sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Análise não-verbal: Modelo Mariana Goldfarb e o desentendimento no trânsito. Movimentos oculares. Ameaça de morte com uma arma?


A modelo Mariana Goldfarb publicou recentemente no seu Instagram uma mensagem dizendo que sofreu uma "fechada" no trânsito.
Durante essa mensagem ela explica como aconteceu e disse que sofreu uma ameaça de morte com arma do homem que realizou a "fechada".
O que sua comunicação não-verbal nos diz a respeito desse ocorrido?

Informação adicional: A imagem está espelhada

Vamos à análise:

No começo do vídeo, mais ou menos, no segundo 6, podemos notar que ela manipula o cordão. Esse gesto é chamado de gesto manipulador ou adaptador e significa um desejo forte de se acalmar diante de um momento de intensa ansiedade.
Quando o momento é de estresse, nosso Sistema Nervoso Central utiliza alguns recursos com o intuito de nos tranquilizar. Pode ser um toque na face, em algum lugar do corpo ou em objetos, como no caso.
Quando o agente realiza um gesto manipulador porém sua face, seu tom de voz e seu corpo não acompanham essa ansiedade, nervosismo, podemos estar diante de uma desonestidade.

Em 0:09, ela se refere ao desentendimento e a ameaça como "uma coisa que não foi legal".
Essa frase foge completamente do padrão comportamental-verbal de uma declaração cujo o fato colocaria em risco o indivíduo. Ela está suavizando um acontecido que inconscientemente não seria suavizado.
Um estado de perigo, jamais seria tratado pelo Sistema Nervoso como uma coisa que não foi legal apenas.

Em 0:11 ela emite um sorriso fora de contexto. Esse sorriso pode ser considerado, segundo Paul Ekman como um "Duping Delight" (Sorriso do Manipulador)
Esse sorriso é emitido quando o agente vai contar um fato e tem a intenção de manipular esse fato.

A partir de 0:12, ela diz: "Mais cedo eu tava vindo... pra Ipanema, pro trabalho...eee... agente recebeu uma fechada, de um outro carro, e aí... o motorista que tava comigo..."
Nesse trecho podemos notar pausas desnecessárias ao contar o fato, e uso de agregadores verbais (eee). Ambos os recursos são usados pro cérebro ganhar tempo no discurso e pensar no que será dito.
A verdade está pronta na nossa cabeça, não havendo a necessidade da utilização desses recursos. Quando eles são usados, significa dizer que ela está pensando no que falar, em como falar.
Há fortes indícios de criação ou omissão.
Durante esse trecho: "e aí..." existe uma movimentação dos olhos para cima e esquerda e logo depois horizontalmente para a esquerda (pois a imagem está espelhada) e por último ela direciona seu olhar para baixo e esquerda. De acordo com estudos da PNL, o movimento dos olhos para cima e esquerda está relacionada a lembrança de um fato; e o movimento horizontal para a esquerda está ligado a lembrança de um som e o direcionamento para baixo e esquerda indica um diálogo interno, fortemente ligado à vergonha. De acordo com o especialista em PNL, Luis Carlos Júnior, essa articulação dos movimentos oculares está relacionado com a clássica omissão
Em resumo: Ela criou uma fato, "jogou" esse fato em uma história real e usou o diálogo interno para montar sua declaração (criação + lembrança), havendo também a presença de vergonha.
Sua cabeça se inclina para a direita em direção oposta ao olhar, ocasionando um desalinhamento corporal. Essa inclinação é chamada de "comportamento de fuga" confirmando a omissão.
Podemos concluir desse trecho que ela se recorda de uma fechada e de algum som que tenha ouvido no momento do acontecido, porém há omissão de como realmente aconteceu e ela se sente envergonhada

A partir de 0:27 existe um corte (comum do Instagram), e ela volta a contar: "E aí, o motorista que tava... eu to suando... eu to suando..."
En quanto fala "o motorista que tava" ela direciona seu olhar para cima e direita. Esse movimento é relacionado à criação.
Nesse momento, ela vai criar uma fala e/ou uma imagem.
Lembrando mais uma vez, a verdade não é criada e sim lembrada.
Ela interrompe o raciocínio para falar que "estava suando". Esse eh um recurso usado para ganhar tempo na resposta, pois esse detalhe é desnecessário para a declaração.
Quando estamos contando uma história em que alguns detalhes precisam ser pensados ou omitidos, o suor é normal pois a criação faz com que o cérebro trabalhe com mais intensidade para escolher as palavras certas e manter uma coerência nessa história.

A partir de 0:32 ela retoma a história: "O motorista que tava... dirigindo... né?... ele foi falar com o moço do lado, falar: "Moço, cuidado porque assim... você pode machucar alguém""
Ao verbalizar a palavra "dirigindo" podemos ver que seu gesto está em ritmo diferente da fala demonstrando uma intensa carga de ansiedade e nervosismo. A arritmia é normal quando se está escolhendo as palavras certas pra usar e quando se tem o desejo de parecer congruente.
Ao replicar as supostas palavras proferidas pelo motorista ela olha para cima e esquerda e logo depois seus olhos se movem horizontalmente para a esquerda. Há nesse momento a lembrança de um imagem e de um som.
Usar o tratamento "moço" indica uma suavização e um distanciamento.
Novamente ela usa pausas desnecessárias para criar a declaração.
Podemos concluir desse trecho que houve uma fala nesse momento (pois ela lembra dessa fala), mas a arritmia corporal, o distanciamento e as pausas indicam que ela está omitindo alguma informação importante e por isso precisa modificar o que realmente aconteceu. O nervosismo é decorrente, exatamente, dessa intenção de omitir.

A partir de 0:42, ela diz: "E aí... ééé... o cara simplesmente abriu o vidro e... apontou uma arma pra mim..."
Novamente o uso de pausas desnecessárias.
De acordo com o especialista em Análise de Declaração, Marcello de Souza, o uso da palavra "simplesmente" tira toda a importância de um fato, que, nesse caso, deveria ser dito de uma forma mais assertiva, afinal ela foi ameaçada com uma arma.
Antes de dizer que apontou uma arma, ela movimenta seus olhos em sentido horizontal e esquerda, lembrando de algo que foi dito. Realiza, também, uma expressão de incredulidade e discordância com o que está dizendo, devido a elevação unilateral da sobrancelha esquerda, queda das pálpebras superiores, projeção dos lábios para frente (foto acima)
Apesar de ter havido omissão em relação a elementos do ocorrido, algo foi dito a ela nesse momento.

Ao dizer: "... apontou uma arma pra mim", podemos notar a elevação unilateral de seu ombro esquerdo indicando dissonância entre a verdade e o que está falando e um aumento do "Pitch" vocal,
deixando sua voz mais aguda
De acordo com Joe Navarro a elevação unilateral dos ombros ("Shoulder Shrug") também está ligado a falta de comprometimento emocional com o que está dizendo. Deixando portanto, o discurso completamente racional.
O aumento do "Pitch" vocal indica a contração do músculo da garganta, devido a ansiedade e nervosismo.
Esse conjunto nos diz que há uma desonestidade ao contar um fato (apontar a arma para si) que, necessariamente, deveria ser emocional, pois existe perigo de vida.
Ela não apresenta padrões de comportamentos ligados ao fato de ter uma arma apontada para si e ter corrido risco de vida. Dentro desses padrões estão as emoções de raiva e medo, um tom de voz firme condizente com ter sofrido ameaça mediante arma de foto, e um discurso linear e emocional
Não houve arma apontada.

A partir de 0:52 ela continua: "E disse que... ia me matar"
Novamente podemos ver uma pausa desnecessária.
Ao falar "ia me matar" ela sorri fora de contexto ficando ruborizada juntamente com a negação com a cabeça. Esse sorriso é comum acontecer diante de uma situação que gera ansiedade, vergonha e um desejo de camuflar. Ambos ligados a omissão.
Muito provavelmente o que foi dito a ela não foi nada tão grave quanto uma ameaça direta de morte.

A partir de 1:14, a modelo diz: "Várias coisas aconteceram em alguns segundos, mas uma coisa que aconteceu que foi muito forte pra mim foi que eu podia ter morrido ali, né?"
Nesse trecho é interessante observar os movimentos oculares: Em um primeiro momento ela olha para cima e direita (criando uma imagem), depois direciona seu olhar para cima e esquerda (lembrando de um fato) e depois olha horizontalmente para a esquerda (lembrando de um som).
Ela está criando algo em cima de um fato que presenciou e que ouviu.
O uso do "né?", de acordo com estudos de Análise de Declaração indica incerteza, pois passa a responsabilidade da resposta aos interlocutores.
Novamente podemos afirmar que não houve possibilidade dela ter morrido.

Em 1:27, ela diz: "Eu não tive nenhum arrependimento... tipo... eu não pensei, não passou nenhuma coisa na minha cabeça assim: ééé.. Ah! mas você fez mal para essa pessoa... então, ah!... ééé... você não viveu a sua vida bem..."
É importante citar aqui um princípio que diz que a nossa mente não reconhece uma negação. Ou seja, ao dizermos que não pensamos em nada, automaticamente pensamos.
Ao dizer que não pensou, ela direciona seus olhos para cima e direita. Ela está criando uma situação que não aconteceu. Não houve o fato de pensar em algo. Ela não teve esse momento de introspecção.
Logo depois ela direciona seus olhos horizontalmente para a direita (está criando uma fala) ao dizer "mas você não fez mal para essa pessoa". Isso mostra que em nenhum momento ela disse essas palavras para ela mesma.
O fato dela ter citado em sua declaração que não teve arrependimento e que não fez mal para a pessoa indicam que esse eh um elemento sensível para ela verbalizar nesse momento. O que mostra que ela pode sim ter se sentido arrependida e ter feito mal a pessoa.
Novamente ela manipula seu cordão com mais intensidade. Há aqui uma alta carga de ansiedade.
Podemos concluir desse trecho que existe uma probabilidade dela ter se arrependido de algo que ela deseja omitir.


SUMÁRIO: A modelo Mariana Goldfarb apresenta sinais de tensão e nervosismo durante todo o vídeo.
Ela omite informações que aconteceram em um fato real (a fechada no trânsito ou algum fato semelhante). Ou seja, há criações em cima de um fato que aconteceu.
Não houve uma ameaça direta de morte, apesar de ter havido discussão no trânsito.
A falta de comportamentos padrões (raiva, medo, assertividade na declaração, tom de voz firme) de que é vítima de uma arma de fogo apontada para si mostram que esse fato não aconteceu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.