terça-feira, 28 de abril de 2020

Análise não-verbal: Gabriela Pugliesi pede desculpas por desrespeito à quarentena. Pedido de desculpas sincero?

Recentemente a influencer digital Gabriela Pugliesi publicou em suas redes sociais vídeos demonstrando que estava participando de uma festa em meio à quarentena do coronavírus.
Esse comportamento foi muito criticado pelos seus seguidores e não seguidores.
Segundos essas pessoas, o fato dela participar de uma festa em um período tão turbulento mundialmente, aonde a ordem principal é todos ficarem em casa de quarentena para evitar que o vírus se espalhe, é um desrespeito ao momento que está sendo vivido.
Após esse vídeo vazar na internet, e após Gabriela Pugliesi perder vários patrocinadores, a mesma gravou em seu Instagram um pedido de desculpas por sua atitude.
Será que esse pedido de desculpas foi sincero? O que sua linguagem corporal pode nos dizer?

Vamos à análise:

Em 0:02, no momento em que Gabriela pede desculpas, ela realiza um gesto com as mãos se entrelaçando. Segundo o antropólogo Desmond Morris, esse gesto indica suplica, proteção. Sendo, portanto, um "gesto ilustrador" de categoria beta (submissão)
O que é interessante de observar nesse trecho, é que, ao mesmo tempo em que ela realiza esse gesto mostrando submissão, sua cabeça está projetada em um ângulo acima de 90 graus. Esse posicionamento, vulgarmente chamado de "nariz empinado", indica um estado emocional de superioridade, arrogância, dominância excessiva.
Podemos dizer que os gestos são incongruentes entre si - enquanto as mãos projetam submissão, a cabeça indica arrogância e dominância.
Segundo Jack Brown, o pedido de desculpas é um contexto que deve ser exclusivamente submisso, pois o agente está em uma posição de vulnerabilidade, em razão do comportamento que levou ao pedido.
Tendo, Gabriela exibido um sinal de dominância, podemos dizer que há incongruência gestual-contextual.

Em 0:04, no momento em que começa a contar o que aconteceu, podemos ver uma elevação consistente, de ambos os ombros e .
Esse movimento é chamado de "Turtle Effect", e demonstra uma intenção do agente em se proteger do acontecimento. Ele é realizado quando o agente experiencia desconforto, medo. Tem esse nome como uma referência ao gesto que a tartaruga faz diante, também, de uma situação de medo e desconforto, no qual ela se esconde no casco.

A partir de 0:04, Gabriela Pugliesi diz: "Ontem eu juntei meia dúzia de amigos aqui em casa, a gente pediu comida, a gente bebeu; eu me passei, postei, falei besteira. Enfim, eu tô extremamente arrependida, tô mal comigo mesma..."
No momento em que ela diz "me passei, postei, falei besteira", sob o prisma da Análise de Declaração (Statement Analysis), houve uma quebra da cronologia temporal dos fatos.
Gabriela Pugliesi ordena os acontecimentos como: 1º. Ela se passou; 2º. Postou e 3º. Falou besteira. Para quem viu o vídeo do fato, o que realmente aconteceu foi que a Influencer, em primeiro lugar, "se passou", depois ela falou besteira e em seguida postou.
A troca da ordem cronológica, por mais simples que seja, segundo Mark McClish, indica um discurso incongruente, que pode indicar desonestidade ou, como no contexto, falta de comprometimento emocional.
Além disso, podemos perceber que a fluidez de seu discurso é consistente com uma declaração racional (não sentida).
Nos discursos racionais, planejados, devido a uma intenção de convencimento e manipulação, geralmente algumas sílabas são um pouco mais prolongadas, em comparação a um discurso mais natural, mais emocional. Essa alteração na estrutura paralinguística pode ser observada da seguinte forma: "Ontem eu juntei meia dúzia de amigos aqui em caaasa, a gente pediu comiiida, a gente bebeeeu; eu me passeeei, posteeei, falei besteeeeira..".

[Discursos emocionais, nesse contexto, sustentam sua credibilidade por si só; os discursos mais racionais, as vezes precisam de alguns elementos de convencimento para alcançar a credibilidade necessária]

Ao final desse trecho, ela faz a conexão entre os períodos verbais com o advérbio "enfim". De acordo com Mark McClish, esse advérbio pode indicar resignação - que é a sujeição ao desejo de outra pessoa.
Diante de todos os elementos vistos nesse trecho, podemos dizer que há um forte indício dessa declaração ser racional. O arrependimento aconteceu porque ela TEM QUE pedir, e não porque DESEJA pedir.

Em 0:19, a Influencer diz: "Eu quero pedir desculpas"
Aqui podemos ver uma microexpressão de medo devido ao estiramento horizontal dos lábios.
Não sabemos exatamente qual foi o fato gerador da emoção de medo, mas uma possibilidade de refere a repercussão negativa que o fato teve.

Em 0:22, após dizer "Não é pra juntar gente em casa", novamente podemos ver uma microexpressão de medo, dessa vez peal elevação das sobrancelhas em sua porção interna e externa, elevação das pálpebras superiores e estiramento horizontal dos lábios.

Em 0:38, Gabriela diz: "Eu tenho que ter responsabilidade"
Nesse momento ela realiza um "gesto pacificador" de passar a mão na região lateral do pescoço e na nuca. Juntamente podemos ver também uma expressão de medo pela elevação das partes internas e externas das sobrancelhas, aumento das pálpebras superiores e estiramento horizontal dos lábios.
Como já sabemos, "gestos pacificadores" são aqueles que consistem em realizar auto-toques com a intenção de se acalmar diante de um estado de ansiedade, nervosismo. De acordo com a doutrina de Comunicação Não-Verbal, a ansiedade é um estado emocional que PODE acontecer quando se está sendo desonesto.
O especialista em linguagem corporal, Jack Brown, através de observações, percebeu que a área da cabeça em que o gesto manipulador acontece pode nos dar indícios se a ansiedade experienciada tem uma alta ou baixa relação com a desonestidade. Segundo ele, quando o gesto manipulador acontece na região lateral do pescoço e nuca indicam, o que ele chama de "Ansiedade-Honesta", ou seja, tem pouca relação com uma desonestidade.

[É importante dizer que Jack Brown usou bases empíricas para chegar a essa conclusão, sendo assim, não podemos usar essa informação como um padrão, como uma verdade absoluta. O contexto deve sempre ser analisado]

Tendo em vista o contexto em que se apresenta, quando Gabriela Pugliesi passa mão na região lateral do pescoço e da nuca, podemos dizer que ela está ansiosa e nervosa por não ter tido um comportamento responsável.
No campo verbal, de acordo com a PNL, "Eu tenho que..." constitui um "Operador Modal de Necessidade". Adaptando esse conceito da PNL para a Análise de Declaração, é possível concluir que Gabriela Pugliesi se sente na obrigação de ser responsável. Ter essa obrigação, não necessariamente expressa uma vontade. As obrigações estabelecem regras quanto o que é necessário e apropriado. Não são flexíveis.
Aqui, a Influencer está afirmando que ela tem responsabilidade porque ela tem essa obrigação, e não necessariamente porque ela é assim.

[Quando o discurso está pautado em um "Operador Modal de Necessidade", quando os deslizes comportamentais acontecem, tendem a existir sinais mais fortes de ansiedade, pois a pessoa tende a se cobrar demais, tendo em vista que ela não é assim, apenas TEM QUE  ser.]

Em 0:43, ainda enquanto se refere às responsabilidades que tem diante das coisas que fala, Gabriela Pugliesi realiza um gesto chamado "Tongue Jut", que consiste em passar a língua nos lábios. Esse gesto indica ansiedade. De acordo com o especialista em linguagem corporal Joe Navarro, esse gesto, de uma forma mais específica é um sinal de auto-incriminação. Como se o corpo dissesse "fiz besteira".

Em 0:45, a Influencer diz: "Eu queria pedir desculpas do fuuundo do meu coração"
Mais uma vez aqui vemos um prolongamento verbal na palavra "fundo". De acordo com Mark McCLish os prolongamentos são desnecessários em discursos. Sua única função é manipular, aumentando a intensidade da credibilidade.
Juntamente ela realiza o gesto de fechar os olhos chamado de "Eye Shielding". De acordo com a doutrina de Comunicação Não-Verbal, esse gesto indica desejo de não-visualização diante de um estímulo negativo. Nesse contexto da análise, ele pode ser interpretado também como um agravador. Ela está tentando aumentar a intensidade de sua fala para tornar mais crível.


SUMÁRIO: A influencer digital Gabriela Pugliesi apresenta, majoritariamente emoções de medo; e ansiedade pelo acontecido..
Ela apresenta comportamento auto-incriminador. Sabe que errou.
O pedido de desculpas é um contexto completamente emocional, porém, a influencer apresenta sinais que constituem racionalidade e superioridade no pedido. Essa incongruência mostra que o pedido de desculpas não está sendo sentido. Em outras palavras, há alta probabilidade do pedido de desculpas não ter sido feito por ter ferido, de alguma forma, à sociedade; mas sim por ter sido profissionalmente prejudicada.
De tudo isso, podemos concluir que ela sabe que errou, mas pede desculpas apenas porque não quer se prejudicar mais do que já se prejudicou.
Foi observado que Pugliesi se cobra em ser responsável. O que, pode ser congruente com sua profissão.

sábado, 25 de abril de 2020

Análise não-verbal: Sérgio Moro faz acusações contra o Presidente Bolsonaro. Há veracidade? Quais as emoções envolvidas?

Recentemente, o atual ex-Ministro da Justiça Sérgio Moro pede demissão, após ter ficado mais de 1 ano no cargo.
Segundo a Imprensa, o ex-Ministro tomou essa decisão após a exoneração do diretor geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, pelo Presidente Jair Bolsonaro. Valeixo tinha sido indicado para o cargo pelo próprio Sérgio Moro.
Sérgio Moro fez um pronunciamento à Imprensa no qual anunciou a saída do Governo e fez algumas acusações contra o Presidente Jair Bolsonaro.
O que a Linguagem Corporal de Sérgio Moro pode nos mostrar?

Vamos á análise:

Em 0:15, Moro diz: "Foi me prometido, na ocasião, carta branca"
Nesse momento Sérgio Moro exibe uma expressão facial de medo, devido a elevação da parte interna e externa das sobrancelhas, contração no corrugador, elevação das pálpebras superiores e um sutil estiramento horizontal dos lábios.
Nem sempre é possível identificar o fato gerador dessa emoção, apenas que a emoção está sendo experienciada.

Em 0:29, enquanto ainda fala da carta branca que recebeu do Presidente para nomear todos os assessores da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Federal, o ex-Ministro exibe uma expressão de raiva. Nesse caso, a raiva está sendo exibida na face através das contrações do corrugador (responsável pelo abaixamento das sobrancelhas), tensão nas pálpebras inferiores, pressão dos lábios e tensão na mandíbula.
De acordo com Paul Ekman, um dos gatilhos da emoção de raiva é a injustiça. Ou seja, quando um a gente se sente injustiçado por algum motivo, é comum observarmos a raiva em sua face.

Em 0:34, podemos ouvir uma expirada profunda do ex-Ministro Sérgio Moro.
Essa expirada mais estendida é um indicativo de se aliviar de uma situação estressante. É como se o corpo, através da expirada eliminasse o estresse, ansiedade.
Esse sinal não-verbal acontece no momento em que ele está falando sobre a troca do Diretor-Geral da Polícia Federal

Em 0:47, o ex-Ministro Sérgio Moro exibe uma expressão de raiva, devido a contração no músculo do corrugador, tensionamento nas pálpebras inferiores e pressão nos lábios.

Em 0:51 - 0:52, Sérgio Moro engole em seco ao dizer que a troca do Diretor-Geral da Polícia Federal seria feita somente se houvesse uma insuficiência de desempenho ou um erro grave.
Esse comportamento está ligado ao estresse e tensão. Quando experienciamos esses estados emocionais, devido a liberação de alguns hormônios, a boca tende a fica mais seca que o normal, fazendo-se necessário um esforço maior para engolir afim de lubrificar a região da garganta.
Provavelmente, a tensão e o estresse estão ligados ao fato do Diretor-Geral ter sido demitido sem ter tido esses motivos.

A partir de 1:12, Sérgio Moro diz: "Tem outros bons nomes para assumir o cargo de Diretor-Geral da polícia Federal, né?"
Durante esse trecho ele realiza um gesto chamado de "Tongue Jut" que consiste em projetar a língua para fora da boca.
De acordo com o especialista em linguagem corporal Joe Navarro, esse gesto indica ansiedade com o que está dizendo.
Analisando o contexto, essa ansiedade não é congruente com tal afirmação.
Devemos nos perguntar: "Por que Sérgio Moro está se sentindo ansioso ao fazer uma afirmação, simples de ser feita"
De acordo com a doutrina da Comunicação Não-Verbal, essa incongruência pode ser sinal de desonestidade.
Sérgio Moro termina esse trecho com o advérbio "né?". De acordo com estudos de Statement Analysis, terminar com uma pergunta indica dúvida, pois transfere a confirmação do que disse para os interlocutores.
Sérgio Moro não acredita que existem outros bons nomes para assumir o cargo

Em 1:27, ao falar que essa troca no cargo de Diretor-Geral da Polícia Federal seria uma violação à carta branca que foi dada ao ex-Ministro, podemos ver um sutil desvio de cabeça para seu lado esquerdo.
Esse desvio indica distanciamento. O distanciamento não-verbal acontece quando estamos diante de uma informação da qual não gostamos, não acreditamos ou não confiamos.
Esse movimento está diretamente ligado à violação da carta branca dada pelo Presidente.

Em 1:42, ao verbalizar "interferência política", podemos perceber que sua voz fica trêmula.
De acordo com estudos da Paralinguagem, voz trêmula é um forte indicativo de estresse e ansiedade.
Esses estados emocionais causam um tensionamento na região da garganta, fazendo com que haja essa alteração vocal.

A partir de 1:48, Sérgio Moro diz: "E o problema é que nas conversas com o Presidente, e isso ele me disse expressamente, que não é só troca do Diretor-Geral. Haveria também intenção de trocar Superintendentes..."
Durante esse trecho podemos notar um aumento nas piscadas. O aumento das piscadas está ligado a ansiedade.

A partir de 2:06, o ex-Ministro diz: "Ontem.. eu conversei com o Presidente, houve essa insistência do Presidente. Falei ao Presidente que seria uma interferência política. Ele disse que... seria mesmo"
Logo no começo, podemos ver que o ex-Ministro Moro demonstra a emoção de desprezo, devido a contração do músculo do bucinador, de formam ais evidente em seu lado esquerdo.
Durante esse trecho podemo ver um aumento significativo do número de piscadas, indicando ansiedade.

Em 2:16, ainda referente ao trecho anterior, no momento em que ele afirma que o Presidente disse "seria mesmo", ele exibe um conjunto gestual muito interessante.
Podemos ver contração no corrugador (responsável pelo abaixamento das sobrancelhas), olhos fechados ("Eye Shielding"), elevação do queixo + queda dos cantos da boca e movimento das mãos em supinação
De acordo com estudos da Comunicação Não-Verbal, o conjunto não-verbal constituído pela contração do corrugador + elevação do queixo + queda dos cantos da boca conjugado com o movimento das mãos em supinação (giro das mãos lateralmente) é um sinal de discordância de pensamentos.
Os olhos fechados funcionam como um potencializador dessa discordância.
Adaptando ao contexto, essa discordância se refere ao fato de Sérgio Moro não concordar com a interferência política.

Em 2:19, ao final desse trecho, podemos ver que o ex-Ministro moro exibe a expressão de raiva devido a pressão nos lábios.

Em 2:22, novamente vemos a expressão de raiva, devido a pressão nos lábios. Dessa vez ela está conjugada com uma expressão de desprezo, devido a contração no bucinador (músculo localizado no canto dos lábios e responsável pela retração dos lábios e estreitamento das comissuras)

Em 2:31, ao dizer que o Presidente queria ter alguém de confiança no cargo para ter acesso às informações e aos relatório de inteligência, o ex-Ministro exibe mais uma vez a expressão de raiva, principalmente, devido a contração do corrugador (responsável pelo abaixamento das sobrancelhas) e tensão nas pálpebras inferiores

Em 2:46, diz: "... E realmente não é o papel da Polícia Federal prestar esse tipo de informação. As investigações tem que ser preservadas"
Enquanto verbaliza "papel da Polícia Federal" podemos ver uma elevação do volume da sua voz, juntamente com tensionamento no corrugador e afinamento dos lábios; e uma expressão de desprezo [foto acima].
De acordo com a Paralinguagem, o aumento no volume da voz está ligado ao desejo de chamar atenção e ser mais incisivo no que está a falar.
A raiva e o desprezo demonstram como Sérgio Moro se sente devido a discordância de ideias.

Em 3:00 podemos ver mais uma expressão de desprezo conjugada com a expressão de raiva.
A raiva é observada devido a contração do corrugador, tensionamento dos lábios.
O desprezo é observado pela contração do músculo do bucinador em seu lado esquerdo.

A partir de 3:54, o ex-Ministro diz: "A exoneração que foi publicada... ééé... eu fiquei sabendo pelo Diário Oficial. Eu não assinei esse decreto..."
Aqui notamos agregadores verbais ("ééé") que indicam que Moro está pensando no que vai falar a seguir.
Ao dizer que ficou sabendo pelo Diário Oficial, podemos ver um leve desalinhamento de sua cabeça para sua esquerda. Esse movimento está ligado à intenção de distanciamento. De acordo com o contexto, ele está se distanciando do fato de ter sabido previamente da exoneração.
No momento em que diz: "Eu não assinei esse decreto" podemos observar um gesto de cabeça chamado por Jack Brown de "Head Wiggle", que consiste em movimentos, de alta frequência, com a de um lado para outro [É necessário assistir ao vídeo, nesse trecho, para entender o movimento feito]. Essa movimentação indica confiança e assertividade no que está falando.
Nesse trecho há congruência e honestidade

Em 4:17, Moro diz: "Sinceramente, fui surpreendido" [ao se referir à exoneração]
De acordo com estudos de Statement Analysis, a utilização do advérbio "sinceramente", nesse contexto, pode ser considerado uma palavra desnecessária. Ou seja, sua presença no discurso não altera o sentido. Segundo Mark McClish, o uso de palavras desnecessárias podem ter a intenção de reforçar um pensamento. Na maioria dos casos, o reforço indica tentativa de convencimento. Quando um discurso é completamente honesto, não há necessidades de reforços; ele por si só se sustenta.
O uso desse advérbio nesse contexto pode indicar que Moro provavelmente já fazia ideia, em algum grau, de que haveria tal exoneração.
Ao dizer que foi surpreendido, ele exibe uma expressão composta. Aqui vemos tristeza (em primeiro plano) juntamente com medo - pelas contrações do corrugador, elevação da parte interna da sobrancelhas, elevação das pálpebras superiores e queda das extremidades da boca.
De acordo com alguns autores, a composição dessas duas emoções indicam um sentimento de choque, irritação [foto acima]

A partir de 4:33, o ex-Ministro diz: "Pra mim esse último ato, também, é uma sinalização de que... o Presidente me quer, realmente, fora do cargo. Não me quer presente aqui dentro do cargo"
Sérgio Moro realiza uma pausa desnecessária ("de que... o Presidente"). De acordo com estudos de Statement Analysis, a pausa desnecessária é um recurso usado pelo agente para ganhar tempo e pensar no que falará em seguida.
Ao confirmar que o presidente o quer fora do cargo, ele realiza um movimento de elevação unilateral com seu ombro esquerdo ("Shoulder Shrug"). Esse gesto é considerado um "emblema parcial", e, segundo alguns autores como Jack Brown, esse gesto pode indicar impotência [como se o corpo tivesse dizendo: "se o Presidente quis isso, o que eu posso fazer?"]
No final, ao dizer: "Não me quer presente aqui dentro do cargo" percebemos que existe uma queda em seu volume vocal. Essa diminuição está ligado a um estado emocional negativo, mais ligado a tristeza, vergonha. Pode ser visto também como um indicativo de submissão.

A partir de 4:48, Sérgio Moro diz: "Eu não tinha como aceitar essa substituição.."
Nesse momento ele emite desprezo, pela contração do músculo do bucinador, na extremidade esquerda do canto da boca.

A partir de 4:53, Moro diz: "Há uma questão envolvida do meu... também da minha biografia como juiz; em respeito à lei, ao Estado de Direito..."
Ao falar da sua biografia como juiz, ele ponta para ele mesmo. De acordo com Jack Brown, o gesto de apontar para si mesmo com a ponta dos dedos é um indicativo de assertividade, confiança, de congruência com as suas convicções.


SUMÁRIO: As emoções predominantes no ex-Ministro Sérgio Moro são raiva e desprezo. Bem como medo.
Um dos gatilhos da emoção de raiva é a injustiça. Diante disso, podemos afirmar que Sérgio Moro se sente injustiçado pela perda de seu cargo e por não receber a "carta branca" inicialmente prometida pelo Presidente Jair Bolsonaro.
Sérgio Moro apresenta ansiedade e desprezo ao falar da interferência política na Polícia Federal. Ele não concorda com essa interferência.
O ex-Ministro é sincero quando diz que não sabia da exoneração do cargo, apesar de que já tinha ess suspeita É sincero também quando diz que não assinou o decreto.
Existe emoção de tristeza com medo ao falar da exoneração do Diretor Geral da Polícia Federal. Bem como, ele acredita que não haverá ninguém melhor para a substituição no cargo.
O ex-Ministro também experiencia emoções negativas ao falar da sua saída do Ministério.
Há um forte indício de congruência nas denúncias feitas pelo ex-Ministro Sérgio Moro

sábado, 4 de abril de 2020

Análise não-verbal: O ex-BBB, Felipe Prior, está sendo acusado de estupro. Houve estupro?

Recentemente, um dos participantes mais polêmicos e famosos do Big Brother Brasil teve seu nome envolvido em uma grande polêmica.
Após sair da casa mais vigiada do Brasil, uma notícia está sendo amplamente divulgada nas mídias. O ex-participante Felipe Prior está sendo acusado por estupro e tentativa de estupro. Das três vítimas, duas são correspondentes ao estupro consumado e uma à tentativa.
Segundo documentos, os crimes aconteceram em anos diferentes, porém todos foram durante as comemorações dos jogos universitários da faculdade de arquitetura da USP.
Após esse assunto vir à tona na mídia, o arquiteto Felipe Prior decidiu se pronunciar acerca do acontecido.
O que será que sua Linguagem Corporal nos diz? Há provável culpa ou inocência?

Vamos á análise:

Nos primeiros segundos do vídeo, enquanto ele diz seu nome, vemos elevação nas sobrancelhas provocando rugas horizontais na testa, contração no corrugador; juntamente com as pálpebras superiores mais abaixadas que o normal e um fechamento unilateral do olho direito.
De acordo com estudos de Jack Brown, através de observações, essas ações faciais indicam arrogância, pretensão.
Essa configuração facial é vista em outros momentos desse vídeo. E também foi observado durante o reality

Em 0:10, Prior fala: "Eu tô muito chateado, mesmo. Muito chateado" 
Nesse momento, ele realiza um "gesto manipulador", puxando a pele da região da mandíbula.
Esse gesto é realizado em momentos em que o agente experimentando mais tensão e nervosismo. Nesse caso há uma tentativa de se acalmar diante desses momentos.
Durante sua participação no BBB, ele também realizou bastante esse mesmo gesto, e todas às vezes foi em momento de tensão.
Além disse, devemos nos atentar também para seu discurso. De acordo com Mark McClish, uma das emoções naturais em um contexto de injustiça é a raiva. Essa emoção é transferida para o seu discurso. O adjetivo "chateado" não é congruente com esse contexto de injustiça. A palavra é muito "leve" para um contexto tão "pesado".

A partir de 0:16, Prior diz: "Nunca cometi nenhuma violência sexual contra ninguém"
Nesse trecho observamos os seguintes gestos.
Ao falar "violência sexual", Prior eleva os dois ombros, e ao final desse trecho, existe uma elevação assimétrica do ombro esquerdo.
De acordo com estudos de Comunicação Não-Verbal, a assimetria é um dos componentes que PODEM indicar uma possível desonestidade.
Salvo algumas exceções, quando estamos verbalizando um discurso, nosso corpo se comporta de forma simétrica, pois existe um equilíbrio entre o que está sendo falado e o que está sendo demonstrado não-verbalmente - nossos dois hemisférios cerebrais estão em harmonia.
De acordo com Joe Navarro, a elevação unilateral de um dos ombros, é um forte indício de insegurança no que está falando.
A elevação bilateral dos ombros é um "Gesto Emblemático" e indica desconhecimento, dúvida.
Juntando a elevação bilateral e, ao final, a elevação unilateral, uma das interpretações possíveis para esse contexto é que, Prior tem dúvidas se cometeu os crimes, e não tem segurança suficiente para dizer que é completamente inocente.
(No trecho do vídeo acima, em câmera lenta, podemos ver esses movimentos dos ombros acontecendo - A primeira elevação é bilateral e a segunda é apenas com o ombro esquerdo).


Nesse mesmo trecho, vemos a expressão de desprezo pela ação do músculo do corrugador em seu lado direito

A partir de 0:21, Prior diz: "Sou inocente. Sou INOCENTE"
Aqui podemos notar alguns detalhes interessantes:
O primeiro é a ausência do pronome "Eu". De acordo com Mark McClish, essa ausência denota distanciamento verbal. Ainda segundo o autor, em um contexto em que existe o desejo de comprovar a sua inocência, o afastamento verbal não é congruente. Pois o agente injustiçado faz questão de dizer que ELE é inocente.
Ainda de acordo com Statement Analysis, a repetição de palavra é uma tentativa de confirmação. Uma das formas da nossa mente absorver um conteúdo (ou fazer uma mudança) é através da repetição. Quanto mais se repete, mais é fixado.
Existe uma teoria da comunicação não-verbal que diz que a verdade se sustenta por si só, não precisa de repetição
Adotando essa teoria, a repetição, pode ser vista como uma forma de manipulação, para que, apesar de qualquer dúvida, se consiga convencer.
Ao final desse trecho ele faz uma afirmação com a cabeça. De acordo com Jack Brown, esse gesto com essa amplitude, sendo feito ao final de uma afirmação indica finalidade.

Ainda referente ao trecho anterior, apesar das assimetrias faciais, de certa forma, naturais é possível ver uma expressão de medo, devido a elevação da parte interna e externa das sobrancelhas, contração no corrugador e elevação sutil nas pálpebras superiores.

A partir de 0:26, diz: "O que me deixa mais chateado..."
Nesse momento ele fecha os olhos e os mantém fechados por mais tempo que o normal de uma piscada.
Esse gesto é chamado de "Eye Shielding" e indica desejo de não visualização. Acontece quando queremos evitar algum estímulo que nos incomoda, ou que gera algum outro estímulo negativo.
Aqui há congruência.

Em 0:31, Prior fecha os olhos, segura a parte superior do nariz - na região entre os olhos.
De acordo com a doutrina não-verbal, esse conjunto gestual indica processamento emocional. Significa dizer que racionalmente ele sabe o que está acontecendo, mas o lado emocional ainda precisa de tempo para entender.
Geralmente esse gesto acontece quando o a gente está experimentando vergonha.

Em 0:53, ao final do vídeo, ele exibe a expressão de desprezo, devido a contração do lado esquerdo do canto da boca.


SUMÁRIO: Felipe Prior, tem uma linguagem corporal de pretensão e até arrogância
Ao falar do suposto crime, ele demonstra desconhecimento e insegurança. Significa dizer que ele NÃO SABE que suas atitudes podem constituir crime. Apesar desse comportamento ser comum para ele, o mesmo considera que suas atitudes PODEM configurar crime para as vítimas e para a sociedade. Também ao falar do ocorrido, apresenta a emoção de medo.
Existem sinais de vergonha e tensão com o ocorrido.
Verbalmente, Prior nominaliza sua emoção como "chateação". Essa nominalização é considerada incongruente com um contexto de injustiça, por ser um adjetivo que suaviza a emoção congruente com o contexto.
Ao final do vídeo, podemos ver a emoção de desprezo.