quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Análise não-verbal: Rodrigo faro homenageia Gugu Liberato. Tristeza real?

Infelizmente, recentemente, o comunicador Augusto "Gugu" Liberato sofreu uma queda, em sua casa nos EUA, que provocou seu falecimento por traumatismo craniano. Esse acontecimento chocou toda a população.
Todos os meios de comunicação fizeram suas homenagens a esse apresentador que marcou uma geração, conquistando uma legião enorme de fãs.
Uma, das dezenas, de homenagens prestadas ao apresentador, foi realizada pelo programa do, também apresentador, Rodrigo Faro, na emissora Record Tv.
Nessa homenagem ele chora a triste perda do apresentador. Será que Rodrigo Faro realmente emite tristeza ao falar da perda de Gugu Liberato?

Vamos à análise:

Em 0:03, apesar do plano, de câmera, aberto, podemos notar que Rodrigo Faro emite uma expressão de desprezo, devido a contração no bucinador em seu lado direito da face.
Na foto acima, facilmente, pode ser percebida essa contração.
A emoção de desprezo denota superioridade moral ou intelectual. Apesar de podermos observar essa emoção na face, não é possível confirmar com plena certeza qual é o fato gerador desse desprezo. A única coisa que podemos confirmar, é que nesse momento exato, o apresentador estava sentindo desprezo.

A partir de 0:05, Rodrigo Faro diz: "Eu queria só deixar um beijo para a Dona Maria do Céu; deixar um beijo para a Rose; um beijo pro Joãozinho; Sofia, Marina; Aparecida, Amândio..."
Esse trecho revela informações verbais e não-verbais muito importantes.
No começo do trecho, quando ele diz que queria deixar um beijo pra mãe do apresentador Gugu, ele realiza um gesto muito adequado com o contexto, que é o gesto com as mãos espalmadas para cima. Esse gesto indica abertura, oferecimento, doação. Porém, junto com esse gesto vemos um movimento corporal incongruente: ele se movimenta para trás - chamamos de "Movimento de Distanciamento". Segundo a doutrina de Comunicação Não-Verbal, nos afastamento quando não gostamos, não queremos ou não respeitamos o objeto de que estamos falando.
Quando estamos realizando o gesto com as mãos espalmadas para cima, com a intenção de oferecer alguma coisa, o movimento corporal deve ser realizado para frente; ao contrário do que é realizado por Rodrigo Faro.
Ao dizer "... deixar um beijo para a Rose", notamos que o gesto com as mãos espalmadas não está sincronizado no mesmo ritmo da fala, demonstrando artificialidade.

Ao final desse mesmo trecho, novamente vemos uma expressão de desprezo, pela contração no bucinador, em seus lados direito e esquerdo.Junto com essa emoção, vemos uma felicidade pela elevação dos cantos da boca (zigomático maior) e levantador das bochechas (orbicularis oculo)
Reafirmo que não podemos confirmar com plena certeza qual foi o fato gerador que provocou essas emoções em Rodrigo Faro, mas podemos dar certeza de que o apresentador as sentiu.

Em 0:23, o apresentador emite a emoção de nojo, principalmente, devido a elevação do lábio superior

A partir de 0:26, Rodrigo Faro, diz: "... a gente tentou rir, tentou fazer... (?)... o máximo de leveza..."
Nesse trecho, Rodrigo Faro, gesticula de forma descoordenada. Reparamos que seus movimentos estão em um ritmo diferente da sua fala.
Essa disparidade mostra uma incongruência entre o paralinguístico e o não-verbal. Geralmente, segundo a doutrina não-verbal, incongruência é um dos elementos que podem indicar desonestidade.

A partir de 0:32, Rodrigo Faro diz: "Mas o vazio que a gente tá sentindo aqui nesse estúdio é o mesmo vazio que a gente está sentindo no coração"
Novamente vemos que seus gestos estão em um ritmo diferente de sua fala.

A partir de 0:41, o Apresentador diz: "Eu só queria ter a oportunidade de dizer só uma vez só, obrigado"
Aqui acontece algo extremamente interessante. Supostamente, Rodrigo Faro se emociona.
Quando nos emocionamos, os nossos gestos tendem a ficar descoordenados naturalmente, devido a carga de hormônios liberados na corrente sanguínea - sendo, portanto, congruente. Porém, aqui, vemos que seus gestos estão no mesmo ritmo de sua fala, havendo portanto coordenação entre eles.
Isso nos faz concluir que, nos momentos anteriores, aonde Rodrigo Faro não se emocionou, seus gestos estavam descoordenados, mas no momento em que eles deviam estar dessa maneira - quando ele se emociona -, seus gesto se mostram coordenados.

Ainda referente a este último trecho, podemos concluir que a expressão de tristeza emitida pelo apresentador tem características falsas.
* De acordo com Paul Ekman, uma emoção genuína dura cerca de 4 a 5 segundos na face, tendo o seu ápice de contração acontecendo durante, mais ou menos, 1 segundo. No caso do Rodrigo Faro podemos ver que, a suposta, emoção de tristeza (através, apenas da contração do músculo da parte interior das sobrancelhas e corrugador) começa na face, de forma mais sutil, em 0:36; tendo alguns ápices de contração (mais ou menos 0:47 a 0:49; 0:50 a 0:52...), indo até 1:25. Aqui vemos uma emoção de tristeza durando por 39 segundos na face, com alguns ápices de mais de 1 segundo.
* Além disso, podemos dizer que a emoção de tristeza pode ser falsa porque, na tristeza genuína, as ações musculares envolvidas são a parte interior das sobrancelhas, o corrugador e os cantos da boca para baixo. Aqui, em Rodrigo faro, não vemos essa queda dos cantos da boca (a foto acima é um exemplo)
* Outra característica que reforça a tristeza ser falsa, é em relação ao seu "offset" (período em que a emoção vai sumindo da face). De acordo com Paul Ekman, a emoção vai sumindo da face de forma gradativa. No vídeo em questão, ela some da face de Rodrigo Faro de uma forma muito abrupta (1:28)

Em 0:52, podemos notar que Rodrigo Faro força ainda mais o choro. Um segundo depois, em 0:53, a voz de Rodrigo Faro fica mais aguda. De fato, quando estamos diante de um pico de tristeza, a voz tende a fica mais aguda, porém quando há esse pico, todo o corpo reponde de forma congruente. Ou seja, junto com o aumento do "pitch vocal", seus movimentos deveriam ficar mais descoordenados, mais lágrimas tendem a cair, aumento de produção de mucosa nasal, etc
Essas mudanças não acontecem junto com o aumento do "pitch" de Faro. Essa incongruência denota um fortíssimo indício de falsidade.


SUMÁRIO: O apresentador Rodrigo Faro exibe emoção de desprezo, embora não possamos confirmar com plena certeza o que gerou essa emoção. Existe também um momento em que há nojo.
Rodrigo Faro demonstra falta de sincronia rítmica entre os gestos e a fala em alguns momentos; e apresenta tal sincronia em um momentos cruciais aonde essa falta de sincronia seria congruente.
O apresentador exibe uma emoção de tristeza com elementos que fazem com que ela seja falsa. Tais como: ausência de contrações faciais essenciais para essa emoção, desaparecimento abrupto da emoção na face e duração exagerada da emoção na face - e ápices também exagerados. Há também uma incongruência entre o aumento do "pitch vocal" de Rodrigo Faro e as outras respostas fisiológicas da tristezas.

sábado, 16 de novembro de 2019

Análise não-verbal: Luciano Huck negando suposto empréstimo de jatinho à Lula. Ele está sendo sincero?

Ao sair da prisão em Curitiba, o ex-Presidente Lula, viajou em direção a São Paulo em um jatinho da empresa Icon Táxi Aéreo cujo propriedade é do apresentador Luciano Huck.
Esse fato fez com que a internet acusasse o apresentador de ter emprestado o jatinho para o transporte do ex-Presidente.
O apresentador recentemente veio à público negando o empréstimo.
O que sua comunicação não-verbal nos diz?

Vamos à análise:

Em 0:06, o apresentador realiza uma expressão de desprezo, devido a contração do músculo do bucinador em seu lado esquerdo.
Essa emoção denota uma superioridade moral ou intelectual.

A partir de 0:07, Luciano Huck diz: "Eu não dei carona no avião ara o Lula. Eu não emprestei avião nenhum para o Lula, tá?"
Nesse momento ele faz movimentos, de afirmação, amplos com a cabeça.
A doutrina de Comunicação Não-Verbal afirma que quando negamos verbalmente e sinalizamos com a cabeça de forma afirmativa, estamos diante de gestos incongruente, logo, há um forte indício de desonestidade, porém, essa incongruência acontece como um vazamento não-verbal, logo se dá de forma inconsciente e, portanto, menos ampla.
No vídeo, o apresentador realiza o gesto de forma consciente. Nesse caso, sua intenção é de confirmar o que está negando. O especialista de linguagem corporal Jack Brown, chama esse movimento de "Alpha Head Nod Affirmation". Como o nome já diz, é um movimento alfa e indica finalidade no assunto ("Esse assunto tá encerrado").
Esse movimento de cabeça, conjugado com a fluidez verbal de Luciano Huck e congruência em seu discurso, mostram que existe veracidade em sua afirmação.

A partir de 0:13, Luciano Huck diz: "Eu uso o meu avião para trabalhar. Eu viajo dois, três estados por semana, toda a semana para rodar esse Brasil inteiro. Aviação é muito cara; e para tornar essa operação mais eficiente, eu tenho um sócio que é a Icon Táxi Aéreo..."
Ao falar que ele usa o avião para rodar o Brasil inteiro, ele abaixa mais a cabeça, olhando para baixo. Esse direcionamento do olhar combinado com a cabeça baixa é um potencial sinal de vergonha ou culpa (foto acima).
Ao começar o próximo período dizendo "A aviação é muito cara" podemos ver que ele eleva o volume de sua voz. Aqui podemos afirmar que ele está tentando retomar de forma racional o que está dizendo.
Essa racionalidade pode ter sido interrompida pelo sinal de vergonha ou culpa no final do período verbal anterior.

Ainda referente ao trecho anterior, no momento em que pronuncia o adjetivo "eficiente", podemos ver um gesto exagerado de vocalização.
Cada palavra que verbalizamos recruta um conjunto de ações musculares que, em conjunto, são responsáveis pela movimentação que faz com que possamos dizer tal palavra; acontece que, às vezes, os agentes movimentam de forma exagerada esses músculos responsáveis por verbalizar determinada palavra. À essa movimentação exagerada, o especialista Jack Brown chama de "movimento exagerado de verbalização". Segundo ele, quando o agente realiza tal movimento, sua intenção é se mostrar alfa, dominante, em relação ao que está falando.

Ao falar que tem um sócio (0:24 - 0:25), que é a Icon Táxi Aéreo, ele se movimenta mais com o seu corpo, quebrando a linha de base corporal mantida durante todo o vídeo.
Essa alteração pode indicar nervosismo, tensão e ansiedade ao citar esse sócio.
Nesse momento, podemos ver também um aumento no volume vocal, confirmando esse estado de ansiedade.

A partir de 0:29, o presentador diz: "E quando eu não tô voando, o avião fica à disposição deles para fretamento, em bom português, é para alugar o avião para ajudar a pagar as contas todas..."
Nesse momento vemos congruência entre o verbal e o não-verbal. Há também fluidez no discurso.
Há honestidade.

A partir de 0:46, Luciano Huck diz: "Qualquer especulação política em cima disso é maluquice..."
Nesse momento, podemos notar que seu corpo novamente se movimenta, quebrando sua linha de base mantida nos primeiros momentos do vídeo.
Aqui vemos, mais uma vez, um aumento repentino de tensão, nervosismo e ansiedade.

A partir de 0:53, o apresentador diz: "O fato não passou de uma simples questão comercial, vamos dizer assim, tá?"
Ao verbalizar a palavra "simples", vemos uma expressão de desprezo, devido a forte contração no bucinador em seu lado esquerdo (foto acima).
Outro ponto interessante ocorre quando Luciano Huck usa a expressão: "vamos dizer assim". De acordo com estudos de Análise de Declaração, aqui existe um pedido implícito para que os interlocutores interpretem a afirmação dele do jeito que ele deseja. Essa expressão mostra que ele tem interesse em se fazer entender dessa forma, não necessariamente é a forma correta. Um sinônimo dessa expressão, é quando dizemos: "vamos deixar desse jeito"
Aqui, Luciano mostra que ele tem interesse em fazer com que os interlocutores entendam que foi uma simples questão comercial; mas ele não pode afirmar que realmente foi.


SUMÁRIO: O apresentador Luciano Huck demonstra forte indício de veracidade ao dizer que não deu carona e nem emprestou o jatinho para Lula, porém existe um aumento repentino de ansiedade, tensão e nervosismo ao citar a empresa Icon Táxi Aéreo e à questão comercial envolvendo esta e o ex-Presidente Lula.

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Análise não-verbal: O Governador Wilson Witzel e o suposto vazamento de informações. Witzel X Bolsonaro. Caso Marielle Franco.

Recentemente, o Governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel e o Presidente Jair Bolsonaro se desentenderam.
Aconteceu que, o Presidente afirmou, em vídeo, que o Governador vazou informações sigilosas sobre o caso Marielle Franco, envolvendo seu nome.
Segundo o Presidente, Wilson Witzel teria divulgado informações, à mídia, de que o porteiro do prédio em que morava Jair Bolsonaro teria liberado a entrada de Élcio de Queiroz, um dos principais suspeitos do assassinato de Marielle Franco. Ainda segundo o Presidente, durante um evento, o Governador teria passado essa informação sigilosa para ele.
O Presidente afirma perseguição por parte do Governador. E o Governador alega mentira por parte do Presidente.
Vamos analisar a comunicação não-verbal do Governador Wilson Witzel. Será que ele realmente vazou informações sigilosas, ou não?

"Este presente artigo não tem como objetivo manter ou defender uma posição política. A análise é feita, exclusivamente, com base em ciências comportamentais e tem a única finalidade de instruir."

Vamos á análise:

Em 0:07, o Governador começa dizendo: "Jamais vazei qualquer tipo de informação... seja como magistrado, seja como Governador"
De acordo com estudos de Análise de Declaração, a palavra "jamais" não indica negação. Segundo Mark McClish, "jamais" se refere a um discurso aberto, vago em relação ao tempo. Denota, portanto, inespecificidade temporal.
Tendo em vista que, o contexto denota um evento específico (declaração específica de vazamento), podemos dizer que o agente teve a intenção de espalhar a resposta em relação ao tempo, procurando fugir do evento específico.

A partir de 0:11, podemos notar um aumento das piscadas de Wilson Witzel. Esse aumento está ligado à ansiedade e nervosismo.

A partir de 0:13, o Governador diz: "Eu...(sss)... lamento que o Presidente... tenha, no momento, talvez, de descontrole emocional. No momento em que, ele está em uma viagem; não está... talvez no seu estado normal, tenha feito acusações contra a minha atividade como Governador..."
No começo desse trecho vemos um distúrbio da fala chamado de "Inferência de Som Incoerente" - acontece quando o agente vocaliza um som sem sentido no meio do discurso. Esse distúrbio é representado pelo "sss". Quando acontece, significa que o agente pode estar querendo tempo para pensar no que dizer, ou omitindo informação. Além desse, vemos outro distúrbio da fala, que é a pausa desnecessária em alguns momentos do trecho.
Esses dois distúrbios da fala, combinados, fortalecem o indício de que o a gente não sabe o que dizer e todo esse discurso é completamente racional.
Ao dizer "no momento", vemos uma elevação unilateral da sobrancelha direita (foto acima). Essa assimetria é chamada de "Skeptical Eyebrow", e indica dúvida, ceticismo.
Esse sinal não-verbal confirma que ele tem dúvidas de que o Presidente citou o Governador em um momento de descontrole emocional.
Vemos aqui, também, uma incongruência verbal e não-verbal: O Governador está fugindo completamente do padrão verbal e não-verbal, para esse contexto. O raciocínio que devemos ter é o seguinte: no caso concreto, Witzel foi acusado pelo Bolsonaro de divulgar informações sigilosas - o que constitui crime. Seu padrão comportamental deveria ser de emoções como raiva, que tem como gatilho a injustiça (De acordo com Paul Ekman, quando nos sentimos injustiçados, como padrão comportamental, exprimimos a emoção de raiva); o que não é apresentado. Além disso, em seu discurso, o Governador deveria usar palavras mais fortes para exprimir a, suposta, injustiça; ao invés disso, ele apenas diz que o Presidente, talvez, estivesse em um momento de descontrole emocional.
Podemos concluir com base em todos esses sinais que existem desonestidades nesse trecho.

A partir de 0:37, o Governador diz: "Não manipulo o Ministério Público, não manipulo a Polícia Civil..."
De acordo com estudos de Análise de Declaração. Um discurso valioso deve ter em sua estrutura, o pronome e o complemento. No contexto, para haver um discurso mais crível, Witzel deveria ter falado "EU não manipulo o Ministério Público, EU não manipulo a Polícia Civil". Segundo McClish, a ausência do pronome, pode indicar fuga, no sentido de, incapacidade de se associar (ou dissociar) a determinado fato.
Além da ausência de pronome, notamos um erro no uso do tempo verbal. No contexto, o Governador está falando de um fato que aconteceu no passado (acusação de manipulação feita em algum momento do passado), nesse caso, Witzel deveria ter usado o verbo conjugado no Pretérito Perfeito ("EU não MANIPULEI").
Esse erro no tempo verbal, nesse contexto, não significa desonestidade. Aqui, de fato, ele está sendo sincero e honesto - no presente, ele não manipula, mas não significa que no passado ele não manipulou. Esse uso indevido do tempo verbal indica fuga.
Em relação a comunicação não-verbal, podemos notar um aumento repentino no número de piscadas. Indicio de ansiedade e estresse.
Em resumo: Wilson Witzel, no tempo presente, não manipula nem o Ministério Público e nem a Polícia Civil, mas não significa que no passado, relacionado ao contexto, ele não tenha precisado realizar essa manipulação e esteja disposto a realizar novamente.

A partir de 0:48, o Governador afirma: "No meu governo, a Polícia Civil tem independência, o Ministério Público tem, e sempre terá, independência"
Ao dizer que o "Ministério Público sempre terá" independência, ele eleva assimetricamente a sobrancelha direita. Novamente vemos um indicativo de dúvida em relação ao que está falando.
Ele não pode afirmar se essa independência sempre acontecerá.

A partir de 1:01, o Governador Wilson Witzel diz: "Sequer tive acesso a documentos que constam dessa investigação"
Ao dizer "acesso" nos vemos um movimento exagerado de verbalização. Reparem na abertura da boca e no esforço para dizer essa palavra.
De acordo com o especialista Jack Brown, movimento exagerado de verbalização indica um estado de dominância. O agente que realiza o movimento acredita que ele é o dominante do ambiente.
O movimento exagerado de verbalização, por ser um movimento não-natural (ou seja, os seres humanos não o realizam de forma orgânica) e por transmitir esse estado alfa, pode indicar uma tentativa de convencimento e/ou o agente sabe que não conseguirão provar nada ao contrário do que ele espera.

A partir de 1:05, o Governador diz: "... e se esse documento vazou, como foi apresentado ontem em uma emissora de televisão, que a Polícia Federal investigue..."
Aqui, o Governador verbaliza uma frase usando uma forma condicional ao referindo a algo que é um fato.
É sabido que o vazamento às informações é um fato - realmente o vazamento aconteceu. Witzel inicia esse trecho dizendo "se esse documento vazou".
De acordo com estudos de Statement Analysis (Análise de Declaração), essa incongruência argumentativa pode indicar uma fuga a despeito do que aconteceu. Trazendo pro contexto, Witzel deseja negar, para si mesmo, que o vazamento realmente aconteceu, e pra isso ele usa o "e se..." para tentar suavizar que esse fato tenha acontecido - tendo em vista que a forma condicional exprime uma dúvida, incerteza; e não, um fato.

Em 1:22, acontece um movimento involuntário e assimétrico na sobrancelha direita do Governador. Reparem que nesse momento, a sobrancelha direita de Witzel se eleva, enquanto a sobrancelha esquerda permanece no mesmo nível.
A doutrina de Comunicação Não-Verbal diz que esse movimento é chamado de "Skeptical Eyebrow" e exprime dúvida e incredulidade em relação ao que está verbalizando.

Em 1:33, Witzel diz: "Desafio quem quer que seja a provar que eu vazei qualquer tipo de documento"
Nesse trecho, o Governador adota uma linguagem dissociativa, indicando fuga.
Aqui ele diz que desafia a provarem que ele vazou qualquer tipo de DOCUMENTO. A polêmica que recai sobre ele é em relação ao vazamento de INFORMAÇÃO e não de DOCUMENTO.
Segundo Mark McClish quando usamos uma palavra diferente daquele conduzida pelo contexto, estamos fugindo de nos referirmos à real questão.

De acordo com a sequência da matéria jornalística, a partir de 1:48 o Governador deveria responder sobre o fato dele ter conversado com o Presidente Jair Bolsonaro, em um evento sobre essas informações sigilosas.
Vemos nos trechos seguintes que o Governador usou um recurso paralinguístico chamado de "Deflexão", que consiste em responder uma pergunta simples de forma prolixa e muitas vezes completamente diferente do que foi perguntado. Aqui, pergunta-se A e responde-se B.
A intenção da "Deflexão" é enrolar os interlocutores afim de evitar responder aquela pergunta; quer seja por não saber o que dizer, quer seja por não querer responder, evitando ser expressamente desonesto.

A partir de 2:04, Witzel diz: "Eu não vazei nenhum tipo de informação..."
Aqui apresenta-se um trecho ao qual devemos prestar muita atenção.
Ao verbalizar a palavra "nenhum" notamos uma sutil elevação em seu ombro esquerdo (o vídeo acima representando, em loop e câmera lenta esse movimento com os ombro esquerdo). De acordo com Joe Navarro, esse movimento unilateral de um dos ombros é chamado de "Shoulder Shrug" e pode indicar falta de comprometimento emocional do agente, ou insegurança. Em ambos os casos o indício de desonestidade sobre o que está falando é muito alto. Existe um conflito entre a verdade, que está pronta no cérebro e a mentira que está sendo verbalizada; essa dissonância acaba por resultar nesse movimento unilateral.

A partir de 2:07 o Governador diz: "Eu... não tenho nenhuma responsabilidade sobre o que está acontecendo na imprensa..."
Nesse trecho podemos perceber um aumento no número de piscadas do Governador Wilson Witzel. Esse aumento repentino é um sinal de ansiedade e nervosismo.
Além disso, podemos ver uma pausa maior entre as verbalizações de "Eu" e "não tenho...". Essa pausa desnecessária indica que o cérebro precisa ganhar tempo para pensar o que vai falar em seguida. Esse elemento paralinguístico tira completamente a naturalidade e fluidez do discurso.

Durante todo o vídeo existem algumas expressões de medo, formadas principalmente pela contração do músculo do risorius, promovendo o estiramento horizontal dos lábios
A foto acima representa apenas um exemplo dessa expressão. No caso dela, podemos ver também uma sutil elevação das pálpebras superiores.


SUMÁRIO: O Governador Wilson Witzel apresenta sinais de ansiedade e nervosismo ao tratar do tema. Além disso, podemos notar expressões de medo em alguns momentos do vídeo.
Sua linguagem verbal denota intenções de fuga, a respeito do fato; e algumas incongruências em relação ao padrão do que se espera
No momento mais crucial, quando ele diz que não vazou nenhum tipo de informação, notamos uma sutil incongruência, podendo indicar desonestidade. Porém não podemos confirmar se esse vazamento se deu de forma direta ou indireta