terça-feira, 7 de julho de 2020

Análise não-verbal: Sari Côrte Real fala, ao "Fantástico", sobre a morte do menino Miguel. Caso Miguel. Há desonestidade?


Recentemente, Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos, caiu do nono andar de um prédio no qual a mãe trabalhava, no Recife.
No dia 2 de junho de 2020, Mirtes Renata Santana de Souza, empregada doméstica, mãe do menino Miguel foi para seu trabalho, na casa da esposa do Prefeito, Sari Mariana Costa Gaspar Côrte Real, por não ter com quem deixar seu filho, o levou consigo.
Em algum momento do dia, Mirtes saiu para passear com o cachorro de sua patroa, deixando seu filho Miguel sob os cuidados da mesma, que estava em seu apartamento fazendo a unha com uma manicure.
Tempo depois, Miguel sentiu falta da mãe e decide ir sozinho, de elevador, procurá-la. Segundo câmeras de segurança do prédio, Sari, supostamente, teria apertado o botão do elevador para um andar mais elevado, deixando, posteriormente, a porte se fechar com o pequeno Miguel dentro dele.
A câmera de segurança registrou o menino apertando o botão referente ao segundo andar. Quando o elevador para no andar, as portas se abrem e Miguel permanece nele.
Logo após, ele vai para o nono andar. Ao parar, e as portas se abrirem, o menino decide sair do elevador à procura da mãe. Após escalar uma grade aonde se encontravam os ar condicionados referentes aos apartamentos daquele andar, ele sobe em um parapeito, que não resiste ao seu peso, ocasionando a queda de Miguel de uma altura de 35 metros.

Após esse fato, Sari Côrte Real, responsável por cuidar da criança durante aquele momento, foi indiciada pelo crime a abandono de incapaz.
A esposa do Prefeito veio à público através de uma entrevista concedida ao programa "Fantástico" aonde ele conta sobre o fato.
O que será que sua linguagem corporal nos comunica, nessa entrevista?

Vamos à análise:


Primeiramente, é muito importante nos analisarmos a imagem de Sari. 

Podemos observar nela o chamado "Impression Management" ("Gerenciamento de Impressões Pessoais"), que é um processo consciente ou inconsciente no qual as pessoas tentam influenciar a percepção dos demais sobre si mesmas. Esse gerenciamento se baseia em tentar alterar a percepção dos interlocutores de acordo com os objetivos da pessoa. Ou seja, os indivíduos se apresentam de uma maneira que satisfaçam seus interesses.
Podemos observar em Sari o cabelo desarrumado e longo, a pouquíssima maquiagem, a camisa branca e a calça jeans simples, e ela carrega um terço nas mãos.
Esses elementos, basicamente, têm a intenção de demonstrar aos interlocutores que Sari é uma pessoa simples, indefesa, sem muito luxo e sem dominância.
O uso do terço, particularmente é muito interessante, porque gera uma "Âncora" inconsciente de que ela é uma mulher de fé, de princípios, honesta, e outras qualidades relacionadas, inconscientemente, a uma pessoa devota.
(Esses elementos citados, do "Impression Management" podem ser observados na foto acima)

Em 3:11, a repórter pergunta: "O que aconteceu quando você vai atrás dele e vê que ele tá indo para o elevador?"
Em 3:15, Sari responde: "Ele corre para o elevador, chama o elevador. Em um instante ele chega. Ai, quando abre a porta, eu seguro e digo: Miguel, você não vai descer. Volta para casa, espera sua mãe"
Durante a pergunta da entrevistadora, podemos notar que Saris está esfregando o terço que carrega na mão. 
Esse tipo de gesto é chamado de "manipulador" e acontece quando estamos sob um momento de intensa ansiedade e nervosismo. Esse tipo de gesto consiste em esfregar, manipular um objeto (ou o próprio corpo) com a intenção de "transferir" e aliviar a carga nervosa que está sendo experienciada, e assim, se acalmar.
De acordo com estudos de Statement Analysis, a forma como ela responde a pergunta é chamada de "Scripting" (ou "Staying to Script"). Ocorre quando a fala é ensaiada ao invés de ser baseada em uma memória do que realmente aconteceu. Esse tipo de linguagem é ensaiada várias vezes até ficar o mais convincente possível. Indica necessidade de segurar uma informação e/ou manipulação.
Os elementos que constituem esse tipo de linguagem, e estão presentes na resposta acima são: repetição desnecessária da palavra "elevador"; excesso de pontuação, aumentando desnecessariamente a pausa e interrompendo a fluidez verbal; verbalização de períodos verbais desnecessários (excesso de detalhes), principalmente quando diz: "Em um instante ele chega".

Durante a resposta, bem como ao logo de todo o vídeo, podemos perceber que Sari mantem seu olhar fixo na repórter. 
De acordo com Aldert Vrij, esse tipo de olhar é chamado de "Deliberate Gaze". Que basicamente ocorre quando o agente olha fixamente para o interlocutor por um tempo superior ao normal de uma interação, que segundo Alan Pease é de, em média 70%.
Para Vrij, esse olhar está ligado a desonestidade, pois os mentirosos tendem a olhar mais fixamente para o interlocutor porque eles querem convencer de que estão falando a verdade e precisam checar se o interlocutor está acreditando no que está sendo falado.


Em 3:25, a repórter pergunta para Sari se ela não apertou o botão que levaria o menino Miguel para a cobertura.
Em 3:26, Sari responde: "Não. Eu só botei a mão. Fazendo na forma como se eu fosse acionar."
O dizer que só colocou a mão, ela faz um "gesto ilustrador", demonstrando o comportamento de colocar a mão no botão do elevador. 
Teoricamente, a utilização de "gestos ilustradores", cuja a função é ilustrar, demonstrar visualmente alguma ação e/ou comportamento, é sinal de congruência. Porém, existe um detalhe;
A velocidade com que ela ilustra está incongruente com a velocidade com que ela verbaliza a ação de colocar a mão. Há portanto falta de sincronia entre o verbal e o não-verbal. Essa falta de sincronia é um forte indício de desonestidade e manipulação para manter o ensaiado - A intenção é algo do tipo: "Eu preciso fazer o gesto lentamente para não errar, me contradizer"
[É preciso observar esse trecho, no vídeo, para captar essa dinâmica]


Ao final desse trecho, Sari exibe uma microexpressão de medo, devido a elevação das sobrancelhas em suas porções internas e externas; contração do corrugador; elevação das pálpebras superiores; estiramento horizontal das lábios.
Todas as ações musculares na face responsáveis pela emoção de medo foram realizadas de forma bem sutil.



Após a pergunta da repórter sobre o porquê dela ter tido esse comportamento de apenas colocar a mão como se fosse acionar o botão do elevador; 
Em 3:31, Sari responde: "Pra ver se eu conseguia. Minha última alternativa para ver se eu convencia ele a sair. Pra ver se... dessa forma ele achasse que se ele fosse ficar lá, ele iria sair"
No começo dessa resposta, existe um tensionamento nos ombros de Sari. Esse tensionamento é chamado de "Turtle Effect", e indica medo diante de alguma ameaça [Foto acima]. Existe, portanto, a intenção de proteção. Tem esse nome porque é uma analogia ao comportamento das tartarugas que quando estão diante de alguma ameaça, elas entram em seus cascos para se proteger. 
Adaptando a PNL ao Statement Analysis, no âmbito verbal temos uma suposição de causa-efeito. Essa suposição é considerada pela PNL uma distorção. Acontece quando o agente supõe que uma determinada ação produz determinado efeito. Nesse caso, existe uma tentativa, de Sari, de induzir a uma determinada crença. Indício de tentativa de convencimento.
Sari associa seu comportamento de apenas colocar a mão no botão do elevador à última alternativa de convencê-lo a sair do elevador.


Ainda referente ao trecho anterior, em 3:37, após dizer: "... se eu convencia ele a sair..." vemos uma microexpressão de medo, devido a elevação das sobrancelhas em suas porções internas e externas, contração do corrugador, elevação das pálpebras superiores e estiramento horizontal dos lábios.

A partir de 3:46, enquanto a repórter fala, podemos observar o nervosismo de Sari ao usar de "gesto manipulador" no terço que carrega nas mãos.
Novamente vemos essa tentativa de se acalmar diante de um estímulo de estresse, ansiedade e nervosismo.

A partir de 3:51, Sari responde: "Não, isso não me passou pela cabeça" ao se referir ao risco que o menino Miguel poderia correr estando ali sozinho.
Nesse momento, enquanto ela nega verbalmente, observamos também uma negação não-verbal com a cabeça de Sari.
Apesar de haver algum nível de congruência, devemos observar a velocidade com que o gesto de negação com a cabeça ocorre.
Perceba que o gesto está muito acelerado em relação a velocidade com que ela verbaliza. Ou seja, os ritmos verbais e não-verbais não estão sincronizados.
Nesse caso, é um indício de nervosismo e tensão.

Em 3:54, a repórter pergunta: "O que você achou que poderia acontecer, se ele ficasse sozinho no elevador?"
Em 3:58, após alguns segundos de pausa, Sari responde: "Eu não, não, não, não achei que seria essa tragédia. Eu acreditei... eu acredit(???) que ele voltaria pro andar... que ele voltaria pro quinto andar..."
Aqui vemos "gagueira", uma "inserção de som intrusivo" durante o verbo "acreditar" e correção de período verbal ("voltaria pro andar" ~ "voltaria pro quinto andar")
De acordo com a Paralinguagem, a gagueira e a inserção de som intrusivo (término inaudível da palavra) são considerados distúrbios da fala. Eles acontecem quando existe ansiedade e nervosismo, fazendo com que a forma como se fala não aconteça fluidamente
A correção do período verbal tem uma particularidade interessante. Geralmente ela acontece quando o agente tem que manter um script que foi ensaiado para ser falado e, acontece um rápido desvio desse script. Essa correção ocorre quando o a gente se dá conta de que houve esse desvio e retorna para o que foi ensaiado previamente.

Durante todo o trecho acima, podemos perceber que seu gesto de negação com a cabeça e sua gesticulação estão muito acelerados, em ritmo diferente da fala.
Novamente há muita tensão e nervosismo ao falar sobre o assunto. O coeficiente de desonestidade é alto, pois geralmente todo esse nervosismo ao ser perguntada sobre o acontecimento não é congruente com o padrão comportamental que se espera nesse contexto, de uma pessoa que está sendo completamente honesta.

A partir de 4:51, Sari diz: "O primeiro momento que eu imaginei foi socorrer. O que a gente podia fazer por ele"
No âmbito verbal do Statement Analysis, ela usa o verbo "imaginar" no pretérito perfeito para se referir a um comportamento que supostamente ela teve.
O verbo "imaginar" significa formar uma imagem mental. Ou seja, um algo que ainda está apenas no campo das ideias. Não houve a intenção de ajudar. O correto seria ela dizer: "o que eu FIZ foi socorrer"

No momento em que ela fala "O que a gente podia fazer por ele" existe uma sutil elevação unilateral com o ombro direito [Trecho em slow motion acima]
Esse gesto indica uma dissonância entre a verdade e o que está sendo dito pela Sari. Há portanto uma incongruência entre o verbal e o não-verbal. O autor Joe Navarro afirma, que essa unilateralidade é um forte indicador de falta de comprometimento emocional com o que está sendo dito.
O somatório desses sinais indica que não houve essa preocupação que Sari tenta transmitir.

A partir de 4:56, Sari continua dizendo: "Eu dirigi. Só Deus sabe como eu dirigi. Nunca cheguei tão rápido, na minha vida, em um hospital. Eu fiquei com ela lá até por volta de 4:30, quinze para as cinco, da tarde; que foi quando eu tive que vir para casa, para poder... ééé...minha amiga precisava voltar para casa, pra eu poder ficar com Sofia"
Ao dizer: "Só Deus sabe como eu dirigi", Sari apresenta alguns sinais não-verbais: negação com a cabeça, seguido de "Eye Shielding" (fechar os olhos por mais tempo que uma piscada), olha para cima e direita e ao final engole seco.
A negação constante de cabeça e o "Eye Shielding" indicam que há incongruência entre o verbal e o não-verbal somado ao desejo de não querer ver o que está falando.
Após a o processo correto de calibragem, quando Sari olha para cima e direita ela cria uma cena mental (PNL).
A engolida a seco demonstra tensão e nervosismo.

Ainda referente a esse trecho, ao dizer: "Nunca cheguei tão rápido, na minha vida, em um hospital"
Essa frase, de acordo com Statement Analysis indica uma frase desnecessária para o contexto. As generalizações ("nunca") e palavras que imprimem intensidade ("tão rápido" e "minha vida" - que dá ideia de algo prolongado), demonstram uma tentativa de convencimento emocional. Quer gerar empatia.
Não-verbalmente, temos o seguinte conjunto de sinais: "Eye Shielding" (não-visualização), "Turtle Effect" (tensão nos ombros) e expressão de nojo devido a elevação da prega naso-labial.
Esses sinais em conjunto, nesse contexto, indicam um forte indício de desonestidade, juntamente com uma intenção de se proteger do que está falando.

No momento em que diz: "Eu fiquei com ela lá até por volta de 4:30, quinze para as cinco, da tarde; que foi quando eu tive que vir para casa, para poder... ééé...minha amiga precisava voltar para casa, pra eu poder ficar com Sofia"
Podemos notar quer existe excesso de detalhes em relação ao intervalo de tempo em que ela ficou, juntamente com verbalização de informações desnecessárias, ao dizer que teve que voltar pra casa porque precisava ficar com Sofia e a amiga precisava voltar.
De acordo com Mark McClish, informações desnecessárias ajudam a deixar a história mais crível. Segundo ele, quando a pessoa deseja ser desonesta ou manipular, ela tende a colocar muitas informações necessárias. Existe uma falácia de que, quanto mais informações a história tem, mais crível ela é.
Uma história verdadeira vai direto ao ponto, pois a verdade se sustenta com seus elementos.
Além disso vemos novamente que seus gestos estão em um ritmo diferente da fala. Eles estão mais acelerados em relação à verbalização.
Como dito anteriormente, essa dissonância entre o verbal e o não-verbal indicam desonestidade e/ou tentativa de manipulação, pois não há sincronia.
Os indícios podem ser tanto de desonestidade propriamente dita ou uma intenção de manter a história que foi ensaiada previamente.
Quando tentamos manter uma versão ensaiada, tendemos a tentar manter um controle maior do nosso compo, para que não haja vazamentos não-verbais. Nessa tentativa é que acontecem essas faltas de sincronia.

A partir de 6:33, A repórter diz: "O delegado coloca no relatório que você não olhou no painel para saber o que aconteceu com o elevador; se ele subiu, se ele desceu. Você não se preocupou com o que ia acontecer?"
Sari interrompe a repórter, e responde: "Na mesma hora eu liguei pra Mirtes, mas ao mesmo tempo eu tava tentando acalmar minha filha, que também tava desesperada com a situação. Eu me vi ali naquela situação, com aquele, todo aquele... com toda aquela movimentação. Minha filha, ele... eu me senti ali naquela situação, sem conseguir falar com Mirtes; minha filha. Foi tudo muito rápido. Foi tudo muito rápido"
Os estudos de Paralinguagem afirmam que existe um tempo entre ouvir uma pergunta e responder. Quando esse tempo não é respeitado, temos que averiguar o motivo. Aqui, observamos que Sari não esperar a repórter terminar de fazer a pergunta e já responde. Essa interrupção indica manipulação e reforça a ideia de uma script para a resposta.
De acordo com Statement Analysis, essa declaração não faz sentido, e possui alguns elementos de manipulação e até desonestidade.
A repórter pergunta de algo que ainda não aconteceu, enquanto Sari responde que ela tentava ligar para a mãe do menino e tentava acalmar a filha que tava desesperada com a situação. Se o evento ainda não tinha acontecido, qual o motivo de tentar ligar para a mãe e tentar acalmar a filha?
Vemos também a repetição de elementos verbais como a palavra "situação" (repete 3 vezes em um curto período de tempo); o fato de não conseguir falar com a mãe do menino e o fato de que foi tudo muito rápido, dentre outros elementos.
Como já tido anteriormente. A repetição desnecessária de elementos verbais é um forte indício de que a história foi montada ("Scripting")
Existem também "gagueira" indicando nervosismo e ansiedade.
Nesse trecho, seus gestos continuam em um ritmo diferente do ritmo da fala.

No mesmo trecho, ao final, quando diz: "Foi tudo muito rápido", reparem quem ela nega com a cabeça durante uma afirmação.
Existe, portanto, uma incongruência entre o verbal e o não-verbal.
O verbal afirma, e o não-verbal nega
Juntamente, vemos o "Eye Shielding", que consiste em fechar os olhos por mais tempo que uma piscada. Indica desejo de não visualizar o que está falando.
A incongruência aliada aos outros sinais, constituem um forte indício de desonestidade.

Em 9:00, a repórter pergunta: "Você sente algum tipo de culpa... ou de arrependimento?"
Após quase dois segundos de pausa, Sari responde: "Eu sinto que eu fiz tudo que eu podia. [latência de quase 3 segundos + engolida à seco]. E se eu pudesse voltar no tempo [pausa desnecessária] eu voltava. Se eu soubesse que tudo isso ia acontecer, eu voltava no tempo e ainda tentava fazer mais do que eu fiz naquela hora"
De acordo com a Paralinguagem e Statement Analysis, existe um tempo mínimo entre ouvir a pergunta e começar a respondê-la, de mais ou menos 1 segundo. Nesse momento, Sari tem uma latência de resposta muito superior a isso, o que indica uma pausa desnecessária, constituindo um forte indício de querer ganhar tempo para pensar no que vai responder. A pausa desnecessária é um recurso muito utilizado para quem precisa pensar em que palavras irá usar e/ou ganhar tempo para lembrar o que foi previamente ensaiado.
Além disso podemos ver que ela não responde diretamente a pergunta, com algo do tipo: "Eu não sinto culpa ou arrependimento", ou "eu sinto culpa e arrependimento". A ausência de respostas diretas, segundo Statement Analysis corrobora com um discurso manipulativo e com desonestidades.
Podemos notar também, que nesse trecho, seus gestos estão em ritmo diferente da fala. Falta de sincronia. Indica ansiedade, e nesse contexto, juntamente com os outros sinais observados, indica desonestidade

A partir de 9:38, Sari diz: "Em nenhum momento... eu fiz nada... prevendo o que aconteceu. Em nenhum momento... eu fiz nada... prevendo o que aconteceu"
Aqui notamos a repetição do mesmo período verbal. Como já dito anteriormente, constitui indício de manipulação
Vemos também pausas desnecessárias, o que contribui para essa conclusão
Não-verbalmente, vemos uma inclinação de cabeça para sua direita. De acordo com Desmond Morris, esse gesto indica tentativa de convencimento, por se tratar de um gesto que indica submissão, devido a exposição da área do pescoço.

A partir de 12:24, a repórter pergunta: "o que você achou do resultado do inquérito?... A mudança da tipificação do crime... prum crime mais forte"
Longa pausa de mais ou menos 9 segundos.
Como dito anteriormente, a latência excessiva para responder a pergunta indica processo mental para ganhar tempo. Nesse caso, podemos dizer que Sari também não sabe como responder à essa pergunta.
Durante esse longo período vemos também ela enrolar os lábios para dentro. Esse gesto é conhecido como "Mutismo" e indica desejo de não falar, quer seja por não saber a resposta, quer seja para não se incriminar.

A partir de 12:41, a repórter emenda outra pergunta: "Você não esperava?"
Sari responde "Não... não dessa maneira... não dessa maneira",
A negação acontece juntamente com a inclinação de cabeça para trás.
Esse movimento é chamado de "movimento de distanciamento", indica desejo de se afastar da situação porque ela constitui um estímulo negativo [Observável no trecho em slow motion acima]
Além disso, notamos também uma alteração no "pitch" vocal. O "não" é pronunciado com uma voz mais aguda. Essa alteração vocal indica ansiedade.
Vemos novamente a repetição do período verbal ("não dessa maneira"). E mais uma vez ela realiza pausas desnecessárias.
Ao dizer "não dessa maneira", ela especifica. Significa dizer que ela esperava que isso acontecesse, mas não DESSA MANEIRA. Esse complemento mais específico, indica desonestidade à resposta negativa
Há, novamente, a inclinação de cabeça, com o mesmo intuito de convencimento.


Em 12:52, a repórter pergunta: "Você tem medo de parar na prisão, Sari?"
Sari responde negativamente e exibe uma expressão de medo, devido a elevação das sobrancelhas, elevação das pálpebras superiores e um sutil estiramento horizontal dos lábios
O medo, diante dessa resposta negativa, indica que Sari tem medo de ir para a prisão

Em 12:58, Sari diz: "Eu tô aqui firme"
Novamente vemos a expressão de medo em sua face (elevação das sobrancelhas, elevação das pálpebras superiores e estiramento horizontal dos lábios

A partir de 13:03, Sariz diz: "E se lá na frente, o resultado for esse... eu vou cumprir o que a lei pedir"
Aqui vemos novamente seus gestos em ritmo diferente da fala.
Sari está experienciando um alto nível de ansiedade ao dizer isso.


SUMÁRIO: Durante o vídeo, vemos que a emoção predominante de Sari é o medo.
Além disso, podemos perceber um alto nível de ansiedade ao falar do resultado que o fato pode causar a ela. Existem também elementos de fuga. Desejo de "escapar"
Os elementos verbais indicam uma alta probabilidade dos discurso de Sari ter sido ensaiado.
Vemos também muito sinais de desonestidade e manipulação. Durante todo o vídeo, Sari mantém o olhar fixo na repórter como uma forma de verificar se ela está acreditando em tudo que é dito (feedback).
Em nenhum momento Sari diz que está arrependida e que se sente culpada pelo acontecido.
Olhando a imagem de Sari nessa entrevista, vemos também que houve o processo de "Gerenciamento de Impressões Pessoais" com o intuito de influenciar a percepção dos espectadores; de passar uma imagem mais frágil, mais simples.

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