quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Análise não-verbal: Jonas chora e defende sua namorada sobre zoofilia. Big Brother Brasil. Choro verdadeiro?

Recentemente a participante do reality show Big Brother Brasil 20, Mari Gonzalez se envolveu em uma polêmica. Em uma conversa com outro participante, a Youtuber afirma que existem pessoas que têm relações sexuais com animais, e que pra essas pessoas é normal.
Esse comentário gerou uma grande polêmica na internet, que a acusou de zoofilia.
Após esse episódio, seu namorado, Jonas Sulzbach gravou um vídeo falando sobre o acontecimento.
No vídeo ele chora. Será que pela sua comunicação não-verbal é possível identificar se o seu choro foi real ou não?

Vamos análise

Em 0:02, Jonas está chorando ao falar que é injustiça o que sua namorada está fazendo. Nesse momento podemos ver a contração do corrugador (região entre a parte interna das sobrancelhas), aumento na pálpebra superior, tensão na pálpebra inferior, tensão nos lábios e estiramento horizontal dos mesmos.
No choro de tristeza, vemos as seguintes ações musculares: contração no corrugador, elevação da parte interna das sobrancelhas, queda dos cantos dos lábios e enrugamento do queixo.
Se compararmos as ações musculares de um choro de tristeza real e do choro de Jonas, podemos ver grandes diferenças, o que indica que, em relação a esse detalhe, seu choro não é real.
É interessante afirmar que a emoção que vemos nesse momento não é de tristeza, mas sim de raiva. A contração do corrugador, tensão nas pálpebras superiores e tensão nos lábios, são ações musculares presentes nessa emoção. E além disso, vemos a elevação das pálpebras superiores, que em alguns casos de raiva intensa essa ação pode estar presente.
Essa mesma configuração facial é vista durante todo o vídeo.

Aos 0:04, Jonas inspira profundamente.
Essa reação acontece quando nossas narinas estão tomadas de secreção e queremos evitar que ela saia.
Aqui podemos notar que suas narinas não possuem essa secreção.
Outro detalhe importante. Quando o nariz está congestionado devido ao choro, o nariz muda sua coloração, ficando avermelhado, resultado do inchaço do nariz. Há também ausência dessa vermelhidão

Em alguns momentos, como por exemplo em 0:07, Jonas olha para cima ao mesmo tempo que chora.
A tristeza é uma emoção negativa. Quando uma pessoa está tomada por essa emoção, todo o corpo reage de forma congruente. Ou seja, Diante dessa emoção o agente tende a ter uma linguagem corporal negativa, os ombros arqueiam para frente, entrando em uma postura de submissão, os músculos perdem uma certa tonicidade, o corpo todo pode se recolher, a cabeça abaixa e os olhos se direcionam também para baixo.
Aqui Jonas adota uma linguagem corporal incongruente com o contexto. Ele olha para cima, por exemplo.
Além disso, na foto acima, vemos que seus lábios estão estirados horizontalmente, e não direcionados para baixo como na emoção de tristeza.

Em 0:26 - 0:27, podemos ver Jonas gesticulando.
Quando estamos chorando de tristeza, nossos movimentos ficam letárgicos devido a perda de certa tonicidade corporal.
Nesse trecho, podemos ver que Jonas ao gesticular mantém seus gestos normais sem a intensidade emocional negativa que deseja transmitir.
Essa incongruência entre o episódio emocional e a gesticulação é observada também em outros momentos do vídeo.

A partir de 0:23 podemos notar que começa a se formar uma contração na parte interna das suas sobrancelhas. Essa ação muscular é congruente com a emoção de tristeza, porém, de acordo com Paul Ekman, uma expressão facial de emoção genuína dura na face no máximo 5 segundos e tem ápice de contração (quando as contrações estão mais intensas) de cerca de 1 segundo.
Aqui podemos ver que Jonas mantém essa contração por cerca de 12 segundos (de 0:24 a 0:36). Devido ao tempo de contração, podemos indicar que essa emoção não está congruente com uma tristeza real.

Em 0:29, podemos ouvir que Jonas bate em sua perna.
Mais uma incongruência. Como foi dito acima, quando estamos tristeza, ficamos com uma redução da tonicidade muscular.
O comportamento de bater em sua perna acaba por ser incongruente com esse contexto.

A partir de 0:48, Jonas diz: "Agora eu to recebendo ameaça todo o dia.."
Nesse momento podemos ver uma elevação unilateral em seu ombro direito. Esse movimento chamado de "Shoulder Shrug" indica insegurança em suas palavras. De uma forma mais profunda podemos identificar com uma dissonância entre o que está falando e o que realmente é. (É importante ver o vídeo para identificar a dinâmica do movimento)

Em 0:54, podemos ver Jonas passando o braço nos olhos com o intuito de enxugar as lágrimas.
Um dos princípios muito poucos falados na comunicação não-verbal se refere à simplicidade. Significa dizer que os gestos e movimentos mais simples transmitem muito mais veracidade. Esse princípio é muito adotado no estudo de liderança. Líderes que gesticulam e se movimentam de forma muito exagerada e complexa são vistos como mais manipuladores, pois tentam distrair os espectadores.
Esse princípio pode ser adaptado a essa situação. O que seria mais simples Jonas fazer? Enxugar as lágrimas com a mão ou se movimentar mais para enxugar com o braço?
Enxugar as lágrimas com as mãos se torna muito mais simples e até inconsciente, ainda mais no momento de tristeza intensa que ele gostaria de transmitir, quando nossa musculatura se torna mais solta e fraca.
Com base nisso, esse trecho forma um grande indício de incongruência.

Em 1:02, Jonas diz: "Não tenho mais vida"
Aqui ocorre uma falta de sincronia entre fala e gesto.
De acordo com a doutrina da Comunicação Não-Verbal o ritmo gestual e o vocal devem estar em sincronia. Ou seja, a intensidade do movimento gestual deve acontecer junto com o aumento natural da intensidade vocal. Se essa intensidade no movimento acontecer depois da intensidade vocal, estamos diante de uma incongruência na sincronia.
Ao falar "vida", com o aumento natural da intensidade vocal ficou na sílaba "VI-da". Nesse momento deve ocorrer também um aumento na intensidade do movimento gestual.
Observando Jonas notamos que ele gesticula na sílaba "vi-DA". Essa incongruência rítmica é um forte indicativo de manipulação.

A partir de 2:26 Jonas cita Deus dizendo que Ele sim pode julgar as pessoas e que Ele vai ver quem está certo e quem está errado...
De acordo com Statement Analysis essa técnica de se referir a uma divindade em seu discurso é usado para gerar empatia e convencimento, pois de acordo com pesquisas de Mark McClish, citar uma divindade gera menos dúvidas e faz com que acreditem mais facilmente no que está dizendo.


SUMÁRIO: Jonas exibe expressão falsa de choro pois as ações musculares envolvidas, os tempos de contração e ápice não estão congruentes com uma expressão genuína. Existe um momento aonde as contrações de tristeza se fazem presente, porém o tempo de contração não está de acordo.
Não existe também reações fisiológicas que vemos quando um agente chora nessa intensidade que ele deseja passar. São elas: lágrimas, coriza e nariz vermelho.
Jonas não indica, também, perda na tonicidade muscular, o que é incongruente em um contexto genuíno de choro.
Existem alguns indícios de desonestidade ao dizer que não tem mais vida e que recebe ameaça todos os dias.
No âmbito verbal existe um desejo de gerar empatia.

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