sexta-feira, 14 de junho de 2019

Análise não-verbal: Ministro Sérgio Moro fala sobre vazamento das mensagens. Deflexão?

Recentemente, o site The Intercept Brasil divulgou, através de uma fonte anônima, trechos de uma série de diálogos pertencentes a uma conversa privada entre o Ministro da Justiça Sérgio Moro e o Procurador Deltan Dallagnol. Nesses diálogos Sérgio Moro orienta ações do Ministério Público Federal, no âmbito da Operação Lava-Jato, quebrando o Princípio da Imparcialidade que, tecnicamente deve permear a Justiça.
A divulgação dessas conversas reforça que há uma atuação conjunta entre eles.
O Ministro Sérgio Moro realizou um pronunciamento em Manaus sobre o massacre em presídios no Amazonas.
Nessa coletiva ele também falou sobre a divulgação desses diálogos. A análise se focará nesse tema em específico. O que será que sua linguagem corporal tem a nos dizer?

"Este presente artigo não tem como objetivo manter ou defender uma posição política. A análise é feita, exclusivamente, com base em ciências comportamentais e tem a única finalidade de instruir."

Vamos à análise

Em 1:59, o Ministro diz: "Olha; eu, na verdade, já me manifestei ontem. Eu não vi nada demais ali nas... nas mensagens..."
Ao dizer "Olha", ele fecha os olhos por mais tempo que uma piscada. Esse movimento é chamado de "Eye Shielding" e indica não visualização do que está falando. Quando estamos diante de um tema sobre o qual não gostamos, não acreditamos ou não respeitamos, tendemos a fazer esse gesto como uma intenção de afastá-lo.

Ainda referente ao mesmo trecho, quando fala "Eu não vi nada demais ali nas..." podemos notar uma elevação nas pálpebras superiores e estiramento horizontal dos lábios, mostrando uma expressão de medo.
Juntamente, podemos ver uma distribuição maior do peso corporal à direita do Ministro. Isso indica desestabilidade emocional.
Durante a gagueira no "nas... nas mensagens", notamos uma inspirada com profunda, que indica um alto grau de ansiedade.

Em 2:12, Sergio Moro diz: "... pra mim isso é um fato bastante grave".
Aqui vemos um aumento das piscadas juntamente com o gesto de fechar os olhos ("Eye Shielding" - não visualização)
O aumento das piscadas indica a presença de altos níveis de ansiedade. O fechar dos olhos potencializa ainda mais a ansiedade experimentada.

A partir de 2:17, Moro diz: "... e quanto ao conteúdo, no que diz respeito a minha pessoa, eu vi ali, não vi nada demais"
Aqui vemos pontos interessantes
No momento em que fala: "eu vi ali, não vi nada demais" temos uma queda no volume da voz. De acordo com estudos de Paralinguagem, quando tem a queda no volume, não queremos que a mensagem seja ouvida; temos o desejo que o que estamos falando passe desapercebido.
Ainda nesse momento, vemos a elevação bilateral dos ombros (foto acima). Esse movimento foi descrito, primeiramente, por Charles Darwin, e indica desconhecimento ou dúvida.
Inserindo o gesto no contexto, há congruência entre a elevação dos ombros e o que foi dito por Moro. A frase "eu não vi nada demais" pode estar de acordo com o sentido de desconhecimento trazido pelo significado do gesto. Moro pode estar querendo transmitir a mensagem "eu não sei o que tem demais ali", nesse caso o sentido de desconhecimento é atendido, deixando o gesto congruente. Segundo Paul Ekman, esse gesto ainda pode imprimir um outro significado. Pode indicar como se o corpo quisesse dizer: "O que importa?"
Podemos concluir que há indícios de que Moro realmente não vê nada demais nos conteúdos, mas talvez ele não queira entrar em mais detalhes sobre os seus motivos para isso. Aqui ele demonstra sua forma de pensamento.

Em 2:34 ao falar que nas mensagens não tem nenhuma orientação. O Ministro fecha os olhos, indicando desejo de não-visualização do que está falando

A partir de 2:36, O Ministro diz: "Eu nem posso dizer que são autênticas; porque, veja, são coisas que aconteceram, se aconteceram, há anos atrás. Eu não tenho mais essas... essas mensagens. Eu não guardo essas... não tenho registro disso. Agora, ali não tem orientação nenhuma"
De acordo com Statement Analysis, esses discurso está fora de lógica. Reparem que em um momento ele diz que não pode dizer que são autênticas, logo depois ele assume que essas mensagens aconteceram ("São coisas que aconteceram há anos atrás"), em seguida ele confirma a existência das mensagens ao dizer que não as tem mais. Por último ele reforça a presença dessas mensagens quando ele diz que não tem orientação nenhuma
No âmbito da Paralinguagem, existe gagueira ("essas... essas mensagens") e frase incompleta ("Eu não guardo essas... não tenho registro disso"); esse último acontece quando ele muda de uma frase para outra sem completar a anterior.
Ao dizer "ali não tem orientação nenhuma", reparem que sua voz fica mais acelerada e seu volume fica menor. Indicativos de desejo de transmitir rapidamente a mensagem.
Não-verbalmente, também vemos sinais importantes. Ao dizer: "Eu nem posso dizer se são autênticas", vemos uma elevação bilateral dos ombros. Esse gesto, como já dito anteriormente, indica desconhecimento, incerteza. Teoricamente, esse gesto pode ser congruente com o contexto, isso porque, ao verbalizar que não pode dizer se são autênticas, seu corpo pode estar querendo transmitir a mensagem de desconhecimento em relação a essas mensagens, o que seria congruente, porém, se repararmo no tempo, o gesto é feito fora de sincronia com a fala. De acordo com a doutrina de comunicação não-verbal, o gesto deve ser realizado antes da verbalização ou durante, nunca depois; e aqui, Moro faz o gesto depois de expressar sua incerteza, o que torna o gesto incongruente.
Vemos juntamente uma expressão de medo pela elevação das pálpebras superiores e estiramento horizontal dos lábios.

Ainda referente ao trecho acima, ao falar que não guarda essas mensagens, novamente, ele eleva bilateralmente os ombros, indicando incerteza do que está falando.

A partir de 3:01, Moro diz: "Vejaaa, Juízes conversam com Procuradores, Juízes conversam com advogados, Juízes conversam com policiais. Isso é algo normal"
Moro começa com um agregador ("Veja") mais prolongamento verbal (quando prolonga a palavra "veja"). Esses pontos indicam que o Ministro deseja ganhar tempo para pensar em sua resposta.
Ao dizer que é normal, ele nega com a cabeça, constituindo uma incongruência entre o verbal e o não-verbal.

Em 3:21, o Ministro realiza uma inspirada funda, que é um forte indicativo de ansiedade. Ele puxa o ar para lidar com esse estado emocional

A partir de 3:24, nós podemos ouvir a pergunta do jornalista: "O senhor fez alguma sugestão, para trocar de fase, na Lava-Jato, ou não?"
O Ministro responde (3:29): "Olha, ééé... se... se houve alguma coisa nesse sentido, é... são Operações que já haviam sido autorizadas, né?. Aí é uma questão de logística, inclusive. Ás vezes, discuti-se isso com a polícia de como fazer, de como não fazer, isso é absolutamente normal"
Ao começar a responder, o Ministro aumenta seu número de piscadas, o que é um forte indicativo de ansiedade e nervosismo ao responder a essa pergunta. Esse nervosismo também pode ser notado a partir de quando ele fala que é uma questão de logística; reparem que a mão que está segurando o microfone começa a tremer.
Ao dizer que "é absolutamente normal", existe uma sutil elevação unilateral com o ombro esquerdo ("Shoulder Shrug"), indicando falta de confiança em suas palavras.
Novamente vemos medo em sua face, devido a elevação das pálpebras superiores e o estiramento horizontal dos lábios.
Do ponto de vista verbal, essa resposta constitui a chamada Deflexão que é um recurso verbal aonde o a gente não responde diretamente o que foi perguntado. Ele responde a pergunta de uma forma indireta no intuito de desviar a ate não do interlocutor e evitar se questionado. Reparem que aqui bastava Sergio Moro responder se fez ou não alguma sugestão, mas ao invés disso ele não responde diretamente, dando apenas uma resposta genérica.


SUMÁRIO: O Ministro Sergio Moro apresenta a emoção predominante de medo e momentos de ansiedade ao responder às perguntas a cerca do vazamento das mensagens.
Ele apresenta incongruências ao falar do tema.
No âmbito verbal, notamos falta de respostas diretas, constituindo Deflexão e falta de lógica, em alguns momentos.

terça-feira, 11 de junho de 2019

Análise não-verbal: Najila Trindade vítima do suposto estupro e agressão praticados por Neymar. Verdade?

Após acusar o jogador Neymar de estupro (confira a análise de Neymar, clicando AQUI), a modelo Najila Trindade Mendes de Souza, recentemente, veio à público, em uma entrevista exclusiva, contar o que aconteceu entre ela e o jogador. Será que realmente Neymar a estuprou e a agrediu? O que sua Linguagem Corporal tem a nos dizer?

Vamos à análise:

Em um primeiro momento é interessante avaliarmos à forma como ela está apresentada. Roupa infantilizada; com o mínimo de maquiagem possível, para parecer mais "sofrida"; cabelo preso. Todo esse conjunto não-verbal indica uma intenção de que ela se pareça com uma vítima sofrida, submissa; livre de qualquer sinal de sensualidade.

Logo no começo da entrevista (0:18), Najila está em uma posição defensiva. Ela, de perna cruzada, está segurando o joelho com os dedos entrelaçados.
Esse conjunto gestual significa a presença de emoções conflitantes. Ao mesmo tempo que deseja se manter calma, o gesto entrega que existe uma emoção oposta que usualmente não seria transmitida verbalmente. Uma interpretação mais específica do gesto é o desejo de contar tudo, mas o fato de segurar o joelho representa um desejo de reter, segurar informação
Os dedos entrelaçados indicam ansiedade

A partir de 0:58, o Repórter pergunta: "Você, foi de fato, vítima de estupro por parte do jogador Neymar? Ou foi uma relação sexual consentida?"
Najila responde (1:04): "Fui vítima de estupro"
Ela sinaliza sim com a cabeça, mas essa afirmação está fora de ritmo com a fala. Percebam que o gesto está mais acelerado que o ritmo vocal. Essa diferença indica um forte indício de desonestidade.

A partir de 1:07, o repórter continua: "Você foi vítima de estupro ou foi apenas uma agressão?"
Najila responde (1:11): "Agressão... juntamente com estupro"
Após dizer "agressão", além da longa pausa, ela engasga antes de citar que foi "juntamente com estupro". Essa engasgada é considerada na Paralinguagem, um distúrbio da fala, rompendo sua fluidez verbal, o que pode indicar desonestidade em relação ao estupro.
Podemos notar também que ao citar o estupro, ela acena positivamente com a cabeça, mas esse aceno está em um ritmo diferente da fala.
Em contra-partida, ao dizer "agressão" existe uma maior congruência e fluidez. Ela acredita que houve agressão

Em 1:15, o repórter pergunta: "Você reafirma que foi vítima de estupro?"
Ao responder: "Fui", podemos perceber a voz mais aguda. Essa alteração se dá pelo tensionamento dos músculos da garganta advindo da tensão e do nervosismo.
Essa alteração pode estar ligada à desonestidade

A partir de 1:26, quando a modelo Najila fala sobre seu primeiro advogado, ela tem congruência verbal e não-verbal.
Seu discurso é fluído, sem alteração vocal de volume, ritmo e tonalidade.
Não-verbalmente, ela apresenta gestos congruentes com o que está falando.
É interessante notar aqui que ao lembrar do que o advogado falou para ela, Najila direciona seu olhar para cima e esquerda e horizontalmente para a esquerda. Esses dois movimentos oculares estão ligados à lembrança visual e auditiva, respectivamente. Essas pistas oculares confirmam a veracidade de seu discurso, nesse momento.

A partir de 3:01, o repórter pergunta: "Você tinha ciência de que uma relação sexual poderia acontecer?"
Najila responde (3:06): "Sim... o meu intuito era esse"
Aqui vemos um aumento no timbre vocal, deixando a voz mais aguda. E ao dizer que o intuito era esse, vemos um leve afastamento corporal (é fundamental assistir a esse trecho para perceber esse afastamento). Esse afastamento indica fuga e distanciamento do que está falando e/ou da situação. Há desonestidade

A partir de 3:10, Najila continua: "Meu intuito era... ter uma relação sexual com ele"
Durante a verbalização de "relação sexual" notamos uma negação de cabeça (incongruência) e elevação unilateral em seu ombro esquerdo ("Shoulder Shrug"). Esse gesto indica uma dissonância entre o que ela está falando e o que realmente aconteceu, havendo, portanto, falta de segurança em suas palavras.
Ela tinha outro intuito.
Ao se referir ao jogador como "ele" ao invés de "Neymar", ela usa uma linguagem de distanciamento, reforçando a ideia da desonestidade

Em 4:44, Najila diz: "Eu tinha o desejo de ficar com o Neymar..."
Nesse momento ela realiza um gesto com as mãos chamado de "Falsa Reza". Esse gesto é considerado alfa, dominante. Imprime autoridade e um estado emocional de arrogância quando utilizado em excesso.
Esse gesto é realizado junto com uma projeção de cabeça para frente e um olhar fixo ("Deliberate Gaze") no repórter. Esses gestos em conjunto indicam tentativa de convencimento. Ela está tentando, de forma autoritária, convencer de suas ideias. Convencimento, dependendo do contexto, é um potencial indicativo de desonestidade, pois de acordo com a doutrina de comportamento não-verbal, a verdade não precisa de convencimento, ela é crível por si só.
O "Deliberate Gaze" funciona como um gesto regulador, cuja sua principal função é ter um feedback instantâneo do interlocutor. Se ele está acreditando na sua mensagem.

A partir de 4:53, Najila diz: "Quando eu cheguei lá, ele estava agressivo... Totalmente diferente daquele cara que eu conheci nas mensagens"
Ao afirmar que ele já estava agressivo no momento em que ela chega, acontece uma dinâmica de movimentos com direções opostas. Reparem que as sobrancelhas sobem e os olhos se fecham, e portanto, as pálpebras descem. Quando dois tecidos adjacentes se movem em sentidos opostos (sobrancelhas para cima e pálpebras para baixo), temos um ponto que deve ser observado. Por ser um movimento não natural, existe um forte indício de desonestidade (foto acima)
A desonestidade nesse contexto, não significa que Neymar não tenha ficado agressivo em algum momento, mas ele não estava agressivo quando ela chegou lá (em Paris).
Ao dizer "totalmente diferente daquele cara que eu conheci nas mensagens", ela nega com a cabeça. Estamos diante de uma incongruência. O verbal afirma e o corpo nega.
Ela termina esse trecho olhando fixamente para o repórter. Mais uma vez temos o "Deliberate Gaze". Najila está tentando buscar um feedback para o que falou. Tentando confirmar se ela está indo bem no seu discurso.

A partir de 5:18, Najila diz: "E a gen... e aí ele me despiu"
De acordo com estudos de Análise do Discurso, quando o gente começa falando uma palavra, e de repente ele para e começa outra, sem terminar a anterior, estamos diante do chamado "riscar palavra". Indica omissão. Pode ser visto também como um "ato falho", que acontece quando queremos falar algo de forma consciente, mas o o subconsciente projeta o seu verdadeiro desejo.
Possivelmente, nesse contexto, Najila iria falar "E a gente". Diante disso, devemos que nos perguntar: "E a gente, o que?". O que realmente aconteceu?

A partir de 5:24, Najila diz: "Só que depois ele começou a me bater"
Aqui vemos uma projeção de cabeça para frente e, novamente, o chamado "Deliberate Gaze". Esse conjunto gestual ocorre quando estamos diante de uma tentativa de convencimento do que está sendo falado.
Diante das fotos apresentadas, é confirmado de que Neymar bateu em Najila. Certamente, a tentativa de convencimento da modelo, não recai sob o fato dele ter ou não batido nela, mas sim, podendo ser referente a como ela reagiu diante desse evento.

A partir de 5:32, Najila diz: "Só que depois começou a me machucar muito. E eu falei... para"
Segundo antes dela verbalizar essa frase, Najila olha para baixo e esquerda. De acordo com a PNL, o movimento ocular nessa direção é um indicativo de acesso a área do cérebro responsável pelo nosso diálogo interno. Esse diálogo interno é um mecanismo que nos permite entrar em contato com nós mesmos, pensar de forma analítica, minuciosa, com sentido crítico. Olhamos nesse sentido quando queremos reformular dentro de nós o que vamos falar, como vamos falar.

Ainda referente ao trecho acima, quando ela diz que começou a machucar muito, vemos uma micro expressão de nojo, pela sutil acentuação da prega naso-labial.

No momento em que Najila disse que pediu pra Neymar parar, pois a estava machucando muito, nós vemos um sorriso de satisfação chamado de "Duping Delight". Segundo Paul Ekman, esse sorriso acontece quando o agente percebe que está sendo bem sucedido na mentira que está contando.
Não houve esse pedido para que Neymar parasse.

Em 5:38, quando Najila confirma que o pedido para que Neymar parasse foi feito de forma clara, ela fecha os olhos, indicando não visualização do que está dizendo. Os olhos permanecem fechados durante toda a palavra "falei".
Há forte indício de desonestidade nesse ponto.

A partir de 5:49, Najila diz: "Eu falei: você trouxe preservativo? Porque eu não tenho. E ele disse: não. Eu falei: então não vai acontecer nada além disso porque eu... nã-não podemos"
Ao dizer "Porque eu não tenho", vemos gestos conflitantes de cabeça. Primeiro ela nega e depois afirma com a cabeça. Esse conflito acontece quando estamos diante de um gesto de manipulação. O subconsciente expõe o gesto negativo como um vazamento corporal de incongruência, e logo depois Najila, de forma consciente afirma com a cabeça para que haja uma congruência entre o verbal e o não-verbal.
Quando diz: "então não vai acontecer nada além disso...." novamente vemos esse gesto de manipulação. Reparem que nesse recorte, a cabeça de Najila se movimenta entre negação e afirmação. Há aqui um conflito interno entre o que realmente aconteceu e o que ela está querendo transmitir aos interlocutores.
Ao final podemos notar omissão quando ela não termina a frase ("porque eu.... " - eu o que?) e gagueira ao dizer que "não podemos". Reparem também que após essa negação, mais especificamente, após o "podemos", ela finaliza realizando um "sim" com a cabeça. Aqui há uma incongruência. Ela nega verbalmente e afirma com a cabeça.
Desse trecho podemos concluir que houve relação sexual.

A partir de 6:15, Najila diz: "Enquanto ele cometia o ato, ele continuava batendo na minha bunda, violentamente..."
Aqui vemos indícios de honestidade
O discurso dela segue um fluxo verbal, sua declaração está congruente com as técnicas de Statement Analysis (Análise de Declaração) e ela faz uma expressão de nojo (foto acima) devido a elevação do lábio superior, respeitando o padrão comportamental do contexto narrado

A partir de 6:33, Najila diz: "Eu falei: para, para... não, para. Eu falei"
Aqui temos a repetição de palavras. Essa técnica é usada para convencimento.
Além disso podemos ver uma pausa desnecessária entre "para.... não". Essa pausa desnecessária é um distúrbio da fala utilizado para o cérebro ganhar tempo para pensar no que dizer.
Nesse trecho, o convencimento pode se dar em relação ao fato dela ter realmente pedido para parar, ou deseja convencer de que foi dessa forma que ela pediu para parar, usando exatamente essas palavras.

A partir de 8:02, quando Najila narra que depois de tudo, ela levantou e foi para o banheiro, ela direciona seus olhar para cima e esquerda. De acordo com a PNL, o direcionamento ocular para esse sentido indica lembrança de uma imagem ou evento que realmente aconteceu.

Logo depois ela emite a expressão de nojo ao se referir a decepção em relação a Neymar. Esse nojo é caracterizado pela elevação do lábio superior e um franzimento na lateral do nariz

A partir de 10:57, Najila diz: "Ele não precisava ter feito aquilo comigo"
Aqui vemos novamente um gesto de manipulação. Em um primeiro momento ela nega com a cabeça, e logo depois afirma. A negação é realizada de forma consciente e congruente com a mensagem verbal, mas a negação acontece como um vazamento corporal, denunciando o que realmente ela está pensando.
Analisando sua Paralinguagem, notamos que existe uma ênfase maior na palavra "precisava", indicando um comando.
O uso da palavra "aquilo" causa um distanciamento do fato e uma omissão ("aquilo o quê?")

A partir de 11:49, o repórter diz que as pessoas estão dizendo que ela está usando esse caso do Neymar para resolver sua vida financeira. Ao perguntar se ela tem consciência disso, Najila responde (11:56): "Ten... ééé... eu fiquei sabendo, mas... olha...eu acho que teria uma forma mais fácil e mas rápida... do que todo esse auê, todo esse escândalo... acho que eu não preciso disso"
As pausas desnecessárias e as palavras riscadas indicam omissão.
O uso da palavra "acho" indica incerteza do que está falando. Ela não tem certeza, ela "acha". Reparem que o uso desse verbo é usando também no momento em que ela diz que não precisa disso. Aqui ela não afirma essa falta de necessidade, ela apenas "acha"
Nesse trecho não existe uma negação direta, do tipo "Eu não fiquei com o Neymar para resolver a minha vida financeira". A ausência de negação direta, segundo ensinamentos de Análise de Declaração, indica um forte indício de desonestidade e falta de confiança no que está falando.
Não-verbalmente, vemos um gesto pacificador de tocar o interior da orelha. Esse gesto indica uma tentativa de se acalmar diante de um momento de ansiedade. Juntamente vemos uma expressão de medo pelo estiramento horizontal dos lábios (foto acima)
Vemos também negações incongruentes, com a cabeça, durante uma verbalização afirmativa.


SUMÁRIO: Najila apresenta comportamentos congruentes, incongruentes e manipuladores, durante essa entrevista.
Najila é desonesta quanto à afirmação de que foi vítima de estupro, bem como é desonesta ao dizer que tinha a intenção de se relacionar sexualmente com Neymar. Aqui vemos comportamentos de manipulação, convencimento, bem como, de dominância (o que é incongruente com o contexto de vítima). Ela também emite nojo ao falar dessa relação, o que confirma a falta de intenção citada acima.
Najila é sincera ao contar que Neymar bateu nela violentamente, o que pode ser um forte indício de que houve agressão. Ela apresenta fluidez de discurso e congruência entre o verbal e o não-verbal. Ainda referentes aos atos violentos sofridos por ela, ela é desonesta apenas quando diz que pedia para parar. Não houve esse pedido.
Ao se referir à compensação financeira, ela apresenta omissões e desonestidades.

domingo, 2 de junho de 2019

Análise não-verbal: Neymar fala sobre acusação de estupro. Houve estupro?

Recentemente, o jogador Neymar foi envolvido em uma polêmica envolvendo seu nome e uma suposta acusação de estupro.
Uma mulher registrou um Boletim de Ocorrência em São Paulo, aonde acusa o jogador Neymar de tê-la estuprado, enquanto ela estava hospedada em um hotel em Paris.
Após polêmica, o jogador veio à público através das redes sociais para contar a sua versão dos fatos, e disse estar sendo vítima de extorsão.
O que sua linguagem corporal nos diz? Será que ele realmente foi vítima? O que será que aconteceu?

Vamos à análise

Em 0:05, após o Neymar dizer que está sendo acusado de estupro, podemos ver uma contração unilateral no bucinador, no lado direito da face. Essa unidade de ação indica a emoção de desprezo.
Há também uma pressão nos lábios, vista na emoção de raiva.
Nesse caso é desprezo e raiva pela acusação.

Logo em seguida, em 0:06, ele realiza o gesto de passar a língua nos lábios, chamado de "Tongue Jut". Esse gesto, em um primeiro momento indica ansiedade. A doutrina de Joe Navarro indica que esse gesto também pode indicar desejo de fugir da situação. Ainda segundo o autor, esse mesmo gesto também é visto quando o a gente se sente culpado.

Em 0:15, Neymar direciona seu olhar para baixo e direita (lembrando que a câmera está espelhada) e pressiona os lábios.
O olhar direcionado para esse quadrante indica acesso a área cinestésica do cérebro, que é responsável pelas sensações e emoção; a pressão nos lábios indica tensão, nervosismo e até raiva
A união desses dois gestos compõe a emoção de vergonha.

Em 0:17 ao dizer que foi pego de surpresa, ele apresenta uma leve inclinação na cabeça para sua direita e olhos semicerrados
O gesto de semicerrar os olhos é interessante nesse contexto. Esse gesto indica uma necessidade de avaliação, de enxergar melhor a situação.
A inclinação de cabeça indica submissão, pois expõe a jugular, que é uma área vital para a vida. Só expomos essa área quando confiamos em alguém.
Podemos concluir desse trecho que Neymar confiou na moça, mas se tivesse enxergado melhor a situação poderia ter escapado dela.

Logo após em 0:18, ele abaixa a cabeça. Esse gesto é um indicativo de vergonha. Quando estamos sob essa emoção, tendemos abaixar a cabeça para desviar o olhar do interlocutor, por não aguentarmos olhar de frente, devido a situação.

Em 0:19, Neymar diz: "Foi muito ruim e muito triste escutar isso porque... quem me conhece sabe do meu caráter, da minha índole... sabe que jamais faria uma coisa desse tipo"
De acordo com estudos de Análise de Declaração, esse trecho contém omissões.
Em um contexto de acusação séria contra alguém com a repercussão que Neymar tem, o uso de palavras como "muito ruim" e "muito triste" não representam a negatividade que o evento causa. Essas palavras tiram a intensidade do evento.
A expressão "quem me conhece sabe do meu caráter, da minha índole..." é uma frase para gerar empatia mediante opinião de terceiros. Ao usar essa frase, o agente está se apoiando na opinião dos outros ao invés dele mesmo confirmar seu caráter e índole. Indica tentativa de convencimento.
Na frase "... sabe que jamais faria uma coisa desse tipo" tem a ausência do pronome pessoal "eu". A ausência de pronome indica fuga. Neymar não está negando que não faria uma coisa desse tipo. O uso do pronome é inconsciente nas pessoas. Nós usamos tanto eles no dia-a-dia que seu uso acaba sendo automático. Quando ele não está presente, há essa quebra da naturalidade, podendo indicar omissão.
No final desse trecho, Neymar novamente projeta a língua para fora ("Tongue Jut"), indicando ansiedade, desejo de fuga e até auto-incriminação (foto acima)

Em 0:37 notamos a expressão de desprezo pela contração do bucinador em seu lado direito. Há também uma risada fora de contexto, o que pode indicar nervosismo.

A partir de 0:53, Neymar diz: "O que aconteceu, nééé... foi totalmente ao contrário do que f-alam, do que dizem. To muito chateado nesse momento..."
Ao dizer que foi "totalmente ao contrário" ele nega com a cabeça. Aqui temos uma incongruência. Ele afirma com as palavras, mas nega com a cabeça. Devemos confiar sempre na comunicação não-verbal
Quando diz "f-alam", ele prolonga a letra "f", indicando processamento cognitivo para ganhar tempo. Há também uma separação entre "falam" e "dizem". Em seu dicionário interno, "falar" e "dizer" não são a mesma coisa
Não vemos chateação em Neymar ao dizer que ele está muito chateado.

A partir de 1:04, Neymar diz: "A partir de agora, vou... vou expor tudo... né?... Expor toda a conversa que eu tive com a menina..."
Ao dizer "a partir de agora", ele eleva seu ombro esquerdo unilateralmente ("Shoulder Shrug"). Esse gesto indica falta de comprometimento e insegurança no que está dizendo. Nesse contexto, há omissão.
No momento em que diz: "vou expor tudo...", há um aumento na intensidade de seu volume vocal. Há tentativa de chamar atenção.
Em seguida ele projeta a língua para fora, confirmando essa omissão.
Quando afirma que vai expor toda a conversa, ele nega com a cabeça. Incongruência entre o verbal e o não-verbal
Esse trecho indica omissão.

Em 1:21, notamos uma contração no bucinador em seu lado esquerdo, indicando a emoção de desprezo. Essa emoção está ligada ao sentimento de superioridade, estado alfa.
Ela acontece quando ele diz da necessidade de expor toda a conversa para provar que não aconteceu nada demais.

Em 1:24, notamos um afinamento nos lábios juntamente com alargamento do nariz e tensão nas pálpebras inferiores. Esse conjunto de ações musculares indicam a emoção de raiva.
A raiva pode estar direcionada à toda a situação

Em 1:37 vemos a elevação do lábio superior e a elevação do queixo. Aqui temos uma expressão de nojo.
Essa expressão ocorre quando ele se refere à primeira noite.

Em 1:43, notamos a emoção de desprezo, pela contração unilateral do bucinador em seu lado esquerdo; o olhar direcionado para baixo e direita indicando acesso à área cinestésica do cérebro (responsável pelas emoções); um sorriso fora de contexto e a elevação rápida do ombro direito.
Esse conjunto gestual indica desonestidade por parte de Neymar, juntamente com um sentimento de superioridade.

A partir de 1:45 - 1:456, Neymar diz: "E no dia seguinteeee... não aconteceu nada demais"
O prolongamento da palavra "seguinte" indica uma tentativa de buscar o que dizer depois. Logo em seguida vemos a contração do bucinador no lado direito indicando a emoção de desprezo.

Ainda referente ao mesmo trecho, ao dizer que não aconteceu nada demais, vemos o gesto de fechar os olhos ("Eye shielding") indicando não visualização do que está dizendo, juntamente com um afastamento corporal indicando distanciamento. Em um contexto de declaração, esses sinais em conjunto indicam desejo de fuga

Em 1:56, novamente vemos um afinamento dos lábios e tensão na face, o que indica a emoção de raiva ao dizer que ela tinha pedido uma lembrança para o filho e que ele iria levar.

A partir de 2:28 ele diz: "Tô aqui abertamente falando pra vocês que tô... muito chateado... mas tenho que provar algo que seja sincero e que seja verdade"
Usar "chateado" para expressar uma emoção negativa gerada por um evento que pode prejudicar uma carreira como a de Neymar é inconsistente
Por mais que Neymar prove que não houve estupro, "chateado" tem uma intensidade emocional muito baixa para o contexto.
A escolha do uso dessa palavra pode ter várias explicações, mas não é o que se espera que se diga em um contexto como esse.
No final, há uma confirmação com a cabeça, havendo congruência entre o verbal e o não-verbal.

Ainda no mesmo trecho, Neymar continua com "mas tenho que provar algo que seja sincero e que seja verdade".
Essa estrutura verbal contém vários indícios de omissão.
O uso do "mas" tira toda a importância da estrutura verbal anterior ao "mas".
E, seguida notamos o uso do verbo no gerúndio "tenho", o que indica uma obrigação e não um desejo. Há uma racionalidade.
O verbo "ser" está apresentado no presente do subjuntivo ("seja"). Esse modo indica dúvida, incerteza. O certo seria falar "... provar algo que é sincero e é verdade". O presente do indicativo é o uso correto porque indica certeza de algo no presente. O uso incorreto do tempo verbal indica omissão.
Ao dizer "que seja verdade" ele fecha os olhos, e sem seguida nega com a cabeça juntamente com a elevação bilateral dos ombros (foto acima). Esse conjunto gestual indica incerteza do que está falando.

A partir de 2:43 - 2:44, Neymar diz: "Então, se for para expor as coisas que acontecem no nosso dia-a-dia, eu vou expor"
No final desse trecho ele inclina a cabeça para sua esquerda e para trás. Esse movimento é chamado de "gesto de distanciamento" e indica um distanciamento do que está dizendo. Há um desejo de fuga.

Em 3:07, vemos uma contração do bucinador em seu lado direito, mostrando a emoção de desprezo, juntamente com uma negação de cabeça.

Em 3:33, Neymar diz: "Espero que... a Justiça olhe as mensagens e vê o que realmente aconteceu"
Ao final desse trecho existe uma elevação unilateral do ombro direito ("Shoulder Shrug") indicando insegurança no que está falando.
De acordo com lições de Análise de Declaração, a palavra "realmente" é uma palavra desnecessária para o discurso. Quando ela está presente há indícios de omissão em relação ao que aconteceu.

Em 3:42, Neymar diz: "É com muita tristeza e com muita dor no coração que eu faço esse vídeo. Que eu explico isso tudo..."
Ele começa esse trecho com uma emoção de desprezo, devido a contração do bucinador em seu lado esquerdo, juntamente com um afastamento corporal para trás
Do ponto de vista da declaração, esse trecho é estranho. No contexto, Neymar está vindo à tona para se defender e comprovar que não cometeu estupro. Devemos nos perguntar, porque ele está triste e com dor no coração de fazer esse vídeo, que pode ser sua defesa.

Em 3:52, novamente vemos um afinamento dos lábios. Há emoção de raiva.

Em 4:14, vemos o gesto de projetar a língua para fora ("Tongue Jut").
Esse gesto indica ansiedade, e de uma forma mais específica, pode mostra auto-incriminação e culpa pelo ocorrido
Neymar de alguma forma acredita que fez algo de errado que possa ter se prejudicado. Não podemos confirmar se realmente foi estupro, mas ele se sente culpado de alguma forma.

* De acordo com estudos de Análise de Declaração, em um contexto de um discurso declarativo (falando que não fez algo), espera-se que o agente diga: "Eu não fiz (tal coisa)". No caso de Neymar seria: "Eu não a estuprei". Ele não segue essa estrutura, o que comprova que existe omissão.


SUMÁRIO: Neymar apresenta majoritariamente emoções de desprezo e raiva. Esta última tem como um de seus gatilhos a injustiça. Existe também a vergonha.
Ele não está contando tudo. Existe sinais fortes de omissão.
Neymar, de alguma, se sente culpado, apesar de não podermos concluir o motivo.