Lima exibe emoções negativas e tensão ao expressar que o seu casamento não foi como poderia ter sido.
Ele apresenta sinais não-verbais de que errou (auto-incriminação), e esse erro ocasionou no término de seu casamento, que o próprio afirma que já não estava bem. Ele omite o que realmente aconteceu.
Ao afirmar que ele tentou de tudo para salvar seu casamento, ele demonstra constrangimento. O que pode indicar desonestidade.
Há sinais verbais que indicam tentativa de persuasão, ou seja, que acreditem em suas palavras.
Existe uma alta probabilidade das notícias sobre o término, que foram divulgadas nas mídias, serem verdades.
Em nenhum momento do vídeo, ele fala dos motivos que levaram ele ao término.

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

[Análise não-verbal]: A modelo Andressa Suita fala sobre o fim de seu relacionamento com o cantor Gusttavo Lima. Desconhecimento sobre o motivo?

Recentemente, a modelo Andressa Suita veio à público falar sobre o fim do seu relacionamento de 8 anos com o cantor Gusttavo Lima.
Andressa, no vídeo, diz desconhecer o motivo da separação do casal. O que será que sua linguagem corporal pode nos dizer? Que outros sinais podemos observar?

Vamos à análise:


A partir de 0:11, ela diz: "Foi necessário eu ficar um pouco distante, para eu poder... assimilar tudo que tava acontecendo. Tudo que tá acontecendo"
Mais ao final deste trecho, a modelo diz "...assimilar tudo que TAVA ACONTECENDO", logo depois, ela corrige dizendo "tudo que TÁ ACONTECENDO". Podemos estar diante de um possível "Ato Falho".
A frase, "TAVA ACONTECENDO" se refere a um ato que aconteceu no passado e que ainda não foi finalizada, ou seja, continuou acontecendo. De acordo com estudo de Statement Analysis, aqui a modelo afirma que alguma coisa estava acontecendo antes de declararem a separação, pois se refere a uma ação iniciada antes do tempo presente. 
Logo em seguida, ela corrige para o tempo presente ("TÁ ACONTECENDO"), se referindo ao que está acontecendo em suas vidas no momento, que é a separação. Nesse momento, notamos o movimento de elevação das sobrancelhas juntamente com o fechar dos olhos. Podemos reparar que a dinâmica desses movimentos acontecem em direções opostas - enquanto a elevação das sobrancelhas é um movimento para cima, o fechar dos olhos tem a dinâmica para baixo [Foto acima]. Segundo o especialista em linguagem corporal, Jack Brown quando estamos diante de movimento não naturais, é possível que exista um indício de desonestidade. Porém aliado ao contexto e tendo esse gesto vindo acompanhado de um possível "Ato Falho", ele indica um processo de auto-correção. Andressa expressou uma informação e em seguida se corrigiu.


Em 0:22, após dizer: "Pra mim também foi um choque", Andressa Suita realiza o mesmo sinal visto anteriormente. Eleva as sobrancelhas juntamente com o fechar dos olhos.
Nesse trecho, esse sinal indica desonestidade em relação ao "choque" sofrido
Andressa Suita, de alguma forma, sabia que o relacionamento dela não estava bem, e que em algum momento poderia terminar. Já era esperado.


A partir de 0:33 Andressa diz: "E... na madrugada de domingo pra segunda eu fui acordada e comunicada... que não dava mais pra gente continuar como um casal. Sem qualquer queixa, ééé... sem nenhum motivo. E sem abertura pra eu poder salvar o nosso casamento."
Nesse trecho vemos sinais bem interessantes.
Antes de dizer que foi acordada e avisada da separação, Andressa direciona seu olhar para cima e esquerda [Obs: a câmera está espelhada] juntamente, ela esboça um sorriso.
O direcionamento do olhar nesse quadrante, de acordo com a PNL, indica acesso à lembrança de um fato, evento que aconteceu. Ou seja, está acessando sua memória visual.
O Sorriso indica que, essa memória elicia estados positivos nela.
Apesar de, logo depois, ela falar que foi acordada e comunicada do fim do relacionamento, a memória positiva que ela teve, pode ter sido de um outro momento. Talvez um momento anterior à ela ter dormido, ou ao dia anterior. Não é possível sabermos qual memória ela acessou nesse momento, a única coisa que podemos afirmar é que uma memória positiva foi acessada.


Ainda referente ao mesmo trecho, após dizer que foi comunicada da separação (0:38), a modelo exibe uma microexpressão de desprezo, devido a contração do músculo do bucinador na extremidade direita do canto da boca. [Foto acima]


Avaliando ainda o trecho acima, no momento em que ela verbaliza "ééé... sem nenhum motivo..."
notamos uma alteração em seus movimentos corporais.
Até então seu movimentos estavam mais fluidos, mais equilibrados e seguindo o mesmo ritmo da fala. Quando ela afirma "sem nenhum motivo", há uma quebra da linha de base corporal. Seus movimento ficam mais descoordenados e em ritmo diferente da fala, o que indica que, nesse momento específico existe liberação de hormônios ligados à ansiedade e estresse, podendo indicar desonestidade quanto à ausência de motivos.
Vemos também a elevação de seu ombro esquerdo. Segundo o autor Joe Navarro, esse movimento chamado de "Shoulder Shrug" constitui forte indício de insegurança em suas palavras. [É possível perceber a elevação do ombro esquerdo no trecho do vídeo acima, em câmera lenta].
Notamos também uma elevação no volume de sua voz, também como consequência do estresse e ansiedade.


Ao final do trecho, quando diz: "E sem abertura para eu salvar o nosso casamento", vemos o gesto de fechar os olhos por mais tempo que o de um piscada normal. Esse gesto chamado de "Eye Shielding" indica desejo de não visualização do que está falando, sentindo ou vendo.
Aqui, podemos afirmar que Andressa Suita está experimentando um estímulo negativo. Há uma probabilidade dela já ter sabido que não era possível salvar o casamento.


A partir de 0:53, Andressa diz: "Eu sempre compartilhei aqui com vocês aquilo que era real. Assim... o que eu achava que era real, né?"
Na pausa realizada após o "assim", a modelo direciona seu olhar para baixo e esquerda. De acordo com a PNL, o direcionamento ocular para esse quadrante indica acesso ao Diálogo Interno. Ela faz uma rápida introspecção, acessa sua voz interna e, em seguida se corrige.
Ela confirma que o relacionamento deles não era tão real quanto mostravam.


Ao final desse trecho ela exibe uma microexpressão de nojo, devido a acentuação da prega naso-labial.
De acordo com estudos acerca, especificamente, dessa emoção, quando o nojo é direcionado ao contexto de relacionamento, há uma probabilidade quase absoluta do relacionamento não dar certo.


A partir de 1:01, Andressa diz: "Não era um conto de fadas, tínhamos problemas como qualquer outro casal, mas nada a ponto de nos separar."
Enquanto diz que "não era um conto de fadas", a modelo direciona seu olhar para cima e esquerda. Novamente ela está acessando sua memória visual. Está lembrando de contexto e situações. Muito congruente.


Em seguida, ao dizer que "tinhamos problemas como qualquer outro casal", ela exibe uma microexpressão de raiva, devido a contração do corrugador (músculo responsável por abaixar as sobrancelhas), tensão nas pálpebras inferiores e tensão nos lábios.


Ao final do trecho acima, quando diz: "mas nada a ponto de nos separar", podemos notar uma contração maior no músculo do corrugador [foto acima]
A contração desse músculo, conjugada com outras ações musculares, está muito ligada à emoção de raiva. Porém Charles Darwin reparou que essa contração muscular também acontece quando o agente está diante de alguma dificuldade física ou mental. O que o fez denominá-lo de "músculo da dificuldade". Além disso, perplexidade, confusão, concentração e determinação são outras condições que podem ser exibidas por essa ação.


Em 1:11 Andressa diz: "O que me restou foi aceitar"
Nesse momento ela direciona seu olhar para baixo e à esquerda. Como dito anteriormente, o direcionamento do olhar para esse quadrante indica acesso ao Diálogo Interno. Um momento de reflexão. Ouvindo a voz interior.


Em 1:15, após dizer que não teve outra escolha além de aceitar a separação, ela exibe uma microexpressão de desprezo, devido a contração do músculo bucinador, na extremidade direita da boca.


SUMÁRIO: A modelo Andressa Suita, exibe emoção de raiva, e majoritariamente desprezo. Além dessas emoções, é possível também ver a emoção de nojo. Todas essas três emoções estão relacionadas de alguma forma ao término do casamento.
Ela demonstra desonestidade ao dizer que o fim do relacionamento foi um "choque". Bem como, demonstra insegurança ao afirmar que esse término foi sem motivo. 
Existem sinais verbais ("Ato Falho") e não-verbais que possibilita afirmarmos que, de alguma forma, ela já tinha ideia de que seu casamento já não ia bem e, portanto, poderia terminar. Ela sabe o motivo.
A modelo demonstra sinais de que sabia que não seria mais possível tentar salvar seu casamento.
Ela é honesta quando fala sobre a forma como o relacionamento terminou.

terça-feira, 1 de setembro de 2020

Análise não-verbal: Caso Flordelis. Entrevista após acusação de ser mandante do assassinato de seu marido. Sinais importantes

Recentemente, a investigação concluiu que a Deputada e Pastora Flordelis foi a mandante do assassinato que vitimizou seu próprio marido, o também pastor, Anderson do Carmo, em 2019.
Apesar de ter sido denunciada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro e pela Polícia Civil, Flordelis não poderá ser presa agora, por possuir foro privilegiado devido ao seu cargo de Deputada.
Após a denúncia, Flordelis concedeu uma entrevista para o jornalista Roberto Cabrini, aonde fala sobre tal acusação.
Quando o caso ganhou publicidade, na ocasião, fizemos a análise de uma entrevista dada pela Deputada, falando sobre o ocorrido (leia AQUI).
Será que sua linguagem corporal mudou após a acusação? Quais os principais sinais emitidos por ela?

Vamos à análise:

A partir de 1:49, o repórter pergunta: "Sinceramente, a senhora mandou assassinar o seu marido?
Em 1:51, ela responde: "Eu não matei. Eu não fiz isso, que estão me acusando. Eu não fiz"
Ao responder, no primeiro momento, "Eu não matei", Flordelis realiza aqui o que chamamos de "Deflexão". Esse fenômeno consiste em uma maneira de desviar a atenção de alguém para outra coisa com o intuito de ser questionado ou responder exatamente à pergunta que foi realizada. Podemos perceber a "Deflexão" quando a resposta é diferente do que foi perguntado ("pergunta-se A, e responde-se B").
Percebam que o repórter pergunta se ela MANDOU assassinar; enquanto a Deputada nega que MATOU. Ela respondeu algo diferente do que foi perguntado.
Segundo o Dr. David Craig e outras doutrinas a cerca desse tema, a "Deflexão" é um forte indicativo de desonestidade, pois há desejo de fuga da situação.
Ainda nesse momento percebemos uma variação em seu padrão vocal. Sua voz fica mais aguda e trêmula. Ambos são sinais de nervosismo e ansiedade.

Logo em seguida ela repete a afirmação com uma pequena mudança. Ela diz que não fez ISSO. Substituir uma palavra tão importante para o contexto por um pronome demonstrativo ("isso") é chamada, pelo estudo de Statement Analysis, de "linguagem de distanciamento" e indica fuga, desejo de evasividade. Quando o agente faz essa substituição, ele deixa de dizer que não teve tal comportamento, logo não se inocenta.
Por conclusão, quando uma pessoa é inocente, seu comportamento padrão é dizer que é inocente, com todas as letras necessárias. Qualquer comportamento verbal diferente disso, constitui, portanto, desonestidade por quebra de padrão comportamental.

Ainda referente a esse trecho, após dizer: "... que estão me acusando", notamos uma microexpressão de medo, devido a elevação das pálpebras superiores e estiramento horizontal dos lábios.
Há também o tensionamento nos dois ombros ("Turtle Effect"), indicando medo, tensão.

A partir de 1:57, Roberto Cabrini pergunta: "Como a senhora responde a essa acusação da polícia?"
A partir de 2:00, a Deputada responde: "Não é real. Não é verdade. É uma injustiça"
Após dizer a palavra "real", percebemos uma sutil elevação com seu ombro esquerdo ("Shoulder Shrug"). De acordo com Joe Navarro, a elevação unilateral de um dos ombros indica insegurança no que está falando. [O recorte acima, em câmera lenta, mostra a sutil elevação do ombro esquerdo].

Ainda referente ao mesmo trecho, ao dizer a palavra "injustiça" vemos um sutil tensionamento de ambos os ombros. Esse gesto é chamado de "Turtle Effect", e indica nervosismo e medo. Ele tem esse nome ("Efeito Tartaruga") fazendo referência ao movimento que as tartarugas tem, de entrar em seu casco, diante de uma situação de perigo. [No recorte acima, em câmera lenta, podemos ver esse movimento de seus ombros]

Em 2:09, vemos que a Deputa muda sua postura. Ela cruza os braços.
De acordo com a doutrina de Comunicação Não-Verbal, a mudança brusca e injustificável de postura, para uma postura de braços cruzados indica defensividade. Desejo de se proteger. É um gesto beta (submissão).
Logo em seguida, dois segundos depois, ela desfaz a postura.

Em 2:18, a Deputada diz: "Eu achava que tinha sido roubo"
No começo dessa afirmação, podemos perceber que Flordelis olha para cima e direita. De acordo com estudos da PNL, o direcionamento do olhar nesse quadrante (após ter passado por um processo de "calibragem"), indica que ela está acessando a área do cérebro responsável pela criação de imagens.
Aqui ela pode estar criando a imagem do roubo, ou criando o que vai falar em seguida - sendo nesse último caso, a utilização do sistema representacional visual para responder. [Na foto acima, é possível ver esse direcionamento do olhar]

A partir de 2:23, Flordelis diz: "Cabrini, eu estava sedada"
Nesse momento vemos uma negação com a cabeça.
Quando temos uma negação não-verbal juntamente com uma afirmação verbal, estamos diante de uma incongruência entre esses canais de comunicação. Pelo fato da comunicação não-verbal representar mais de 50% de toda a nossa comunicação, devemos dar uma atenção maior à expressão do corpo.

A partir de 2:24, o repórter pergunta: "Eram lágrimas de crocodilo? Eram lágrimas falsas?"
Flordelis responde: "... Olha, eu com certeza, na morte do meu marido eu devo ter chorado muitos. Muita coisa fugiu da minha mente por causa da sedação."
De acordo com estudos de Statement Analysis, começar uma resposta com palavras como "olha" indica uma resposta indireta (não disse nem que sim, e nem que não). Segundo Mark McClish, esse tipo de resposta indireta indica um alto coeficiente de desonestidade, demonstrando incerteza em suas palavras, já que essa estrutura evita que seja dada uma resposta direta ("Sim, eu chorei" ou "Não, eu não chorei").
Ainda, na avaliação de seu discurso, ela usa um verbo indicando incerteza ("DEVO"). Esse verbo não confirma que ela realmente chorou, mas apenas que DEVE ter chorado.
Além disso, observamos também uma alta latência no tempo de resposta. De acordo com estudos de Paralinguagem e Statement Analysis, geralmente o tempo entre ouvir a pergunta e respondê-la, é de menos de um segundo. Ela demora um pouco mais que isso.
Devido aos sinais verbais apresentados, existe uma altíssima probabilidade de desonestidade.

A partir de 2:36, Cabrini pergunta: "A senhora estava sendo falsa naquela entrevista?"
Flordelis responde: "Não"
Ao negar verbalmente, vemos que sua voz fica mais aguda. De acordo com estudos de Paralinguagem, a mudança brusca no "pitch" vocal para um registro mais agudo, indica nervosismo e ansiedade, devido ao tensionamento na região da garganta.
Vemos também, nesse momento, uma microexpressão de medo, devido a elevação das sobrancelhas e a elevação das pálpebras superiores. Juntamente é possível observar um afastamento de sua cabeça para trás. Esse "movimento de distanciamento" é congruente com a emoção de medo somado a intenção de fugir da situação. [foto acima]

Além disso, é possível observar uma sutil elevação do seu ombro esquerdo ("Shoulder Shrug").
Como dito anteriormente, esse movimento unilateral dos ombros, pode indicar insegurança em suas palavras.
Nesse mesmo momento, em sua face, vemos também uma expressão de medo, devido a elevação das sobrancelhas e elevação das pálpebras superiores.
[No recorde acima em câmera lenta, é possível observar esses sinais].

A partir de 2:43, Cabrini pergunta: "Por que a senhora não tentou socorrê-lo no próprio local?"
A Deputada responde: "Eu não vi. Já tinham... Quando eu desci, ele já tav... ele... ele já tin... meu filho já tinha informado que já tinham saído com o carro para levá-lo para o hospital"
Percebemos nesse trecho alguns distúrbios vocais. Ela gagueja e não termina algumas palavras. De acordo com estudos da Paralinguagem, esses distúrbios indicam nervosismo e omissões - ao não completar as palavras e mudar o raciocínio. Constituem fortes indícios de desonestidade.
Juntamente, vemos um "gesto pacificador" de coçar a face. "Gestos pacificadores" são aqueles em que o agente coça, esfrega e/ou toca no próprio corpo. Eles indicam que Flordelis está experienciando episódios de ansiedade e nervosismo - tendo em vista, que os "gestos pacificadores" são utilizados para se acalmar diante de um estímulo negativo. Eles estão muito relacionados a desonestidade, dependendo do contexto no qual são inseridos. Tendo em vista que, nesse trecho, temos sinais paralinguísticos também ligados a desonestidade, o "gesto pacificador" confirma essa desonestidade.
Vemos ainda que nesse momento ela fecha os olhos - gesto conhecido como "Eye Shielding". De acordo com a doutrina de Comunicação Não-Verbal, fechar os olhos em um momento crucial como esse, indica intenção de não visualização. No caso, desejo de não visualizar a mentira que está sendo contada.
Há também um forte tensionamento nos ombros. Mais uma vez, estamos diante do chamado "Turtle Effect", indicando desejo de fuga; medo.

Em 3:00, Flordelis exibe uma microexpressão de medo, principalmente pela elevação das pálpebras superiores e tensionamento nas pálpebras inferiores

A partir de 3:08, Cabrini faz uma afirmação, seguida de uma pergunta: "Em um recado enviado aos seus filhos, a senhora diz: ''Fazer o quê? Separar não posso porque ia escandalizar o nome de Deus". Porque a senhora disse isso?"
Em sua resposta (3:16), ao dizer: "Não existe. Isso não existe", Flordelis realiza uma expressão chamada por Jack Brown de R2E2 ("Racionalization-Rapport-Empathy-Expression") - em uma tradução livre, podemos chamar de "Expressão Racionalizadora". Segundo o autor, a configuração facial dessa expressão é semelhante à configuração facial do nojo, porém sua função é tentar convencer e gerar empatia ou conexão, apesar de não estar se sentindo desta forma. É, portanto, uma expressão manipulativa. [Foto acima]

Em 3:20, a Deputada continua em sua resposta, dizendo: "Se eu tivesse que me separar, eu separaria"
Nesse momento ela eleva, sutilmente, os dois ombros. De acordo com Charles Darwin e Paul Ekman, esse gesto indica desconhecimento, incerteza.
Ela não está certa de suas palavras.

A partir de 3:22, o repórter Roberto Cabrini questiona a Deputada sobre uma mensagem enviada a um de seus filhos, aonde diz: "André, pelo amor de Deus, vamos dar um fim nisso, me ajuda. Cara, to pedindo. Tô te implorando. Até quando vamos ter que suportar esse traste, em nosso meio". Logo em seguida, o repórter pergunta: "Por que a senhora disse isso?"
A partir de 3:35, a Deputada responde com: "Eu jamais chamaria meu marido de traste"
Aqui, podemos notar algo muito interessante em relação à sua resposta.
Se repararmos na mensagem enviada ao filho André, o conteúdo mais importante desta, está no fato dela querer "dar um fim nisso", que claramente se refere a dar um fim no marido, ou dar um fim no que tinham planejado. Porém em sua resposta, a Deputada rebate o fato dela se referir ao marido como "traste". De acordo com estudos de Statement Analysis, a mudança de foco em relação ao ponto mais importante do texto constitui uma forma de "Deflexão". Por haver a intenção de não responder tal ponto crucial, pode ser considerado fuga e omissão por parte da Deputada. Ela foca em uma parte menos importante da declaração, para se evadir de responder sobre algo mais crucial.

A partir de 3:38, Flordelis diz: "Essa mensagem não foi escrita por mim"
Ao final, vemos novamente uma expressão de desprezo, devido a contração do bucinador, na extremidade esquerda do canto da boca.

Em 3:52, o repórter pergunta: "A senhora não omitiu nada?"
Flordeliz responde que "não"
Juntamente à essa resposta, vemos mais uma vez o chamado "Eye Shielding", que consiste em fechar os olhos por um tempo superior ao de uma piscada.
Esse gesto significa que não quer visualizar o que está sendo falado. Logo, um forte indício de desonestidade, pois sua intenção é não ver a mentira que está contando

A partir de 3:55, a Deputada afirma: "Eu preciso saber quem matou o meu marido"
Logo em seguida, Cabrini pergunta: "A senhora não sabe?"
Flordelis responde: "Não. Se eu soubesse eu falaria aqui agora".
Durante o "não", vemos novamente o "Eye Shielding" (desejo de não visualização do que está falando)
Enquanto verbaliza o complemento da resposta ("Se eu soubesse eu falaria aqui agora"), vemos novamente o "Eye Shielding", dessa vez sendo acompanhado da expressão R2E2, cujo intuito é manipular e empatia e conexão. Resumindo, desejo de convencimento. [Foto acima]

Ao final desse trecho, vemos novamente a expressão de desprezo, devido a contração do bucinador no lado esquerdo da face, juntamente com o "Eye Shielding"
O especialista em linguagem corporal Jack Brown afirma que a expressão R2E2, além de ter a mesma configuração facial do nojo, pode ter também a mesma configuração facial do desprezo. Por tal motivo, podemos dizer que ao emitir esse desprezo, sua intenção também é manipular.
Aqui, o gesto de fechar os olhos funciona como um potencializador do desprezo - que, nesse contexto, pode ser visto como uma expressão R2E2.

Em 4:07, o repórter pergunta: "A senhora não está escondendo nada?"
Logo em seguida, Flordelis responde: "Não"
Mais uma vez vemos o mesmo padrão gestual: "Eye Shielding" + expressão de desprezo
Tentativa de manipulação e convencimento. Novamente, o gesto de fechar os olhos indica um potencializador.
Podemos reparar também que sua voz fica mais aguda. Como dito anteriormente, essa alteração do padrão vocal indica nervosismo e ansiedade. Nesse contexto, reforça a afirmação de que ela está sendo desonesta.

A partir de 7:07, Cabrini entre no assunto do dinheiro que entrava na igreja de Flordelis e de Anderson
Em 7:25, Flordelis afirma que uma grande quantia em dinheiro, que deveria ter entrado na conta da igreja, não entrou
Em 7:29, Cabrini pergunta: "Aonde esse dinheiro ficou?"
Logo em seguida, a Deputada responde: "Eu também quero saber"
Nesse momento ela espalma as mãos para cima, eleva as sobrancelhas e existe o direcionamento dos cantos dos lábios para baixo [Foto acima]. A conjugação desses elementos fazem parte de uma das configurações possíveis do gesto de desconhecimento.
A resposta da Deputada juntamente com o gesto de desconhecimento indicam congruência. Logo, ela está sendo honesta. Ela não sabe aonde o dinheiro ficou.

A partir de 7:35, Cabrini pergunta: "A razão do assassinato de Anderson do Carmo reside nesse dinheiro, nessa divisão?"
Logo em seguida, Flordelis responde: "Não sei. Não sei"
Na segunda vez que ela afirma não saber, podemos perceber uma palpebração, ou seja, enquanto está de olhos fechados, suas pálpebras fazem movimentos rápidos, como se fossem espasmos. Chamamos essa palpebração de "Eyelid Flutter" [É possível observar esse sinal não-verbal, no recorte em câmera lenta, acima].
Segundo a doutrina de Comunicação Não-Verbal, esse sinal constitui um indício de nervosismo e dissonância cognitiva/emocional. Ou seja, existe uma "luta" interna entre o que é verdade e o que está sendo dito.
Podemos dizer que o assassinato de Anderson do Carmo não está relacionado, principalmente, com nenhum motivo financeiro.

A partir de 8:12, o repórter Cabrini pergunta: "É justo que eles estejam presos e a senhora não?"
A partir de 8:17, a Deputada responde: "Olha... eu não, eu não tenho que tá presa. Eu não matei o meu marido e nem mandei matar. Por que me prender?"
Aqui vemos novamente uma demora em responder a pergunta. Cabrini termina de fazer sua pergunta aos 8:15, e Flordelis começa sua resposta mais de dois segundos depois.
Como dito anteriormente, o tempo entre terminar de ouvir a pergunta e respondê-la, geralmente leva no máximo um segundo. Essa latência maior praticada pela Deputada indica um processo para se ganhar tempo para pensar no que será respondido.
Além disso podemos observar um aumento brusco no volume de sua voz. De acordo com estudos de Paralinguagem, o volume vocal deve ser aumentado de forma gradativa, em um discurso. O aumento brusco constitui a quebra de padrão verbal. Constitui-se indício de tentativa de convencimento.

A partir de 8:25, o repórter pergunta: "Será que a senhora disse algo que possa ser interpretado como uma ordem de assassinar Anderson?"
Logo em seguida, a Deputada responde: "De jeito nenhum. Todo mundo dentro de casa e fora de casa sabiam o valor que meu marido tinha para mim"
Observamos aqui, que houve a quebra da estrutura de uma resposta direta. De acordo com Mark McClish, uma resposta direta é constituída de uma afirmação ("sim") ou uma negação ("não") seguida de um complemento. Não vemos essa estrutura na resposta da Deputada, que começa sua resposta com "De jeito nenhum". Essa composição verbal não é considerada uma negação, logo não existe resposta direta. Ausência de resposta direta indica omissão e desonestidade.
Para complementar sua resposta ela usa o recurso de inserir terceiros para aumentar sua credibilidade. Ao dizer que "todo mundo dentro de casa e fora de casa sabiam do valor que meu marido tinha pra mim", ela pretende ser crível colocando outras pessoas no contexto. De acordo com pesquisas de Statement Analysis, quando inserimos terceiros, nos tornamos mais confiáveis porque se outras pessoas podem confirmar minha história, a tendência é que os interlocutores confiem no que está sendo dito, através de uma espécie de "comportamento de manada". Há manipulação.


SUMÁRIO: A Deputada Flordelis experiencia, majoritariamente, as emoções de desprezo e medo; bem como ansiedade e nervosismo.
Podemos ver vários indícios de manipulação, tanto no campo verbal, quanto no não-verbal.
É observável também comportamentos verbais e não-verbais de fuga e evasividade.
Durante o vídeo apresentado, é possível notar vários sinais que, aliados ao contexto, indicam desonestidade em relação a inocência da Deputada. Dentre outros, um dos sinais mais vistos, ao longo do vídeo, é o chamado "Eye Shielding", aonde o seu desejo é de não visualizar o que está falando.
Em momentos importantes, a Deputada demonstra sinais de insegurança.
Há também vários indícios verbais de omissão.
O único momento de honestidade ocorre quando Flordelis diz desconhecer o destino do dinheiro que deveria estar investido na igreja.