terça-feira, 24 de março de 2020

Análise não-verbal: Ciro Gomes falando sobre sua preocupação com o Corona Vírus. Seu choro foi real?

Recentemente o político Ciro Gomes participou de uma live, no qual ele falava de alguns assuntos, respondia algumas perguntas.
Em um determinado momento dessa live, Ciro Gomes, supostamente, se emociona ao comentar que a epidemia do corona vírus está atingindo pessoas que se localizam nas áreas mais humildes do país.
Será que Ciro Gomes realmente se emocionou? Que informações sua linguagem corporal pode nos transmitir?

Vamos à análise:

A partir de 0:06, Ciro Gomes diz: "Agora esse vírus vai começar a subir o morro"
Nesse momento ele exibe uma expressão de felicidade, devido a elevação dos cantos da boca e levantamento das bochechas
Constitui incongruência a emissão de felicidade ao falar de um assunto tão negativo.

A partir de 0:11, podemos ver um aumento na frequência das piscadas de Ciro Gomes.
Percebam que ele começa a piscar muito mais do que a sua linha de base.
De acordo Bella DePaulo, o aumento das piscadas está ligado a ansiedade e nervosismo, devido a liberação de hormônios ligados a esses estados.

A partir de 0:13, Ciro Gomes começa, supostamente, a se sentir triste e a chorar.
Antes de observarmos os sinais que indicam se esse choro é real ou não, é importante esclarecer como uma emoção acontece na face, bem como sua duração.
Diante de um gatilho, o corpo começa a reagir a ele de forma gradativa. Uma emoção (e suas reações fisiológicas) entram em uma crescente (sua intensidade vai aumentando gradativamente). Em determinado momento, ela alcança o ápice; seguida de uma decrescente (a emoção e suas reações fisiológicas, vão decaindo, sumindo). Uma emoção genuína vai sempre respeitar essa estrutura.
Quando uma emoção (e suas reações fisiológicas) começa bruscamente já em uma intensidade alta, dizemos que a intensidade de arranque é alta, fazendo com que aquela emoção, bem como sua reação fisiológica sejam consideradas falsas.
Em relação a sua duração, Paul Ekman, considera uma emoção verdadeira aquela que dura, no máximo 5 segundos, com um ápice de 1 segundo.
Nesse trecho destacado, percebemos que o choro de Ciro Gomes começa bruscamente, ou seja, sua intensidade de arranque é muito alta, não respeitando a crescente da formação emocional.

Imagem cedida por Diego Silva do ILC (Instituto de Linguagem Corporal)
As ações musculares da face envolvidas na tristeza são: contração do corrugador (músculo situado entre as sobrancelhas), elevação da parte interna das sobrancelhas, queda dos cantos da boca e elevação do queixo (foto acima). sendo a elevação da parte interna das sobrancelhas a ação mais confiável para a legitimidade da emoção de tristeza.
Durante seu período de choro, não observamos essa prototipagem na face de Ciro Gomes.

Além dessas ausências, existem mais dois sinais que podem confirmar que a tristeza, e o consequente choro de Ciro, é falso:

O primeiro deles é a presença da elevação da parte externa das sobrancelhas - ação muscular ausente durante a tristeza e o choro (por exemplo, em 0:19 - foto acima)
O segundo é o aumento das piscadas. Durante o choro intenso, que Ciro Gomes está tentando passar, os movimentos ficam mais lentos, sem energia. O aumento das piscadas é incongruente com tal reação fisiológica do choro (por exemplo em, 0:23)

Em 0:20 podemos notar que sua gesticulação também está acelerada. Seguindo o mesmo raciocínio citado acima, durante o período de choro/tristeza profunda genuína, os gestos devem ficar mais letárgicos, lentos.

Em 0:45 - 0:46, Ciro diz: "Perdão pela emoção"
Nesse momento ele eleva somente a sobrancelha direita. Esse movimento assimétrico é chamado de "Skeptical Eyebrow" e indica dúvida, ceticismo, descrença no que está falando.
Eles está sendo desonesto em relação ao desejo de pedir perdão ou sabe que sua emoção não foi real.
Os olhos fechados conjugados com esse movimento assimétrico da sobrancelha constituem um desejo de não querer ver o que está falando, por saber que constitui dúvida

Em 0:56, após dizer: "Põe a mão na cabeça meu irmão, põe a mão na cabeça minha irmã", Ciro Gomes realiza um gesto pouco falado na Linguagem Corporal chamado por Jack Brown de "Jaw Confessional", que consiste em movimentar a mandíbula para um dos lados.
Ainda segundo o autor, quando um agente realiza esse movimento, algum nível de constrangimento está presente. Logo depois desse gesto, geralmente, o agente verbaliza uma confissão ou um pedido de desculpas, porém caso as próximas palavras não estejam enquadradas em um desses contextos (confissão ou pedido de desculpas), existe um constrangimento de algo que o agente deseja manter segredo, para assim enganar os espectadores
Os olhos fechados potencializam o sentimento de constrangimento e/ou o desejo de manter em segredo alguma informação
Analisando o contexto, o constrangimento pode estar ligado a algo que ele tenha falado, ou ao comportamento que teve durante essa live, de chorar.


SUMÁRIO: Ciro Gomes não apresenta ações musculares ligadas à emoção de tristeza genuína. O consequente choro também é manipulado. O gesto assimétrico exibido no momento em que ele pede perdão por chorar pode confirmar a falsidade da emoção.
Curiosamente, Ciro Gomes demonstra felicidade ao falar que o corona vírus vai "subir o morro", ou seja, vai atingir pessoas de comunidades mais humildes.
O político apresenta sinais de ansiedade e nervosismo antes do suposto choro.
No final do vídeo, após ele ter tentado demonstrar tristeza e ter feito com que acreditassem que seu choro era verdadeiro, ele exibe sinais de constrangimento por seu comportamento. Ciro deseja manter o fato gerador desse constrangimento em segredo, se utilizando dele para enganar.

sábado, 21 de março de 2020

Análise não-verbal: Dráuzio Varella se desculpando pela polêmica da matéria do "Fantástico". Ele sabia do crime cometido?

Recentemente o Dr. Dráuzio Varella, fez uma matéria para o programa "Fantástico" sobre  as condições de vida das transexuais nas penitenciárias.
Uma das entrevistadas para a matéria, chamada de Suzy, relatou que há 8 anos não recebe qualquer tipo de visita. Esse caso comoveu o Dr. Dráuzio, que prontamente concedeu um abraço na presidiária.
Após a matéria ir ao ar, muitas pessoas se solidarizaram com o caso dessa presidiária em específico. Ela recebeu vários tipos de ajuda da população que assistiu a reportagem, como por exemplo, várias cartas de solidariedade e apoio.
Também após a reportagem ir ao ar, foi descoberto que Suzy foi condenada a mais de 36 anos de cadeia, por estuprar e matar um menino de 9 anos. Com essa revelação, houve uma onda de revolta direcionada à Rede Globo por ter feito a reportagem, dando voz a Suzy e ao Dr. Dráuzio Varella por ter mostrado empatia e por ter abraçado a presidiária.
Dias após a matéria ter ido ao ar, o Dr. Dráuzio gravou um vídeo aonde ele fala do ocorrido, e nega veementemente o conhecimento a cerca do crime cometido pela pela transexual

Quais informações sua linguagem corporal no transmite através desse vídeo? Será que ele realmente desconhecia o motivo pelo qual Suzy foi condenada?

Primeiramente devemos nos atentar que o Doutor D´rauzio Varella está lendo, à sua frente, o que deve falar. Isso torna o discurso muito mais racional. Além disso, existe a probabilidade dele ter ensaiado esse discurso algumas vezes, antes de publicar a versão final.
Todas essas questões PODEM influenciar na linguagem corporal do agente, pois o corpo pode reagir de forma diferente caso seja treinado.

Vamos à análise:

Em 0:03, o Dr. Dráuzio realiza um gesto chamado de "Tongue Jut" que consiste em projetar a língua para fora da boca.
Esse gesto é conhecido pela doutrina de Comunicação Não-Verbal como um sinal de ansiedade.
Não podemos confirmar qual é o fato gerador deste estado emocional, mas podemos confirmar que o Doutor está experimentando ansiedade, nervosismo e tensão; que pode ser pela repercussão da matéria, por estar gravando esse vídeo, etc. Não sabemos ao certo o motivo.

A partir de 0:04, o Dr. Dráuzio diz: "No último domingo foi revelado para o país, inclusive para mim mesmo, o crime cometido por uma das entrevistadas..."
A parte mais significativa, e que causou controvérsias, é em relação a parte que diz que ele não sabia do crime cometido, no momento em que entrevistou a presidiária

No momento em que diz que foi "revelado para o país" (0:06), ele exibe uma expressão de medo devido a elevação das partes internas e externas das sobrancelhas, elevação das pálpebras superiores e estiramento horizontal dos lábios.
Essa expressão de medo acontece mais algumas vezes durante o vídeo.

Ao dizer: "... inclusive para mim mesmo", podemos ver dois sinais muito importantes em sua face. Ele eleva as sobrancelhas ao mesmo tempo que fecha os olhos. Tecnicamente, esse gesto não é natural pois o direcionamento dos movimentos são opostos - enquanto as sobrancelhas se elevam para cima), os olhos se fecham (para baixo). De acordo com alguns autores, movimentos não-naturais apresentam um alto indício de desonestidade, porém aqui é uma exceção.
Um dos princípios básicos da análise da comunicação não-verbal é a análise do contexto. Com base nisso, podemos perceber que esse conjunto gestual tem uma outra interpretação
Elevar as sobrancelhas é um movimento facial chamado de "Eyebrow Flash", e constitui um sinal de conversação, de ênfase, de abertura. Possui um alto coeficiente de honestidade.
Fechar os olhos é um movimento chamado de "Eye Shielding" e indica bloqueio psicológico, afastamento do que presenciou ou recebeu, se "desligar".
Analisando o contexto em que se apresenta o Dr. Dráuzio Varella, ele quer dar ênfase que não sabia dos crimes previamente, e ao mesmo tempo quer se distanciar no evento negativo.
Ao verbalizar essa frase afirmativa, congruentemente, o Dr. Dráuzio também afirma com a cabeça. Forte indicativo de congruência
A congruência do Doutor é confirmada pela fluidez em seu discurso.

Ao final desse trecho, o Doutor novamente projeta sua língua para fora da boca, lubrificando os lábios. Constitui um sinal de ansiedade e tensão.
Esse gesto vai se repetir durante o vídeo. Nesse contexto, todas as vezes o significado será o mesmo.

Em 0:11, o Doutor realiza um gesto ilustrador (ilustra o que está sendo verbalizado) chamado de "Pinçamento", que consiste em unir a ponta do dedo indicador com a ponta do dedo polegar.
É considerado um gesto que transmite exatidão, assertividade, confiança, na medida certa, sem correr o risco de passar agressividade (por isso é tido como um gesto ilustrador híbrido).

Em 0:12 ao se referir à matéria do "Fantástico" que já FOI ao ar, ele gesticula para a sua esquerda.
A PNL, bem como alguns autores como o professor de Desenvolvimento Humano, Daniel Casassanto e o Neurocientista, Kyle Jasmin, defendem que os seres humanos representam o tempo espacialmente.
Segundo eles, a grande maioria das pessoas têm o seu passado representado espacialmente à sua esquerda e o futuro à sua direita. Portanto, se uma pessoa gesticula mais à sua esquerda, ela está se referindo a fatos que já aconteceram; se a gesticulação se dá mais à direita, o fato ainda não aconteceu, está no futuro.
Nesse trecho, podemos ver que ao falar da matéria do Fantástico que já foi ao ar, ele gesticula em sua esquerda, representando seu passado. Há, portanto, congruência entre o verbal e o não-verbal

A partir de 0:20, o Doutor diz: "Escrevi uma nota em que fui sincero ao dizer que não entrei naquela cadeia como juiz. E sim como médico"
Aqui vemos congruência e sincronia entre seus gesto e sua fala, principalmente no que diz respeito a velocidade. Há fluidez.
Ele se utiliza de um recurso muito interessante, que é adaptado da PNL para o universo da Comunicação Não-verbal. As "Posições Perceptuais".
Gesticular utilizando esse recurso melhora muito a transmissão da informação aumentando ainda mais a credibilidade e ajudando os espectadores a entenderem, de uma forma mais eficaz, o que está sendo transmitido. A função das "Posições Perceptuais" na Comunicação Não-Verbal é fazer com que os interlocutores entendam as diferenças entre dois ou mais pontos de vistas, facilitando suas compreensões.

Ao dizer a palavra "juiz" reparem que ele gesticula para a sua direita. A partir desse momento, a figura de um juiz é ancorada psicogeograficamente naquele espaço.








Ao falar "médico" ele gesticula para a sua esquerda, ancorando a figura do médico naquele espaço. Estando uma figura em cada espaço, facilita que os interlocutores percebam que há diferenças entre eles, pois as âncoras espaciais estão separadas em locais opostos. Em resumo, o médico é diferente do Juiz.
(Assistem esse trecho no vídeo para perceberem as posições perceptuais do "médico" e do "juiz")



A partir de 0:28 , o Dr. Dráuzio diz: "Ser médico orienta o meu olhar em todas as situações"
Nesse momento ele realiza um gesto ilustrador de expansão. Congruente com "TODAS as situações".
Juntamente podemos ver uma elevação assimétrica do ombro esquerdo (apesar do direito também se elevar, o esquerdo se eleva mais, causando um desnível). Essa assimetria é chamada de "Shoulder Shrug" e indica falta de insegurança no que está dizendo.
Podemos interpretar esse gesto, nesse contexto como uma desonestidade no sentido de que ele sabe que provavelmente ser médico não vai orientá-lo em todas as situações, pois provavelmente ele não viveu todas elas. Pode ser que haja uma exceção; e ele acredita nessa exceção

Em 0:35, Dráuzio realiza um gesto ilustrador de categoria alfa, chamado de "Cúpula do Poder".
Esse gesto eh um dos mais conhecidos no universo da Comunicação Não-Verbal. Indica assertividade, confiança, segurança.

A partir de 0:45, ele diz: "Peço desculpas para a família do menino que foi involuntariamente envolvida no caso"
Aqui, o Doutor utiliza novamente o gesto ilustrador do "Pinçamento" denotando confiança, assertividade e minucia ao explicar uma informação.
Aqui estamos em um contexto de desculpas. Esse contexto tem, necessariamente um cunho emocional, pois quando nos desculpamos depositamos toda a nossa sinceridade e o nosso coração no pedido.
O "Pinçamento" é um dos gestos ilustradores que têm característica de poder ser manipulado para que possa transmitir aos interlocutores a intenção do seu agente. Isso faz com que o gesto seja racional.
A racionalidade está incongruente com um contexto de desculpas.
Essa racionalidade faz com que haja desonestidade? Não necessariamente. Só podemos afirmar que ele sente que não fez nada de errado a ponto de pedir desculpas. Esse pedido foi arquitetado, combinado
No final desse trecho, novamente vemos a projeção de língua do Dr. Dráuzio. Novamente um indício de ansiedade.

A partir de 1:07, o Doutor diz: "À maneira pela qual a Suzy foi apresentada, deu a entender que ela fazia parte desse grupo majoritário [as presas transexuais, majoritariamente são condenadas por roubo e furto]"
Como dito anteriormente, através da gesticulação podemos observar como os seres humanos representam a sua linha do tempo. Gesticulações para a esquerda do agente, geralmente, estão ligadas a eventos do passado; e gesticulações para a direita, ligadas ao futuro.
Aqui, nesse trecho, o Doutor Dráuzio ao dizer "À maneira pela qual Suzy FOI apresentada..." ele, verbalmente, se refere ao tempo passado, porém gesticula para sua direita - para o seu futuro.
Quando a linguagem verbal indica um tempo e a gesticulação se localiza espacialmente em outro, estamos diante de uma incongruência.
Podemos interpretar essa incongruência como uma descrença do Doutor Dráuzio de que a forma como Suzy foi apresentada daria a entender que ela fazia parte de tal grupo majoritário.

A partir de 1:43, Dr. Dráuzio diz: "Para quem acha que eu errei, desculpa"
Ele gesticula com as palmas das mãos para cima. É um gesto ilustrador que indica abertura, cuidado, oferecimento de ideia/pensamento, empatia - ainda sim, com assertividade.
Pela análise verbal (Statement Analysis), podemos identificar que ele não pede desculpas porque acha que errou, ele se desculpa para quem acha que ele errou.
Aqui podemos confirmar que o Doutor Dráuzio realmente acredita que o que ele fez não foi errado. Talvez por ter seguido esse protocolo de trabalho a vida toda.

A partir de 1:56, o Doutor diz: "Agora. Eu gostaria de dizer claramente, e sem nenhuma chance de que eu volte atrás no futuro - que nunca fui e nem serei candidato a nada..."
Ao dizer que não tem chance de que volte atrás no FUTURO, ele gesticula para a sua direita no exato momento que verbaliza o substantivo "futuro". Congruência. Pois lembrando que a gesticulação para o lado direito representa, para a maioria das pessoas, a localização espacial do futuro.

Em 2:12, Dr. Dráuzio exibe a emoção de desprezo ao falar das pessoas que estão explorando, politicamente, a polêmica
Essa emoção de desprezo é vista pela contração do bucinador em seu lado esquerdo.


SUMÁRIO: O Dr. Dráuzio Varella demonstra ansiedade e nervosismo durante o vídeo, o que pode ser congruente com a situação de sua exposição.
Sua emoção principal durante o vídeo é o medo. Sente também desprezo ao falar da exploração política do caso.
Ele apresenta uma linguagem corporal congruente com desconhecimento a respeito do crime cometido pela transexual Suzy.
O contexto de desculpas deve ser, necessariamente, emocional. Apesar disso, Dráuzio mostra sinais de racionalidade ao se desculpar - o que constitui, tecnicamente, incongruência. Isso pode ocorrer porque o Doutor acredita que não tenha feito nada de errado, pois é praxe profissional ele agir dessa forma com seus entrevistados.
Ele realmente acredita ser um médico e não um juiz. Sua psiquê diferencia as funções de médico e juiz, colocando cada uma dessas profissões em uma "Posição Perceptual" diferente.
Existe congruência entre as conjugações verbais de Dráuzio e sua representação espacial de tempo (passado e futuro).
As poucas incongruências que existem não dizem respeito ao contexto dessa análise.

sexta-feira, 6 de março de 2020

Análise verbal: Guilherme Napolitano, ex-BBB, disse que gostaria de ficar com Bianca Andrade? Houve ato falho?

Após ter sido eliminado do reality show Big brother Brasil 20, o modelo Guilherme Napolitano foi entrevistado no programa RedeBBB - parada obrigatória para cada eliminado do reality show.
O modelo teve um relacionamento dentro da casa, com uma outra participante, a Gabriela; porém haviam especulações por parte dos espectadores, que o desejo dele sempre foi se relacionar com a Bianca Andrade, também participante desta edição do Big Brother.
Durante a entrevista, Guilherme, supostamente, teria cometido um ato falho ao trocar o nome da Gabi pelo nome da Bianca, ao dizer que sempre quis ficar com a Bianca.
Será que realmente houve ato falho?

Vamos à análise:

Primeiramente, precisamos esclarecer o que é o "Ato Falho".

Esse fenômeno, que também é chamado de "Lapso Freudiano", foi descrito pela primeira vez pelo psiquiatra Sigmund Freud em seu livro "A psicopatologia da vida cotidiana" de 1901.
Esse ato consiste em, por meio da memória, fala, escrita ou ação física, expor, de forma inconsciente, um desejo, que conscientemente o indivíduo estava resistindo para manter em segredo.
Em outras palavras, a intenção era manter uma informação em segredo, mas devido a ansiedade e outros estados emocionais, o inconsciente acaba vazando essas informações, sem que o indivíduo perceba no momento.
Freud, e o fisiologista austríaco Josef Breuer define os "Atos Falhos" como sendo pensamentos inconscientes, mas que podem se tornar conscientes sem que haja uma barreira para isso.

No vídeo, o ex-BBB Guilherme disse: "... Eu sempre falei para a Bianca que eu queria ficar com ela... com a Gabi... com a Gabi... Eu falei que eu queria ficar com a Gabi. Eu já decidi"

Vamos separar esse trecho por momentos para que possamos analisar o que está acontecendo no discurso.

O primeiro momento acontece quando Guilherme diz "Eu sempre falei para a Bianca que eu queria ficar com ela..."
Ao ouvir esse trecho, tendemos, logo de cara, afirmar que o pronome "ela" se refere a Bianca que já foi citada na frase ("... eu queria ficar com ela" = "... eu queria ficar com a Bianca") - nesse caso, constituiria um "Ato Falho". Porém, de acordo com a PNL, quando nos comunicamos deletamos, omitimos e generalizamos informações, saindo de uma estrutura de pensamento profunda e formando uma estrutura superficial falada. Se levarmos isso em consideração, existe uma probabilidade do pronome "ela" se referir a Gabi. Nesse caso, há uma omissão do indivíduo que sofre a ação, havendo portanto um índice referencial não-especificado.
Em resumo, ao dizer "... queria ficar com ela" pode se referir a Bianca, por ela já ter sido citada na mesma frase anteriormente, mas pode se referir também a Gabi, se o indivíduo estiver não-especificando, de forma inconsciente o referencial.
Tendo dito isso, não é possível, APENAS por essa frase determinar com clareza a quem ele se referia. Pode ser tanto à Bianca quanto à Gabi.

No entanto, existem alguns sinais quem podem confirmar o "Lapso Freudiano".
Ao verbalizar o pronome "ela", podemos perceber que o volume vocal cai consideravelmente, ficando quase inaudível. De acordo com estudos de Paralinguagem, quando esse fenômeno acontece, existe uma intenção do indivíduo de manter tal informação (a que sofreu alteração no volume) em segredo.
Diante disso devemos nos perguntar: "Se o pronome "ela" se referia a Gabi e este sofreu alteração em seu volume, porque Guilherme deseja omitir que gostaria de ficar com Gabi, se eles já se relacionaram em rede nacional?". Nos levando a pensar que existe uma probabilidade do "ela" se referir a Bianca, pois seria mais congruente manter esse desejo de se relacionar com esta, omisso.

Logo depois existe a repetição "com a Gabi... com a Gabi..."
De acordo com estudos de Statement Analysis, a repetição é uma tentativa consciente de reforçar uma determinada informação.
Esse recurso é comum depois de cometermos um erro, no caso em questão seria um "Ato Falho". Quando verbalizamos de forma inconsciente alguma informação que o consciente deseja omitir, após percebermos essa falha, comumente vemos a adoção da repetição para reforçar a ideia de que erramos antes e agora estamos tentando concertar o erro.

No momento seguinte em que fala "Eu falei que eu queria ficar com a Gabi" notamos uma alteração vocal. Sua intensidade vocal muda, passando a ficar mais incisivo e dominante. Também constitui um
reforço, mas dessa vez paralinguístico.

No último momento ele fala: "Eu já decidi"
Aqui percebemos que ele assume que existiam dúvidas sobre com quem ele gostaria de ficar.
Guilherme afirma que houve uma decisão. A decisão pressupõe que exista mais de um elemento, e que exista dúvidas em relação a qual elemento escolher.
Se já decidiu é porque escolheu entre duas ou mais opções. Se escolheu entre duas ou mais opções, existe uma pressuposição de que Bianca foi uma das opções, confirmando então que havia, também, um interesse nela.


SUMÁRIO: Depois de analisar o discurso de Guilherme Napolitano, existem indícios de que o modelo se interessou, simultaneamente ou não, por Bianca Andrade.
Se a frase: "Eu sempre falei para a Bianca que eu queria ficar com ela..." estivesse sido verbalizada sozinha, não poderíamos afirmar que se trataria de um "Ato Falho", porém de acordo com toda a análise do que foi dito, podemos confirmar com uma maior certeza de que realmente houve "Ato Falho" por parte do ex-BBB.